Precisamos aprender a ser brasileiros como eles

Juíza Luciana Corrêa Tôrres de Oliveira¹

Tive o privilégio de ser convidada pela Força Aérea Brasileira e pelo Exército Brasileiro para uma visita institucional de três dias à Amazônia, com membros do Poder Judiciário e órgãos essenciais à Justiça.

Volto maravilhada! Mas o meu deslumbramento não decorre das belezas naturais da região, incontáveis e vistas por muitos por meio de fotografias, filmagens e até mesmo visitas àquela área.

O que me encantou foi a superação das dificuldades, a dedicação de homens e mulheres militares, os serviços prestados à Nação brasileira, ao povo humilde, carente e sofrido. Chegar à região conhecida como “Cabeça do Cachorro”, próxima à divisa do Brasil com a Venezuela (se olharmos no mapa do Brasil, a divisa faz um desenho parecido com uma cabeça de cachorro), numa base militar chamada Maturacá, somente foi possível pela ajuda da Força Aérea.

Lá se encontra instalado o 5º Pelotão Especial de Fronteira (PEF), isolado de tudo e de todos por causa da Floresta Amazônica. Porém, por mais distante que esteja do chamado “mundo civilizado”, o povo que lá reside, os Yanomamis, não estão esquecidos.

O Exército zela por eles e lhes provê educação, saúde, cidadania e uma sensação de pertencimento.

Em contrapartida, os tuxauas (chefes de tribos) ajudam na preservação e no patrulhamento do território. A interação e o carinho entre o Coronel no comando do 5º PEF e o Cacique Antônio, o respeito e a consideração entre os oficiais e os demais tuxauas e a preocupação em atender às necessidades da população indígena da região (cerca de 23 etnias), tudo isso traz imensa emoção, porque ilustra o verdadeiro significado da palavra “servir”.

É o que o militar faz. SERVE.

Para que as Forças Armadas estejam na fronteira, tudo se inicia com o sacrifício de deixar, por um longo período de tempo, a família e o conforto de uma vida em cidade, para ser alocado em um lugar remoto e rústico. Em seguida, vem o treinamento árduo, difícil e rigoroso e as incontáveis missões.

Mas ao olhar cada um deles, ou ouvir se expressarem, chega-se a apenas a esta conclusão: o sacrifício decorre da certeza de que o que importa é o País e suas necessidades e que vale a pena passar por todas as vicissitudes em prol da nação e de seu povo.

O orgulho de ser um cidadão, um brasileiro, se sobrepõe e sombreia as dificuldades e justifica a luta diária em prol de um bem maior: a soberania. Não se pode esquecer, também, de mencionar o bem que as Forças Armadas trazem à população residente nas proximidades de uma base militar.

É mais uma prova da aplicação do lema “servir”. Com os militares vem acesso à saúde, resgate e salvamento, educação, desenvolvimento e infraestrutura. E então eu me deparo com a “Oração do Guerreiro da Selva”, que em seus versos pede ao Altíssimo, “a sobriedade para persistir, a paciência para emboscar, a perseverança para sobreviver, a astúcia para dissimular, a fé para resistir e vencer”.

Tenho os olhos marejados de lágrimas com o canto do guerreiro que, em face da morte e na hora da dor, se fortalece na coesão da tropa; com o desprendimento do soldado; com a prontidão de sacrificar a própria vida em benefício da pátria; e com sua sinceridade e entrega ao cantar vigorosamente o Hino Nacional, declarando o comprometimento com a luta pelo País e o destemor da morte, se assim for preciso.

Tudo isso traz a reflexão o fato de que as Forças Armadas exercem um papel primordial para o País e que seu exemplo deve ser seguido por todos nós cidadãos brasileiros, pois nas forças militares exercita-se e vivencia-se o verdadeiro patriotismo.

E, assim, com humildade e gratidão imensa pela oportunidade de testemunhar a grandiosidade do serviço militar, peço licença para honrar as Forças Armadas com o brado do guerreiro: SELVA!!!

¹Juíza Luciana Corrêa Tôrres de Oliveira – Juíza de Direito do TJDFT. Titular da 2ª Vara de Execução de Títulos Extrajudiciais e Conflitos Arbitrais da Circunscrição Judiciária de Brasília.

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