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Os Falsos Anarquistas e as Máscaras da Impunidade

Eduardo de Olveira Fernandes
Major da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Mestre em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, Professor de Ciência Política, Políticas Públicas e Sociologia da Violência, Fenomenologia da Violência e do Crime, História da Violência no Brasil e palestrante sobre Criminologia, Terrorismo e Organizações Criminosas. É autor do livro “As ações terroristas do crime organizado”, São Paulo, Livrus, 2012.

 
Os signos e simbolismos que compõem a comemoração do Dia da Pátria no Brasil, sofreram de certa forma, os efeitos da tão aludida e comentada “voz das ruas”. Em alguns casos de forma pueril e, na maioria das vezes, baseada nos códigos da violência, as manifestações do dia 7 de setembro grassaram o território nacional, independentemente do matiz ideológico ou político dos governos dos Estados.

Nos casos mais agudos, repetiu-se o já conhecido expediente do uso da violência por parte dos manifestantes e a consequente reação da polícia, constituindo-se, mais uma vez, em uma mistura explosiva para o universo da ordem pública.

Incorporados como apêndices das grandes massas de manifestantes e, ao mesmo tempo, protagonizando o ápice e ocupando o epicentro dos principais conflitos, táticas e movimentos de grupos como os Black Block repetiram os mesmos expedientes baseado na reprodução do ódio, da violência, da intolerância, da depredação do patrimônio público e privado , do desrespeito ao direito de ir e vir e do enfrentamento da autoridade legalmente constituída.

Auto-intitulados de anarquistas, refratários dos partidos políticos e da lei, esse pretenso grupo de anarquistas – em sua maioria de ascendência pequeno burguesa – ocupa as ruas para lançar mão de uma ação midiática contra autoridade política e policial, o direito de propriedade e todo o mecanismo de exercício de poder, tendo antes, porém, estacionado seus veículos em locais diversos das manifestações e portando, além de suas emblemáticas máscaras, grifes de marcas requintadas que poderiam facilmente ser vistas nas vitrines do Circuito Elizabeth Arden.

Falsos herdeiros de Proudhon e Bakunin, os operadores do Black Block ao se esconderem da sua pretensa responsabilidade penal, social e política, agem ao arrepio da lei e, salvo melhor juízo, deveriam ser enquadrados como integrantes de organizações criminosas, gangues, maras e pandillas, pois é certo que não dispõem de qualquer legitimidade e identidade daqueles que julgam representar, ou seja, uma grande maioria que precisa trabalhar, estudar, progredir.
 
Porém, de forma totalmente contraditória, esses supostos anarquistas, quando são abordados e identificados pela Polícia, agarram-se à fragilidade das leis brasileiras com o fulcro de tirar proveito de sua leniência, legislação esta que tanto é criticada e questionada, inclusive nas manifestações, expediente este tão comum à classe política corrupta e aos criminosos de colarinho branco.

Sem apego a uma ideologia e tampouco a qualquer conceito de ética ou moral, nenhum integrante do Black Block ou organização congênere pretende agir de forma heróica, pelo que não se vê nenhuma possibilidade de martirização ou suicídio altruísta como previa Durkheim.

Divorciados que são da sociedade, restam aos falsos anarquistas vestirem as suas máscaras da impunidade e empunharem todo e qualquer tipo de instrumentos contundentes ou perfuro – cortantes para destruírem o patrimônio público e privado, com a salvaguarda de seu criminoso anonimato.

Para os demais segmentos da sociedade, que saem às ruas de cara limpa, resta contar com a Polícia – sempre criticada, mas sempre diligente – para tentar garantir o seu direito de ir e vir, patrimônio, segurança pública e quem sabe poder comemorar o Dia da Pátria.
 

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