Apresentado o protótipo do AK-12, o eventual substituto do AK-74 nas FFAA Russas

Alexandre Beraldi

Especial para DefesaNet

A empresa Izhmash apresentou o protótipo do AK-12 (Avtomat Kalashnikova, 2012), fuzil que eventualmente substituirá o AK-74 em suas diversas variantes atualmente em uso nas forças armadas da Rússia. Foi noticiado que a arma virá em duas versões, uma leve e outra pesada, tal e qual tem se mostrado esta nova tendência de desing de fuzis de assalto para as forças armadas atuais, como no caso do FN SCAR-L  e SCAR-H, O HK416 e HK417, e até o IMBEL IA2. O novo fuzil russo em sua versão leve será disponibilizado nos calibres 5,56x45mm OTAN, 5,45x39mm M74 e 7,63x39mm M43, ao passo que a versão pesada será disponibilizada na versão 7,62x51mm OTAN e, muito provavelmente, no novo calibre 6x49mm russo, ainda mantido sob a cortina do segredo, que provavelmente será o novo calibre militar padrão da Rússia, substituindo inicialmente o 7,62x54R.

O novo fuzil de assalto mantém as características mecânicas de funcionamento da linha Kalashnikov, com um sistema de recuo longo do êmbolo de gases solidário ao transportador do ferrolho acionando um ferrolho rotativo. Neste protótipo, o sistema de balanceamento de recuo do AK-107/108, que inicialmente seria adotado no AK-12, não foi instalado. Uma série de mudanças que visam primariamente uma melhor ergonomia e a modularidade da arma foram observadas, tais como:

 

1)    Alavanca de manejo ambidestra, solidária ao êmbolo de gases, que pode ser instalada no lado esquerdo ou direito do fuzil: esta é uma significativa mudança, apta a acelerar consideravelmente o remuniciamento. Normalmente a customização número um feita por aqueles que utilizam armas da família Kalashnikov em competições em que o remuniciamento rápido é um fator importante, esta modificação típica dos esportes de tiro é trazida para o meio militar.

2)    Seletor de disparo ambidestro com as posições seguro, fogo semi-automático, fogo automático controlado limitado a três disparos (burst) e fogo automático, sendo este operável sem que se tenha que soltar a empunhadura: o maior problema da família AK em termos ergonômicos sempre foi a necessidade de soltar a empunhadura da arma para destravá-la o mudar seu regime de tiro. Não mais no AK-12.

3)    Empunhadura ergonômica: uma nova empunhadura de desenho mais anatômico é utilizada, deixando de lado o modelo anterior que tinha um desenho que se afilava em direção à sua extremidade inferior, dificultando o posicionamento adequado, firme e constante da mão forte, bem como a retenção da arma.

4)    Janela de ejeção menor, garantindo maior segurança aos atiradores canhotos contra cápsulas ejetando em padrões inesperados, sopro de gases ou ignição de pólvora incombusta no interior da caixa de culatra.

5)    Coronha rebatível ajustável, para um melhor posicionamento de atiradores de diversas estaturas, com diversos tipos de vestes, proteções balísticas ou EPI’s, e para facilitar o emprego a partir de posições de tiro incomuns.

6)    Tampa de desmontagem da caixa de culatra melhor afixada à estrutura principal da arma, não sendo mais destacável, mas sim dobrável. Esta modificação faz com que a tampa da caixa de culatra, quando fechada e travada, não mais oscile, permitindo a fixação de equipamentos óticos de pontaria sobre a mesma, através de uma interface do tipo trilho Picatinny. O fato de ela estar presa por uma dobradiça à frente e uma trava dentada à retaguarda garante a rigidez necessária, sem existir mais a necessidade de recorrer à montagem lateral de grandes e pesados suportes para equipamentos óticos. Um efeito colateral positivo é que isto permitiu a colocação da alça de mira na parte posterior da caixa de culatra, mais atrás, aumentando significativamente a distância entre massa e alça de mira (sight radius), favorecendo a precisão quando empregando as miras mecânicas.

7)    Trilhos Picatinny espalhados por todos os lados: acima da caixa de culatra; acima, abaixo e nas laterais do guarda-mão; e até sobre o bloco do evento de gases.

8)    Um freio de boca/compensador no diâmetro padrão da OTAN (22mm), que permite o uso de granadas de bocal.

9)    Um cano com um novo raiamento, que extrai melhor precisão da munição.

Em resumo, o protótipo do AK-12 apresentado parece trazer o famoso Kalashnikov para o século XXI, com as mudanças necessárias para torná-lo ao menos equivalente ao que é atualmente produzido nos arsenais ocidentais. Resta aguardar a apresentação da versão definitiva para as forças armadas russas, a versão de produção para consumo interno do novo fuzil de assalto, que pode guardar outras melhorias, como o sistema de balanceamento de recuo para fogo automático controlado, e quem sabe, um novo calibre.

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter