Coronavirus ataca Netuno

CORONAVÍRUS ATACA NETUNO

 

B. V. Dagnino

 

Ambientes confinados como navios são alvos fáceis do novo coronavírus. Tanto navios de guerra como mercantes foram atingidos. Certamente os problemas mais graves aconteceram com transatlânticos, pelo número de passageiros transportados e as dificuldades para isolá-los e dessa forma evitar a disseminação do COVID-19.  Como não poderia deixar de ser, plataformas de petróleo também tiveram seu pessoal atingido.

Além disso, muitos portos de destino recusaram a atracação de navios com pessoas contaminadas, alguns dos quais até com corpos de vítimas fatais a bordo. Esse foi o caso do Zandaam da Holland Line que, tendo países da costa do Pacífico proibido a escala do navio, foi obrigado a atravessar o Canal do Panamá e tentar atracar em Fort Lauderdale na Florida, onde mais uma vez não foi dada permissão, permanecendo ao largo da costa. A solução momentânea foi enviar outro navio da empresa, o Rotterdam, para apoio médico.

Muitos outros transatlânticos tiveram problemas semelhantes. Isso obrigou as empresas proprietárias dos navios a suspender os cruzeiros programados, causando a elas e às empresas de turismo consideráveis prejuízos.

 

O Comandante do USS Theodore Roosevelt Captain Crozier

O caso mais rumoroso em Marinhas de Guerra foi o do navio-aeródromo a propulsão nuclear Theodore Roosevelt da U. S. Navy. Detectada a contaminação de 710 dos 5.000 tripulantes com um morto, o navio se dirigiu para a Ilha de Guam tendo o comandante, Captain Crozier, dirigido correspondência ao Secretário da Marinha. O problema é que seu teor vazou, e por causa disso ele foi demitido.

Com pronunciamento desastrado referindo-se de forma imprópria ao comandante do referido Secretário, seu chefe imediato, foi demitido pelo Secretário da Marinha. O fato teve grande repercussão nacional e até internacional, especialmente porque a tripulação do navio apoiou o comandante, que desembarcou aplaudido pelos seus ex-subordinados.

 

Cerca de outras dez unidades da Marinha dos EUA sofreram com a contaminação, inclusive mais dois navios-aeródromos e dois navios-hospitais. Sabe-se que foram 26 navios de um total dos 297 da esquadra americana. Mais de 3.500 militares foram infectados, com duas vítimas fatais.

Outro navio-aeródromo que teve também o problema foi o francês Charles de Gaulle, onde mais de 1.000 praças foram vítimas da pandemia.  Dentre eles, 20 foram hospitalizados, sendo um em estado grave, informou o Ministério da Defesa. A contaminação ocorreu após escala em Brest, no litoral norte francês, onde 50 pessoas subiram a bordo. 1.900 tripulantes foram desembarcados em Toulon e colocados em quarentena.

Submarino Russo Orel K-266

Dois submarinos foram também atingidos, um deles o russo Orel K-266, sendo a contaminação devida a subida bordo de um civil. A unidade, a propulsão nuclear equipada com mísseis pertence à classe Oscar – II e pertence à Frota do Norte, baseada na Península de Kola.

O outro submarino foi o holandês Zr. Ns. Dolphin, que se encontrava no litoral da Escócia e teve que regressar à base de Den Helder porque tripulantes apresentaram sintomas de contaminação pelo COVID-19. Dos 15 que apresentaram leves sinais de gripe, 8 estavam contaminados. Após o desembarque para permanência em quarentena o navio foi desinfectado por empresa especializada.

As Marinhas da Bélgica (fragata Leopold I da classe Karel Doorman) e de Taiwan (navio de apoio Panshi) também tiveram navios contaminados.

Dentre as ações preventivas para evitar a contaminação em espaços confinados como navios pelo vírus as seguintes são recomendadas:

– proibir a subida a bordo de qualquer pessoa com suspeita da doença;

– caso seja detectada alguma pessoa suspeita de contaminação a bordo, submetê-la a exame por médico ou enfermeiro, se houver, em local isolado e se possível com circulação de ar, com os profissionais de saúde utilizando equipamentos de proteção individual apropriado;

– mantida a suspeita com base nos sintomas, isolar a pessoa afetada imediatamente e informar ao comando da embarcação para as devidas providências, dependendo se a embarcação se acha navegando, quando deve ser tentado acesso a serviço de telemedicina, ou no porto;

– rastrear as pessoas que tiveram contato com o suspeito, avaliar seus sintomas e proceder da mesma forma que com o suspeito inicial;

– confirmada a suspeita com base em teste ou exames mais aprofundados, coordenar com as autoridades locais, armador e comando naval o desembarque ordenado dos tripulantes e/ou passageiros afetados e dos demais para local apropriado, onde permaneceriam em quarentena, e,

– promover a completa desinfecção do navio por empresa especializada e formalmente autorizada e registrada, empregando profissionais especializados utilizando EPIs e equipamentos adequados.

Um caso funesto em que essas regras foram desrespeitadas numa escala inconcebível ocorreu na Austrália, com o navio de cruzeiro Ruby Princess, que desembarcou passageiros em Sydney sem qualquer controle. Estima-se que cerca de 10% dos 6.600 das infecções no país foram causadas por contaminação por esses turistas, sendo que 3% faleceram.

 

 

Adestramento para desinfecção de instalações é realizado no Navio-Patrulha “Gravataí”

Publicado 24 Abril 2020

mar.mil.br

Militares do Grupamento de Fuzileiros Navais de Salvador (GptFNSa), treinados em procedimentos de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica realizaram, no dia 24 de abril, um adestramento para desinfecção de instalações. A ação ocorreu a bordo do Navio-Patrulha “Gravataí”, meio operativo subordinado ao Comando do 2° Distrito Naval, sediado em Salvador-BA.

 

O adestramento contou com a participação de 20 militares, que receberam instruções sobre a utilização correta dos equipamentos de proteção individual e sobre os protocolos para desinfecção de instalações.

 

A ação, coordenada pela Força Naval Componente, subordinada ao Comando Conjunto Bahia, está inserida no contexto da Operação “Covid-19”, do Ministério da Defesa.

 

Equipe de Defesa NBQR embarca no Navio-Patrulha “Gravataí”

Militares realizam desinfecção a bordo do Navio-Patrulha “Gravataí”

 

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