Exemplo do amálgama – soldado indígena é combatente ideal para a Amazônia

O 1º Pelotão Especial de Fronteira (1º PEF) é um exemplo do amálgama que o Exército Brasileiro cultua desde Guararapes, quando brasileiros de diferentes etnias se uniram para expulsar o invasor estrangeiro.

Nossos brasileiros de etnia indígena atuam lado a lado com a Força Terrestre, na defesa da Pátria, missão constitucional do Exército e fundamental para manter a soberania do Brasil.

Conhecedores da selva, converteram-se no combatente ideal para uma região com as peculiaridades da Amazônia, com uma extensa fronteira e dificuldades logísticas exacerbadas.

Pensando nisso, no dia 1º de março de 2019, o Comando da Fronteira Amapá e 34º Batalhão de Infantaria de Selva (Cmdo Fron Amapá / 34º BIS) incorporou, em seu contingente de 187 recrutas do efetivo variável (EV), cinco soldados de origem indígena, da Aldeia Tiriyó.

Eles foram selecionados em novembro de 2018 por uma equipe da SSMR/8 (Belém/PA), que realizou recrutamento entre voluntários. Essa prática tem por objetivo, a cada ano, renovar a participação dos indígenas daquela região.

No corrente ano, foram incorporados os Soldados EV Cipriano Karihto Tiriyó, Amos Yzhma Kaxuyana Apalai, Elois Mayori Tiriyó, Elber Pino Kaxuyana Tiriyó e Gustavo Mosoku Tiriyó Kaxuyana.

Todos eles já se adaptaram à vida militar, que era um sonho desde criança. Atualmente, são sete militares da etnia Tiriós no 1º PEF (total de 12 com os incorporados em 2019).

O PEF está localizado na Terra Indígena do Tumucumaque, para a qual não há acesso por rios ou estradas. A área abriga cerca de dois mil índios e 50 militares do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira (FAB).

Tiriós pertence ao município de Óbidos (PA) e está a cerca de 10 km da fronteira com o Suriname, 594 km de Macapá (AP) e 940 km de Belém (PA). Seus moradores têm como dialeto o Tiryió e vivem do plantio, colheita, pesca e caça.

O Exército Brasileiro e a Amazônia

O Exército chegou à região pela primeira vez em 1928, por intermédio do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, Patrono da Arma de Comunicações. Como desbravador da fronteira oeste brasileira e da Amazônia, no final da década de 1920, em viagem de inspeção, Rondon estabeleceu o primeiro contato com os índios Tiriós.

Dez anos depois, a Comissão Brasileira Demarcadora de Limites, chefiada por Brás Dias de Aguiar, encontrou os índios Tiriós nas margens do Rio Paru do Oeste. A partir da segunda metade da década de 1940, começou uma série de contatos com garimpeiros e mineradores.

De 1959 a 1969, iniciou-se a chamada “fase missionária”, com a implantação do trinômio FAB-Missão-Índio, que aumentou o contato com os indígenas principalmente com a assistência provida pela FAB e a missão franciscana.

Em 1985, uma expedição composta de um grupo de militares do 2º Batalhão de Infantaria de Selva (Belém/PA) recebeu a missão de ir à fronteira do Brasil com o Suriname, na região próxima à aldeia dos Tiriós, tendo, então, implantado um destacamento.

Em 2002, iniciou-se a construção das instalações do Pelotão Especial de Fronteira (PEF) e, no ano seguinte, sua ocupação propriamente dita, nascendo o 1º PEF. Em 27 de dezembro de 2017, por determinação superior, o 1º PEF que estava sob o comando do 2º BIS, passou para o Cmdo Fron Amapá / 34º BIS.

Fotos: PRM 08/006

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