Base de Apoio Logístico fortalece o Exército Brasileiro

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Wilson Aquino
 

Desde o feijão com arroz servido diariamente às tropas nos quartéis aos foguetes Astros, do Projeto Estratégico do Exército ASTROS 2020, todos os itens que abastecem a Força Terrestre passam por uma das sete Organizações Militares (OM) que constituem a Base de Apoio Logístico do Exército Brasileiro (BaApLogEx).

“A Base só não faz em logística do alfinete ao foguete, por uma razão muito simples: o alfinete não está na nossa cadeia de suprimentos. Se tivesse a gente faria”, disse o General de Brigada Ronaldo Barcellos Ferreira de Araújo, Comandante da Base de Apoio Logístico no Rio Janeiro.

Com apenas seis anos em atividade, a Base de Apoio Logístico nasceu para suprir uma lacuna no Exército Brasileiro, segundo o General Barcellos: “O nosso Exército é dividido em Regiões Militares, cada uma com suas demandas de suprimento e seus respectivos depósitos. Entretanto, não existia uma organização que apoiasse o Exército como um todo”.

Para atingir esta meta, a Base é responsável pela distribuição de equipamentos e suprimentos para os soldados em todo o país. O Brasil é o quinto maior país do planeta, com cerca de 8,5 milhões de km2, então, manter as tropas equipadas e supridas é um grande desafio. Enquanto conversava com Diálogo , por exemplo, o General esperava o retorno de um comboio de suprimentos de Porto Velho, Rondônia, a cerca de 3.500 km do Rio de Janeiro.

“Munição, armamento e alguns materiais que não estão disponíveis na Região Norte são adquiridos e entregues no Rio de Janeiro e transportados até lá”, disse.

A viagem do Rio à Região Norte, que leva de 30 a 40 dias, é feita oito vezes por ano. Cada comboio tem mais de 10 carretas, que vão entregando o material nas unidades militares situadas na rota. Ao chegar a Porto Velho, os suprimentos são transferidos das carretas para balsas, que seguem a viagem até Manaus, no Amazonas.

“E de Manaus [seguem] até a cidade de Barcelos, também no Amazonas”, contou o general.

Como a Base tem apenas seis anos de funcionamento e ainda não se consolidou, as inovações são transformadas em doutrina pela Divisão de Estudos Logísticos. O material levado de balsa para Manaus, por exemplo, antes seguia nas carretas.

“Isso demandava mais 15 dias de uma viatura [caminhão] embarcada”, exemplificou o General Barcellos, assegurando que nos dois últimos anos rodando o Brasil inteiro, esses comboios nunca se envolveram em acidente. “Isso é o mais importante: mostra que o nosso pessoal é bem formado e há sempre uma grande preocupação com a segurança.”

Suprimentos enviados para atender a MINUSTAH

No Comando da Base também fica a Divisão de Importação e Exportação, responsável pela liberação, nos portos e aeroportos, do material que vem do exterior. As exportações a partir da Base incluem equipamentos fabricados em outros países que necessitam de manutenção no exterior e dos suprimentos enviados para a Missão das Nações Unidas da Estabilização do Haiti (MINUSTAH).

“Todo patrimônio do Exército Brasileiro colocado no Haiti é de responsabilidade da Base. E não é pouco, não. A última vez embarcamos 36 viaturas novas”, disse o general, destacando que entregar tanto equipamento em outro país, em navio da Marinha Brasileira, é “projetar poder”.

“Quando colocamos uma gama de viaturas e armamentos a 5.000 mil km, com navios da nossa própria Marinha, isso significa: ‘OK. Esses caras têm capacidade de cumprir missão.’”

O trabalho da base é interconectado e flui naturalmente entre as sete OMs que pertencem à Base de Apoio Logístico.

“Por exemplo, todo armamento e munição comprados pelo Exército são entregues no Depósito Central de Armamentos, na Vila Militar, em Deodoro, no Rio de Janeiro, e no Depósito Central de Munição, em Paracambi, também no Rio”, disse ele. “Antes de os equipamentos serem distribuídos às Regiões Militares pelo Estabelecimento Central de Transporte, eles são testados pelo Batalhão de Manutenção de Armamento.”

A Base foi fundamental na Copa do Mundo de 2014

Uma das provas de fogo que a Base enfrentou recentemente foi a Copa do Mundo em 2014, realizada no Brasil. Como houve uma intensificação do emprego de tropas, o Primeiro Depósito de Suprimentos aumentou o seu apoio. Uma quantidade muito grande de novos armamentos e munição – nacionais e importados – foram istribuídos.

“Teve semana que nosso pessoal estava todos os dias nos portos e aeroportos”, disse o general.

O material (mira holográfica, espingardas Mosberg calibre 12, Projetor de Granada 37 mm) chegava, era rapidamente desembaraçado no porto, entregue no Depósito Central de Armamento. Lá, ele era conferido e redistribuído quase que imediatamente, muitas vezes até com aeronave.

Com uma carreira militar de 38 anos, o General de Brigada Barcellos prevê ao menos 90 dias de trabalho intenso também durante as Olimpíadas de 2016.

“Falo só da cadeira do Comandante da Base, mas sabemos que vamos ter que apoiar um efetivo bem expressivo de tropas que devem se deslocar para o Rio de Janeiro [devido às Olimpíadas]” , adiantou o General, que não descarta a hipótese de usar as armas e viaturas que estão sendo empregadas na Missão de Pacificação do Complexo da Maré.

“Tudo é feito em coordenação com o Comando Militar do Leste (CML). A gente se encaixa no planejamento deles,” disse. “Temos que apoiar as tropas antes e depois da mobilização. Não podemos tirar de uma vez milhares de homens do Rio de Janeiro, tem que devolver o material, as instalações… é outra operação”.

 

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