Pentágono ameaça autor de livro

O autor do livro que narra detalhes da operação de comando que resultou na execução de Osama bin Laden, em maio de 2011, está na mira do Departamento de Defesa dos Estados Unidos por ter revelado informações confidenciais. No easy day ("Um dia nada fácil", em tradução livre), lançado ontem, mas do qual alguns trechos foram antecipados pela imprensa americana, é o relato de um ex-integrante do Seal, unidade de elite da Marinha, sobre a invasão da casa-fortaleza onde o líder da Al-Qaeda se refugiava no Paquistão. Preservado pelo pseudônimo de Mark Owen, o militar contraria a versão oficial, segundo a qual o "inimigo no 1" dos EUA teria sido morto numa troca de tiros — de acordo com Owen, Bin Laden teria sido ferido na cabeça e recebido "tiros de misericórdia".

"Acreditamos que há informações confidenciais no livro", afirmou o porta-voz do Pentágono, George Little. Indagado sobre se o governo pretende abrir processo contra o autor, Little disse apenas que "todas as opções" estão sendo analisadas. "Todos os caminhos legais estão disponíveis. Não vou dizer o que podemos ou não decidir", acrescentou o porta-voz. Ele não quis confirmar versões da imprensa que identificam o autor como Matt Bissonnette.

Do ponto de vista do Pentágono, argumentou Little, o autor violou o acordo de confidencialidade que havia assinado antes de deixar o serviço ativo e errou ao não apresentar os manuscritos às autoridades, antes da publicação. Segundo determinações oficiais, os militares reformados que queiram publicar livros sobre suas experiências devem entregar os manuscritos às autoridades para que verifiquem se o conteúdo revela informações consideradas sensíveis para a segurança nacional.

A localização e eliminação de Bin Laden é considerada um dos grandes êxitos do governo Barack Obama, alcançada meses antes do 10o aniversário dos atentados de 11 de setembro contra Nova York e Washington. A editora Dutton, que lançou o livro, apresenta a obra como "um relato em primeira mão" dos acontecimentos na madrugada de 2 de maio de 2011 em Abbottabad, no Paquistão. "Owen foi um dos primeiros homens a entrar pela porta do terceiro andar do esconderijo do líder terrorista e estava presente no momento de sua morte", diz um comunicado da editora. O relato é assinado em parceria com a jornalista Kevin Maurer, que cobriu operações das forças especiais americanas durante nove anos.

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