Bravo! Almirante Moura Neto

Texto atualizado 12:00 H – 09 JUL 14

Nelson Düring
Editor-chefe DefesaNet

 
No dia 30 de junho de 2014 a Marinha do Brasil, através da Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM),  firmou um contrato com a Empresa AGUSTAWESTLAND Ltd., para modernização de oito aeronaves “Super Lynx” Mk 21A.
 
Este contrato mostra a filosofia implementada pelo comandante da Marinha do Brasil, Almirante-de-Esquadra Julio Soares de Moura Neto, e as ações para contornar problemas advindos de contratos e programas, que tornam-se miragens.

Pavilhões do Riocentro, transcorria a LAAD 2013, e todos os olhares focados nos grandes programas estratégicos de cada Força.  Esperado  no stand da AgustaWestland  o Almirante Moura Neto e sua comitiva.

Porém, o tom direto e objetivo surpreendeu aos executivos. Em vez de pensar nos grandes projetos, e muitos já quase inatingíveis pelas razões orçamentárias, que avistavam-se no horizonte o Comandante da Marinha foi no ponto. O processo de modernização dos Lynx, como ter em operação em um prazo viável os verdadeiros “bois de canga” que são os Super Lynx Mk 21A.

A Marinha na época trabalhava com o Programa de Obtenção de Navios de Superfície (PROSUPER),  e que previa a aquisição de 5 navios de escolta a aquisição dos helicópteros maiores como o Sikorsky Seahawk ou o UH-15 (EC725). Sem o PROSUPER e sem os Seahawk / UH-15  a prioridade passa a ser o “Plano B” – Corvetas e modernizar  os helicópteros Lynx.

Aos representantes da empresa italiana-britânica, liderados pelo Comandante Roberto Duhá, perguntas diretas e objetivas e longos minutos junto ao modelo do AW159 Wildcat.   A aquisição da nova geração do Lynx, o AgustaWestland  AW139 Wildcat é impensável pela mesmas razões da miragem que tornava-se o PROSUPER.

Em um período relativamente curto, sempre sob o olhar do Almirante Moura Neto, foi formatado o escopo do trabalho, o que poderia ser feito e em especial, os custos. Atendendo às demandas da Estratégia Nacional de Defesa o que seria incluído nas contrapartidas comerciais (Offset).

O Lynx

Junto com as seis fragatas MK10 Classe Niterói, adquiridas nos anos 70, foram encomendados os helicópteros Westland Lynx. A MB já tinha operado outros modelos da empresa inglesa como o Wasp,  porém o Lynx daria um novo conceito à Aviação Naval embarcada dentro da Marinha do Brasil.

As aeronaves “Lynx” estão em atividade na Aviação Naval desde 1978, compondo o inventário do 1º Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque (EsqdHA-1). Em meados da década de 1990, foram adquiridas mais nove aeronaves “Super Lynx”, e as cinco remanescentes do lote original foram convertidas para este padrão.

A Modernização

Em 30 de junho de 2014 a Marinha do Brasil celebrou um contrato com a Empresa AGUSTA WESTLAND LIMITED para modernização de oito aeronaves “Super Lynx” Mk 21A.
 
A atualização englobará os seguintes componentes:

1- Substituição dos motores das aeronaves
O melhor desempenho dos motores CTS800-4N em relação aos RR GEM Mk. 1017, ora instalados nas aeronaves, aumentará a capacidade das aeronaves em ambientes quentes e altos, permitindo maior carga útil e melhor alcance.

2- Melhorias no sistema de navegação e nos aviônicos:
Um novo “glass cockpit” será complementado por uma nova suíte de aviônicos composta de:

a –  Processador tático;
b – Navegação satelital;
c – TCAS (Traffic Collision Avoidance System);
d – Sistemas de pouso por instrumentos;
e – RWR (Radar Warning Receiver);
f – MAGE (Medidas de Apoio à Guerra Eletrônica) integrados com lançadores de “flare”;
g – AIS, e,
i – ADS-B.

Notas:

a – Total compatibilidade com dos avionicos com o emprego de óculos de visão noturna (NVG), e,
B – Também será instalado um guincho elétrico em substituição ao atualmente em uso, de acionamento hidráulico.
 
As atividades

A célula do Lynx têm uma resistência excepcional. Serão dois helicópteros modernizados do lote de 1978.  A referencia tomada para a modernização, foi o de 60% do tempo de vida limite da célula, que é de 7000 hrs.
 
O rotor e as pás permanecem as mesmas trocadas em 1996. O novo motor CTS800-4N proporciona mais 200kg de capacidade de carga que passa a ser 5.330kg. Garante mais potência e permitirá operação de pouso no convoo com uma só turbina (emergência), sem demandar que o navio tenha velocidade a mais.
 
Também garantirá uma operação mais estável em ambientes com temperatura elevada.

Dentro das negociações de offsets foram acordados os seguintes itens:

1 – Manutenção  do rotor e pás a serem feitas no Brasil, e,
2 – Apoio Logístico diretamente no Brasil, e,
3 – Treinador / simulador de Vôo e tático, podendo haver cooperação com empresas nacionais.


As novas modificações nas aeronaves “Super Lynx” garantirão uma significativa melhoria em suas capacidades, com melhor performance, alcance e capacidade operativa.
 
As atividades de modernização começarão em 2015 na fábrica da AGUSTA WESTLAND, em Yeovil, na Inglaterra. A primeira aeronave modernizada deverá ser entregue à Marinha do Brasil no final de 2017, e a última, no início de 2019.
 
O valor do contrato anunciado pela AgustaWestlando para a modernização das 8 unidades do helicóptero Lynx e desenvolvimento e aquisição do simulador é de U$ 160 milhões de dólares. O valor do contrato engloba também: Treinamento de pilotos e mecânicos e aquisição de sobressalentes.

Comentário DefesaNet

Assim a Marinha do Brasil certamente não terá os navios de escolta do PROSUPER até 2017-2019, mas dará ao Plano B, as Corvetas o ferrão que as tornará uma arma respeitada, o "Super Lynx” Mk 21A modernizado.

Só nos resta bradar BRAVO! Almirante Moura Neto.

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O Editor

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