Entrevistas de ministros sobre terrorismo irritam governo

A demora na prisão dos dois últimos integrantes do grupo de 10 suspeitos de terrorismo nos Jogos Olímpicos do Rio que estavam faltando gerou uma "apreensão" no governo do presidente interino Michel Temer.

O Palácio do Planalto, em Brasília, sabe que esse fato poderá ser entendido como "perda dos alvos", que seria "a pior das mensagens" que se poderia passar para o mundo.

Outro fator de descontentamento no palácio foram as duas entrevistas concedidas pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e uma outra do ministro da Defesa, Raul Jungmann, durante o dia.

Os dois ministros, "erroneamente", de acordo com interlocutores do presidente, trataram, com desdém, os integrantes do grupo "Defensores da Sharia", classificando-os de "amadores" e "sem preparo".

Assessores presidenciais lembraram que pessoas que praticam atos terroristas não precisam de nenhum treinamento maior pois atentados como estes são executados por pessoas que primam pelo radicalismo e até desequilíbrio.

Também não foi bem recebida a insistência do ministro em dizer que o risco de atentado "é mínimo", quando ele deveria ter se limitado a falar das preocupações com o fato e da atenção que o governo está dando à questão.

Outra queixa foi o fato de Alexandre de Moraes dizer que o Brasil não é alvo, mas por causa da Olimpíada do Rio se transformou em palco de atentados.

Em relação a temas como este, na avaliação destes interlocutores, quanto mais falar, pior. A repercussão no mundo sobre estas prisões também deixou o governo preocupado.

Prisão de supostos terroristas não muda segurança para Olimpíada¹

Mesmo com a prisão de dez brasileiros ontem, suspeitos de planejar ações terroristas no país e de ligação com o grupo extremista muçulmano Estado Islâmico (EI), o planejamento da segurança para os Jogos Olímpicos Rio 2016 não será alterado, segundo o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, que participou de uma reunião do Comitê Executivo de Segurança Integrada Regional – Cesira/RJ, que já estava marcada antes da Operação Hashtag da Polícia Federal.

Segundo Beltrame, as forças de segurança do estado não participaram da operação nacional e não têm informações a respeito. "A reunião do Cesir de hoje já estava marcada, e mesmo com os integrantes de inteligência de âmbito estadual e federal que estão presentes na reunião, isso não trouxe e não muda de maneira nenhuma o quadro. Mas ainda estamos recebendo as informações da Polícia Federal. Ainda não temos todos os esclarecimentos e, mesmo que tivesse não teceria comentário sobre isso, porque precisamos efetivamente se preparar e antecipar esse fato"

Beltrame destacou que ações da inteligência não são comentadas, mas que seria "leviandade" afirmar que não há preocupação nenhuma com terrorismo. Ele lembrou que a segurança integrada tem um centro de inteligência em Brasília, onde estão atuando 50 policiais de outros países em conjunto com a Polícia Federal e a Abin, e que, até o momento, não há indícios de nenhuma ação terrorista no país.

O secretário garantiu que todo o planejamento para a Olimpíada está pronto, não será alterado e é fruto de um acúmulo de trabalho em grandes eventos desde 2007, como os Jogos Pan-Americanos, a Rio+20, os Jogos Mundiais Militares, a Jornada Mundial da Juventude, a Copa das Confederações, a Copa do Mundo, e agora a Olimpíada.

Reforços da Polícia Rodoviária Federal chegaram hoje ao Rio de Janeiro e até segunda-feira (25) chegam as demais forças esperadas para os jogos, quando começa a atividade operacional relativa à Olimpíada. De acordo com o secretário, os R$ 2,9 bilhões liberados pelo governo federal para o estado possibilitaram a retomada de ações de segurança como o Programa Estadual de Integração na Segurança (Proeis), Regime Adicional de Serviço (RAS) e o pagamento de horas extras, além de garantir um efetivo de 10.500 agentes da Polícia Militar por dia nas ruas para os Jogos Olímpicos.

Beltrame informou também que já pediu a presença da Força Nacional de Segurança para as eleições municipais de outubro.

¹com EBC

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