Nota
Para texto em inglês acesse:
SisGAAz Exclusive – Three Main Contractors, assemble! Link
O Editor
Nelson Düring
Editor-Chefe DefesaNet
No dia 19 de Janeiro 2015, na Diretoria de Gestão de Programas Estratégicos da Marinha foi oficializado as “Main Contractors” e os respectivos consórcios para a participação no Programa Estratégico da Marinha do Brasil, o Sistema Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz).
Embora muitas as solicitações e contatos de DefesaNet à Marinha do Brasil, tanto para Diretoria de Gestão de Programas Estratégicos da Marinha (DGePEM), como para o Centro de Comunicação Social da Marinha (CCSM), não responderam às nossas solicitações.
Em pesquisa com muitas fontes trazemos com exclusividade aos leitores as informações, que estão corretas segundo a redação de DefesaNet pode verificar .
A apresentação trouxe uma certeza a presença das duas gigantes nacionais:
– EMBRAER Defesa & Segurança (EDS), e,
– ODEBRECHT Defesa e Tecnologia (ODT).
E uma grande surpresa, pois a empresa não aparecia em muitas listas preliminares como candidata a Main Contractor, tendo se candidatado em uma segunda chamada do DGePEM:
– a empresa ORBITAL Engenharia, com sede em São José dos Campos (SP).
As informações sobre os consórcios ainda é muito preliminar, pois muitas empresas aparecerão quando as soluções tecnológicas forem requeridas.
Assim no momento, com as informações obtidas por DefesaNet estão compostos assim os consórcios:
1 – EMBRAER Defesa & Segurança (EDS) – Listou principalmente as empresas suas controladas: BRADAR, ATECH e VISIONA. Assim como no SISFRON deverá participar a AEL Sistemas e a empresa MEDAV (subsidiária da SAAB). O consórcio SAVIS (responsável pela implantação do Projeto Sistema Integrado de Vigilância da Fronteira – SISFRON), ajudou a elaborar a proposta da EDS. A Airbus Defence & Space, também está associada à EDS com satélites de vigilância.
2 – ODEBRECHT Defesa e Tecnologia (ODT) – tem como sua parceiras a MDA Canadense-americana (radares), a espanhola INDRA e a sueca SAAB.
3 – A ORBITAL Engenharia tem como parceira o grupo chinês China Aerospace Science and Industry Corporation (CASIC). (ver texto abaixo)
DefesaNet obteve a informação de que a israelense IAI participará com algumas soluções tecnológicas em um dos consórcios.
Surpresa, ou talvez não, foi a ausência dos consórcios ligados às empreiteiras:
– Andrade Gutierrez Defesa & Segurança com a proposta formulada pela empresa RUSTCON;
– Queiroz Galvão Defesa consorciada com as americanas Lockheed Martin e Rockwell Collins.
Também constavam a ENGEVIX Sistemas de Defesa e Tecnologia e a IESA Óleo e Gás S.A. Anteriormente a OAS DEFESA já tinha anunciado a sua retirada das atividades de defesa.
A não participação de Andrade Gutierrez Defesa & Segurança foi inclusive decidida momentos antes da entrega da documentação.
O Processo
O desenho do processo do SisGAAz formulado pela Fundação EZUTE tem como elemento chave a figura do “Main Contractor”. A definição abaixo é dada no próprio RFP apresentado pela Marinha do Brasil em Janeiro de 2014:
“MAIN CONTRACTOR (Contratante Principal)– Entidade responsável perante a Gerência de Projetos da Marinha do Brasil (GPMB), pela coordenação e execução dos trabalhos de desenvolvimento e integração dos sistemas componentes do SisGAAz, produzidos pelasFornecedoras de Sistemas do Programa SisGAAz (FSIS).”
Dois elementos chaves para ser um “Main Contractor”:
– Capital de 150 Milhões de Reais (do Main Contractor ou composição dos participantes do consórcio), e,
– Ser credenciada como uma Empresa Estratégica de Defesa (EED).
Caberá ao Main Contractor os interfaces com a MB / Fundação EZUTE / EMGEPRON e o gerenciamento das Fornecedoras de Sistemas do Programa SisGAAz (FSIS).”
O que é o SisGAAz
O SisGAAz pertence à classe de “Sistema de Sistemas”, sendo composto por um conjunto de subsistemas integrados para coletar, compartilhar, analisar, apresentar informações operacionais e disponibilizar um conjunto de recursos de apoio à decisão.
Sendo assim, subsistemas novos e já existentes serão arranjados em um esquema de interoperabilidade, de modo a prover a melhor combinação de informações, recursos de auxílio à decisão e tomada de providências para cada situação prevista.
Ele será composto por meios operacionais da MB e por diversos sensores, que irão integrar redes de informações e mecanismos de apoio à decisão. Esse sistema terá uma série de subsistemas e equipamentos, entre eles, navios, aeronaves, redes de dados, satélites e veículos submarinos e aéreos não tripulados.
O SisGAAz poderá, no futuro, ser integrado a outros sensores e sistemas, tais como o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), do Exército Brasileiro, e o Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), da Força Aérea Brasileira.
Nota DefesaNet – Para uma descrição mais ampla so SisGAAz veja a matéria:
SisGAAz – Um projeto ambicioso Link
A ORBITAL ENGENHARIA
A surpresa entre as duas gigantes como Main Contractors, é a empresa de São José dos Campos, ORBITAL ENGENHARIA. A ORBITAL tem realizado vários trabalhos importantes na área espacial brasileira, sendo o mais relevante o desenvolvimento do Motor-Foguete a Propelente Líquido em parceria com IAE – Instituto de Aeronáutica e Espaço. O Motor-Foguete a Propelente Líquido foi testado em 01 Setembro de 2014.
Em Agosto de 2014 a ORBITAL Engenharia, firmou Acordo de Cooperação no setor aeroespacial com a China Great Wall Industry Corporation (CGWIC) e com o Shanghai Institute of Space Power Sources (SISP).
A empresa foi a primeira do país, até então, a assinar parceria com instituições chinesas. O acordo foi fruto da rodada de negociações realizada na China entre empresas brasileiras e chinesas promovida com o apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB), em dezembro de 2013, quando do lançamento do quarto satélite do programa Satélite Sino-Brasileiro de Sensoriamento Remoto (CBERS).
Aproveitando este entendimento a ORBITAL Engenharia associou-se para o SisGAAz com o grupo chinês China Aerospace Science and Industry Corporation (CASIC). Empresa criada dentro da reorganização do setor de defesa da China nos anos 90. Tem um portfólio de produtos que vão de mísseis Terra-Ar tipo MANPADS a satélites e sistemas eletrônicos avançados.
O Futuro do SisGAAz
A consolidação da Base Industrial de Defesa Brasileira com a presença dos dois gigantes EMBRAER Defesa & Segurança e a ODEBRECHT Defesa e Tecnologia é o lógico. O resultado dos SisGAAz terá um impacto no futuro das duas empresas.
A presença da ORBITAL ENGENHARIA como um “outsider” ao contrário de uma primeira análise simplista, de que veio para competir, merece uma avaliação criteriosa.
A associação com poderoso grupo chinês ligado a governo, em um projeto que na primeira fase, tem pesados investimentos chineses. A China fez um empréstimo de U$ 10 Bilhões de Dólares, em 2009, à Petrobras, que estão sendo pagos com petróleo extraído do Pré-Sal.
São quatro as empresas chinesas que já operam na costa brasileira, as petroleiras: CNPC, CNOOC, SINOPEC e SINOCHEM.
A Petrobras estuda “desenvestimento” (venda de participação), também em áreas de exploração no Pré-Sal. Se as empresas chinesas participarem poderão chegar a 30 e 40 campos, dos atuais 20 campos.
A decisão
A Marinha do Brasil informou aos “Main Contractors” o novo cronograma. Em Março as empresas deverão apresentar as suas propostas à Gerência de Projetos da Marinha do Brasil (GPMB), Acredita-se que a MB suprima a etapa de indicação de short-list.
A meta permanece ainda de ter uma decisão final em 2015, porém fontes consultadas por DefesaNet acham difícil o contrato ser assinado anda em 2015.
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