Ex-legionário francês está entre autores dos atentados de Paris, segundo EUA

O marroquino Abdelilah Himich, antigo legionário francês, é para os serviços secretos dos Estados Unidos um dos homens que da Síria – onde está desde o começo de 2014 – planejaram os atentados jihadistas de 13 de novembro de 2015 em Paris.

A informação, compilada pelo Centro de Análise do Terrorismo (CAT) e revelada pela revista americana "Sentinel", foi publicada neste domingo pelo jornal francês "Le Journal du Dimanche" por ocasião do primeiro aniversário desses ataques, nos quais morreram 130 pessoas e várias centenas ficaram feridas.

Himich, conhecido como "Aboy Souleymane", nasceu em Rabat em 1989, mas cresceu em Lunel, perto da cidade de Montpellier, no sul da França, de onde nos últimos anos saíram cerca de 20 jovens para integrar-se nas fileiras jihadistas que combatem na Síria e no Iraque.

O jornal francês indicou que a justiça da França o tem em seu ponto de mira nos processos referentes às redes terroristas de Lunel, mas por enquanto não recebeu informações dos Estados Unidos que permitam vinculá-lo com os massacres de Paris, nem com os de Bruxelas do último mês de março.

Em 2008 Himich se alistou na Legião Estrangeira, com a qual combateu no Afeganistão e inclusive recebeu várias condecorações antes de ser considerado desertor em 2010.

Em 2012 foi condenado na França por tráfico de drogas ao ser capturado com um quilo de cocaína, algo que não lhe impediu de trabalhar depois para duas empresas de segurança.

Dois anos depois viajou à Síria com outros jovens de Lunel para integrar-se na Frente al Nusra (então filial da Al Qaeda e atualmente denominado Frente da Conquista do Levante), antes de alistar-se no Estado Islâmico.

França recorda vítimas no primeiro ano dos atentados de Paris¹

Com sobriedade, a França relembrou, neste domingo (13), o primeiro aniversário dos atentados de Paris, em um dia solene, ao longo do qual foram inauguradas placas em memória das 130 vítimas do Estado Islâmico (EI).

Depois da reinauguração da sala de espetáculos parisiense Bataclan, com um show do cantor Sting, hoje, o presidente francês, François Hollande, liderou as cerimônias oficiais para honrar seus mortos. Há um ano, 90 pessoas morriam nesse estabelecimento.

Os eventos começaram às 9h locais (6h em Brasília), em frente ao Stade de France, onde Hollande descerrou uma primeira placa em memória de Manuel Dias: um português de 63 anos que faleceu a poucos metros do estádio, quando um suicida detonou seu cinturão de explosivos.

Depois de um minuto de silêncio, o filho da vítima, Michael Dias, leu uma mensagem, na qual recordou seu pai e fez um apelo pela tolerância.

"Não deixo de ouvir meu pai, que nos diz que não devemos viver com medo. Frente a esse medo de viver, de sair, devemos continuar avançando livres, sem nunca ceder a quem quer nos aterrorizar", declarou Michael, de 31.

Esse vibrante discurso foi o único pronunciado nas comemorações.

Também participaram do evento várias pessoas que ficaram feridas nas explosões que ocorreram nas imediações do estádio nacional, enquanto as seleções da França e da Alemanha disputavam uma partida.

Hollande, que estava presente no estádio naquela noite de 13 de novembro de 2015, falou durante 15 minutos com algumas das vítimas, entre elas um guarda do estádio que ficou confinado a uma cadeira de rodas.

Seguindo a ordem cronológica dos ataques, o presidente socialista, acompanhado do primeiro-ministro francês, Manuel Valls, e da prefeita de Paris, Anne Hidalgo, inauguraram em seguida outras placas perto de bares e restaurante no nordeste da capital, onde morreram 39 pessoas.

Ao cair da noite, milhares de pessoas depositaram 3.500 lanternas no canal Saint Martin, com mensagens de paz como "Nunca esqueceremos", "pensamos em vocês" e "bondade".

O arcebispo de Paris, cardeal André Vingt-Trois, presidiu uma missa em memória das vítimas na Catedral de Notre-Dame. Nele, felicitou os franceses por evitarem "uma guerra civil, uma guerra de religiões".

Neste domingo, o premiê disse à rede BBC que o estado de emergência será prolongado.

Não serão esquecidos

Olivier, de 28 anos, lutava para conter as lágrimas durante a cerimônia que aconteceu em frente ao bar Le Carillon e ao restaurante Le Petit Cambodge.

Ele foi baleado no braço e viu um amigo morrer. Neste domingo, acompanhou a mãe de seu amigo nas homenagens. "Tinha de vir apoiá-la", afirmou à AFP.

A última placa foi inaugurada diante do Bataclan, onde um comando radical invadiu atirando durante uma apresentação da banda americana Eagles of Death Metal.

"Foi uma cerimônia sóbria, digna e emotiva. Nunca pensei que ouvir os nomes das vítimas me afetaria tanto", disse Thierry, um dos sobreviventes, à AFP.

No sábado, a música voltou a soar na casa, com Sting, em uma emocionante apresentação, onde se fez um minuto de silêncio em homenagem às vítimas.

O show de Sting durou uma hora e meia e, depois das últimas notas de "The Empty Chair", vários espectadores se abraçaram, enquanto outros ovacionaram tanto a apresentação do cantor britânico quanto o renascimento desse estabelecimento.

Na casa, com capacidade para quase 1.500 lugares, reuniram-se sobreviventes e familiares das vítimas, além de várias autoridades.

Os mil ingressos colocados à venda na última terça-feira se esgotaram em menos de meia hora. Sting não cobrou pelo show, cuja renda será destinada a associações de vítimas do atentado.

Jesse Hugues, o vocalista do Eagles of Death Metal, assim como outro membro dessa banda, teriam tido sua entrada barrada pelas polêmicas declarações sobre a segurança do lugar em março passado, mas o agente do grupo desmentiu a notícia.

O programa oficial das homenagens terminou na prefeitura do distrito IX de Paris, onde dezenas de balões multicoloridos foram soltos em memória das vítimas. Caroline Langlade, da associação Life for Paris, pediu que "se dê tempo às vítimas para que se recuperem".

Entre los presentes nas homenagens, havia turistas estrangeiros, embora Paris e seus arredores tenham perdido cerca de dois milhões de visitantes este ano.

"Muitos japoneses não vêm mais a Paris por conta dos atentados, mas eu queria estar do lado da França", explicou Yoshihide Miwa, de 49.

¹com AFP

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