MPF diz que vai pedir mudança de comando da PM em até 3 dias

BRUNO RIBEIRO

Cerca de 300 pessoas participaram ontem de audiência pública na sede do Ministério Público Federal em São Paulo. No encontro, marcado por embates entre familiares de vítimas da violência policial, policiais da reserva e representantes de associações da Polícia Militar, o procurador Matheus Baraldi confirmou a notícia antecipada ao Estado anteontem de que vai propor, "em três dias", uma ação civil pública à Justiça Federal pedido o afastamento do comando da PM do Estado por causa dos recorrentes casos de mortes praticados por policiais.

O argumento do procurador para o pedido é o "descontrole" que o comando vem apresentando sobre a tropa. Ele exemplificou casos recentes de homicídios cometidos pela PM, mas não disse a data exata da entrada da ação nem especificou que pessoas do "comando" da PM precisam ser afastadas.

Baraldi também vai enviar representação ao procurador-geral da República pedindo acompanhamento, por um ano, das atividades das polícias de São Paulo no que se refere às ações de combate à criminalidade e às investigações de homicídios. "O que me chamou a atenção para tomar essa medida foi a violência por mero prazer por parte dos PMs. O governo precisa resolver isso imediatamente", disse o procurador.

A audiência teve participação de associações como a Mães de Maio, que concentra parentes de pessoas executadas em ações com suspeita de participação de policiais. Uma das fundadoras da organização, Débora Maria da Silva provocou vários gritos de apoio entre os presentes. "A bala que mata meu filho é paga com o dinheiro do meus impostos", disse.

Já os discursos de policiais que hoje atuam como parlamentares, como o deputado federal Coronel Paes de Lira (PTC), fizeram surgiu bate-bocas na plateia em diversas ocasiões.

Entre os participantes estavam pelo menos oito policiais militares que ficaram paraplégicos depois de serem feridos em trabalho. Eles foram lembrados como vítimas da violência de criminosos armados que também matam os PMs.

O procurador Matheus Baraldi pediu que as denúncias de homicídios feitas na audiência e que não tiveram "investigação correta" sejam repassadas para ele, para que os inquéritos sejam transferidos para a Justiça Federal. O primeiro caso que deve ter esse tratamento é a morte de dois adolescentes de 17 anos ocorrida em novembro em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Há denúncia de execução por parte de policiais. O inquérito do caso, segundo o advogado Ariel de Castro Alves, presidente da Fundação Criança de São Bernardo, está "desaparecido" e os policiais suspeitos estão livres.

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter