Fonte – Petronotícias
A história não é nova. Mais um grande grupo de engenharia brasileiro entra com pedido de recuperação judicial, após meses tentando resolver problemas financeiros sérios. O cenário é bem parecido com o apresentado por outras companhias que trabalham para a Petrobrás e vinham tendo grandes dificuldades de relacionamento com a estatal. É a confirmação do legado mais forte que a presidente da Petrobrás, Graça Foster, vai deixar de sua administração.
Nunca na história da engenharia brasileira tantas empresas quebraram ou estão em gravíssimas dificuldades financeiras em consequência de uma administração da estatal que insiste em represar os pagamentos dos seus claims e produzir desempregos em toda cadeia de fornecimento do petróleo. Dessa vez foi o grupo Inepar, que controla a Iesa. O Conselho de Administração do grupo decidiu entrar com pedido de recuperação judicial referente a Iesa Óleo e Gás, Inepar Equipamentos e Montagens, Iesa Projetos, Inepar Indústria e Construções, Inepar Telecomunicações, Inepar Administração, Iesa Transportes, Sadefem e TT Brasil. Os pedidos foram feitos em caráter de urgência.
Impetrado na comarca de Araraquara, São Paulo, a medida visa, segundo comunicado da empresa, proteger o valor dos ativos das sociedades, atender de forma organizada e racional aos interesses da coletividade de seus credores, na medida dos recursos disponíveis e, principalmente, manter a continuidade das atividades.
A Iesa Óleo e Gás já vinha sofrendo há algum tempo, basta lembrar as dificuldades passadas para a construção de módulos de compressão de gás para oito plataformas para o consórcio Tupi BV, liderado pela Petrobrás, feitos em Charqueadas, no Rio Grande do Sul. Os funcionários chegaram a paralisar suas atividades por duas vezes este ano. Uma parceria com a Andrade Gutierrez foi fechada, para dar continuidade, em conjunto, à construção de módulos para as unidades previstas no contrato com a Petrobrás, mas a companhia também tinha dificuldades em outros projetos.
Os problemas financeiros da empresa seguem uma situação parecida da de outras empresas de engenharia tradicionais do mercado brasileiro. Boa parte das dificuldades vem da relação conflituosa que o segmento tem tido com a Petrobrás, fruto de discordâncias referentes a pedidos de aditivos, claims, defasagens de projetos básicos etc.
HISTÓRICO
Alguns casos marcantes envolveram empresas que atuam há décadas no setor de óleo e gás brasileiro e acabaram se vendo em posições complicadas. Uma das primeiras a reclamar da postura da Petrobrás nas negociações foi a Tenace, da Bahia, que pediu a falência em novembro de 2012 e recebeu a aprovação da justiça em outubro de 2013. Na época do pedido de falência, a empresa alegou que o projeto original de um contrato com a estatal precisou ser modificado em função de condições adversas encontradas no local da obra, realizada no Rio Grande do Norte, mas não obteve a aprovação da Petrobrás para os aditivos referentes aos custos extras que tiveram no empreendimento. A empresa empregava 3 mil funcionários.
Em janeiro de 2013 foi a vez do aperto da GDK, que pediu recuperação judicial por dificuldades financeiras, sendo que boa parte de seus contratos eram relativos à Petrobrás. Em fevereiro do mesmo ano, a Conduto também passava por um momento de aperto, quando sua dívida com credores chegou a cerca de R$ 80,6 milhões, fruto principalmente de problemas em uma obra na Refinaria Abreu e Lima (Rnest).
Em agosto de 2013, o caso da Multitek despertou de vez o sinal vermelho no mercado, quando a empresa anunciou a demissão de 1.700 empregados, reclamando de um débito da Petrobrás de R$ 245 milhões. Além do problema trabalhista, a questão vem gerando atrasos, já que a empresa, que atuava no setor há 28 anos, paralisou as 13 obras em que estava trabalhando para a estatal.
Pouco depois, a Produman, que realizava serviços de manutenção na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), também deu um passo atrás, demitindo cerca de 1.500 pessoas sem o devido pagamento das rescisões.
Em 2014, os casos da Fidens, da Jaraguá e da Contreras, outras três companhias tradicionais, ficaram mais em evidência, também com grandes repercussões em toda a cadeia de engenharia e construção nacional. Outras empresas, como Egesa, Sertenco e Lomater também passaram por complicações similares, mas o problema não parece ter sido muito bem avaliado internamente na Petrobrás, que passa por uma enorme turbulência de acusações e denúncias.
A presidente da petroleira, Graça Foster, sempre que questionada, afirma que pleitos não significam compromissos, mas negociações. No final de setembro de 2013, ela reconheceu que haviam sido realizadas algumas mudanças na forma de avaliação dos pleitos, mas não quis revelar o volume de recursos em discussão. Atualmente nenhum pleito é aprovado antes de passar pela aprovação do diretor de engenharia, José Antônio de Figueiredo. O acúmulo de trabalho acaba retardando a sua decisão e aumentando as dificuldades das empresas de engenharia. A briga, que antes estava apenas no âmbito das empresas, desde o final de 2013 também envolve as lideranças sindicais e os trabalhadores de companhias terceirizadas, alinhados em alguns pontos para enfrentar a Petrobrás.
Nota DefesaNet
A notícia tem um impacto negativo para a Marinha do Brasil e a formulação de seus planos de longo prazo (ProNAe, PROSUPER e até o PROSUB).
Em matéria recente anunciamos que cerca de 50 estaleiros estavam instalados ou em vias finais de instalação. A MB que esperava ter muitos de seus programas como SpinOff da atividade maior da indústria naval voltada à área petrolífera. Agora com a política de terra arrasada implantada pela Petrobras, terá seus custos de engenharia e construção aumentados significativamente.
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