Ana Maria Campos
Daniela Garcia
Leonardo Cavalcanti
As manifestações dos últimos dois meses pelo Brasil fizeram com que o Palácio do Planalto e o Ministério da Defesa mudassem o roteiro tradicional do desfile do Sete de Setembro na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Membros dos dois órgãos se reúnem, hoje, para decidir detalhes de segurança e infraestrutura do evento. O tempo da apresentação será reduzido em pelo menos 15 minutos para evitar a exposição de autoridades políticas, principalmente a presidente da República, Dilma Rousseff, além de civis e militares que participarão da parada. As alterações são preventivas, diante de publicações nas redes sociais que convidam a população para protestar contra causas diversas, na data de comemoração da independência do Brasil.
No mesmo dia do desfile, previsto para começar às 8h45 e terminar às 10h30, ocorre o jogo de futebol entre as seleções do Brasil e Austrália, às 16h15. Para integrantes do setor de segurança responsável pelos eventos da data, o momento cívico é mais preocupante do que a partida de futebol. Nas redes sociais, manifestantes convocam os torcedores que compraram ingressos a ocupar o Estádio Mané Garrincha, assim que a disputa em campo terminar. No entanto, a equipe duvida que ocorrerá um protesto vindo das pessoas que pagaram ingresso para assistir ao jogo de futebol. Membros do grupo afirmam que não haverá problemas na segurança dos torcedores, e que a partida será a chance de mostrar à Fifa que Brasília tem condições de receber os jogos da Copa do Mundo de 2014.
A preocupação da segurança do evento está fora do estádio e principalmente na Esplanada dos Ministérios. Um dos principais motivos é que Brasília foi uma das primeiras capitais a enfrentar manifestações com queima de pneus, em junho, na véspera do jogo da Copa das Confederações, entre o Brasil e o Japão. Depois disso, os protestos se voltaram para a região da Praça dos Três Poderes. Em uma ocasião, centenas de pessoas chegaram a subir no teto do Congresso Nacional, além de tentar invadir o Palácio Itamaraty. As ações ficaram marcadas pelos confrontos entre policiais e manifestantes e resultaram em dezenas de feridos.
O desfile do Sete de Setembro já conta, historicamente, com a manifestação pacífica do Grito dos Excluídos, organizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Neste ano, outras organizações prometem invadir as ruas de Brasília e de outras capitais. Autoridades do governo temem que nesses grupos ocorra a intervenção dos chamados Black Bocs, em que seus integrantes se vestem de preto, escondem os rostos com máscaras, enfrentam a polícia e quebram vidraças, o que descrevem como uma performance simbólica para desafiar o sistema.
Medidas de segurança estão sendo estudas por membros do núcleo de inteligência do governo. Pela primeira vez, a organização pode vetar a participação de crianças no desfile. Na Esplanada, já estão sendo instalados alambrados para proteger a passagem dos participantes do desfile. A medida já foi tomada no ano passado com receio de atos violentos. Além disso, o desfile da Independência sempre teve duas horas de duração. Neste ano, a previsão é de que o evento transcorra em 1h45. As arquibancadas e os palanques têm a capacidade de receber 24 mil pessoas, mas milhares costumam se reunir por trás dos alambrados.
Estados
Também estão marcadas manifestações nas principais capitais do país. Os eventos têm sido chamados de “Operação 7 de Setembro”. Em Belo Horizonte, por exemplo, o Exército descartou ontem a participação de crianças no desfile e reduziu de duas horas para 40 minutos a duração da parada. A segurança na capital também já estuda uma rota de fuga, para evitar confrontos com protestos.
15 minutos
Tempo que o desfile será reduzido