Juliana Gelatti
Diário de Santa Maria
Santa Maria deverá se tornar um centro de referência mundial em treinamento simulado. Em 2015, começará a ser construído próximo ao Centro de Instrução de Santa Maria (Cism), no bairro Boi Morto, o Centro de Adestramento e Avaliação-Sul (CAA-Sul), o primeiro de quatro que o país deve ter, para treinar os militares em diferentes situações usando simuladores de alta tecnologia.
Poucos países já têm centros de treinamento desse tipo, e Santa Maria terá o primeiro da América Latina. A primeira fase deve começar a funcionar em 2018 e, em 2025, o centro deve ficar pronto, entrando em funcionamento de forma completa e podendo receber até 1,5 mil militares para treinar.
O novo quartel da cidade será o maior do Exército na região, só menor do que a Base Aérea de Santa Maria (Basm). O investimento de R$ 500 milhões será aplicado na construção de mais de 30 prédios e na compra de equipamentos de tecnologia de ponta, que devem vir de diferentes países, já que, nos moldes do que o Brasil quer, existem poucos semelhantes:
– Não estamos copiando o modo de treinamento de nenhum país. Visitamos vários lugares, mas a nossa ideia é pegar o que cada exército tem de mais forte e implantar aqui. Nosso projeto precisará de diferentes empresas estrangeiras para pôr em prática, porque aqui, ninguém ainda conhece essa tecnologia – explica o coronel Giovany Carrião, responsável pelo projeto do CAA-Sul.
Carrião acrescenta que, para as fases finais do projeto, espera-se que já exista tecnologia nacional, também como fruto do convênio firmado no ano passado entre o Exército e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) para o desenvolvimento de simuladores. Além disso, as leis que regem as compras do Ministério da Defesa preveem que as empresas fornecedoras devem instalar-se no país, contratar brasileiros e fabricar pelo menos parte dos equipamentos aqui.
A lista de motivos para o Exército escolher Santa Maria para esse investimento é longa: o 2º maior efetivo militar do país, a presença dos blindados e da Basm são apenas algumas das razões. As universidades, o parque tecnológico, a Agência de Desenvolvimento de Santa Maria (Adesm) e a posição central no Estado também contribuem para justificar o investimento:
– Esse centro tem um enorme potencial para desenvolver a região. A demanda de profissionais que desenvolvam e trabalhem com essa tecnologia, e de empresas para fornecer os mais diversos tipos de produtos e serviços é gigantesca – afirma o tenente coronel Ádamo Colombo da Silveira, que também trabalha no projeto.
Investimento trará economia aos cofres públicos
A construção do novo quartel será anunciada nesta manhã, em evento para autoridades no Cism. Um dos mais de 30 prédios que farão parte do CAA-Sul já está em construção, pois foi planejado de forma independente e acabou sendo integrado ao projeto: o Simulador de Apoio de Fogo (Safo).
Conforme o coronel Carrião, os R$ 500 milhões que o Ministério da Defesa investirá no CAA-Sul deve ser compensado em no máximo dois anos, contando a economia que o Exército terá em combustíveis e munição. Para ter uma ideia, apenas um tiro com o blindado Leopard, que chegaram a Santa Maria em 2012, custa cerca de R$ 5 mil.
– Devem ser contratadas várias empresas para fornecer o que será necessário, e uma delas deverá gerenciar a instalação. Desde o ano passado já estamos recebendo empresas de países como Alemanha, França, Espanha e Israel, que vêm aqui interessadas nesse projeto, mas elas ainda não foram escolhidas. Ao sair do quartel, em seguida vão visitar universidades em busca de potenciais profissionais e conhecer a cidade – explica Carrião, reforçando as inúmeras oportunidades que serão abertas.