O terrorismo global como estratégia do “Estado Islâmico”

Os atentados terroristas em Bruxelas, em 22 de março, foram planejados e executados por jovens europeus treinados pelo grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI) na Síria.

A dimensão dos ataques e o alvo – a cidade-sede das instituições da União Europeia – chamaram a atenção para uma mudança de estratégia – ou, ao menos, de foco – do grupo extremista sunita: em vez da conquista de território, a proliferação de ataques terroristas pelo mundo.

Nos seus primórdios, o EI estava focado na conquista e manutenção de território em Estados enfraquecidos, como são o Iraque e a Síria, com o objetivo de formar um Estado – o Estado Islâmico.

Nesse sentido, era muito mais interessante para o EI que jovens europeus recrutados auxiliassem na conquista dos objetivos do grupo no Iraque e na Síria, ou seja, nos combates para ganhar território.

Mas, nos últimos meses, o "Estado Islâmico" vem perdendo terreno no Oriente Médio – militares ocidentais falam em mais de 30% desde o ápice, em meados de 2014. Os jihadistas perderam várias cidades importantes que estavam sob seu controle, como Palmira e Fallujah. Ofensivas militares contra Raqqa e Mossul estão sendo preparadas.

Além disso, as fontes de renda do grupo também caíram significativamente, em parte por causa da impossibilidade de cobrar impostos nos territórios perdidos, em parte por causa do baixo preço do petróleo.

Assim, salários de combatentes foram reduzidos pela metade, e o "Estado Islâmico" está tendo dificuldades para recrutar pessoal para a frente de batalha.

É diante dessa situação que a nova estratégia ganha força. Segundo o jornal britânico The Guardian, líderes do EI se reuniram na cidade síria de Tabqah nove dias antes dos atentados em Bruxelas. O tema era o futuro da organização.

O diário, que cita dois participantes anônimos da reunião, afirma que o "novo foco" era "exportar o caos para a Europa". E 200 militantes estavam prontos para receber ordens em todo o continente.

"Na essência, o EI passou a priorizar o controle de populações em detrimento da geografia. Ele não abandonou seu domínio sobre a ampla faixa que conquistou no Iraque e na Síria, às custas da soberania de cada um desses Estados, mas a área original que ele controla é agora menos importante que as sociedades distantes que ele pode influenciar", escreve o jornal.

Segundo o Guardian, a ênfase está em espalhar o caos na Itália, Bélgica, França, Alemanha e Reino Unido. Especialistas notam que a Bélgica, país europeu que tem a maior relação per capita de combatentes estrangeiros nas fileiras do "Estado Islâmico", está especialmente exposta a esse perigo.

Porém, os recentes ataques em Istambul e Bagdá mostram que a estratégia global do EI mira muito além da Europa.

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