Marinha lança pedra fundamental do Reator Multipropósito Brasileiro

comandante Cleber Ribeiro

Os Ministérios da Defesa; da Saúde; da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; e a Marinha do Brasil (MB) realizaram, nesta sexta-feira (8), no Centro Industrial Nuclear de Aramar (Iperó-SP), com a presença do Presidente da República, ministros e autoridades civis e militares, a cerimônia de Lançamento da Pedra Fundamental do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) e de início dos testes de integração dos turbogeradores do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE).

Desde os anos 70, o governo brasileiro vem investindo recursos na área nuclear, com o objetivo de dotar o país com capacidade plena sobre o domínio do ciclo de produção de combustível nuclear e de produção de reatores de pesquisa e de potência, elementos fundamentais na busca pela inovação e por soluções nas áreas de energia e de saúde.

Com os progressos alcançados, a Marinha do Brasil projetou, construiu e operou conjuntos de ultracentrifugadoras, inicialmente no campus da USP e depois no Centro Experimental de Aramar, ratificando a conquista de complexa tecnologia, alcançada de forma autóctone pelo país. Na sequência, finalizou o projeto e iniciou a construção do Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE), que replicará, em terra, o sistema de propulsão do futuro submarino com propulsão nuclear, incluindo o Reator Nuclear de Potência.

Quando estiver pronto, o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB) será capaz de produzir os radioisotópicos que o Brasil precisa, e que hoje são importados, reduzindo os riscos de desabastecimento e diminuindo os custos para a produção dos radiofármacos, o que permitirá maior volume de exames e tratamento de doenças, em especial de diferentes tipos de câncer. Isto significará melhores condições para o investimento na área médica, com a consequente ampliação do atendimento em medicina nuclear, para maior contingente populacional. O lançamento da pedra fundamental do RMB eleva o Brasil a um novo patamar no desenvolvimento científico e social do país, em especial com a futura produção autônoma de radioisótopos.

O comandante da Marinha, almirante Leal Ferreira, ressaltou a atuação pioneira e visionaria do almirante Álvaro Alberto, a partir da qual um crescente conjunto de notáveis brasileiros e instituições dedicaram-se a busca do domínio pleno do ciclo nuclear. E destacou que para a construção do Reator, a Marinha cedeu um milhão e duzentos mil metros quadrados de sua área para a construção e participou das negociações para a assinatura dos projetos detalhados de engenharia e dos sistemas associados do RMB.

Leal Ferreira falou sobre a contribuição da Marinha do Brasil (MB) para o Programa Nuclear Brasileiro e para o país. Lembrou que cerca de 300 teses de doutorados e dissertações de mestrados foram realizadas por profissionais integrantes do programa; que há mais de 500 engenheiros e técnicos qualificados e com conhecimento na área nuclear; e que cerca de 3 mil empregos diretos foram gerados em organizações militares da MB localizadas em São Paulo e no Rio de Janeiro, representando ganhos significativos em termos técnicos e profissionais para o País.

Agradeceu a participação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, por meio de instituições expoentes no segmento nuclear como a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). E enalteceu a participação do Ministério da Saúde (MS) no projeto do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), que segundo o almirante, demonstrou a disposição do MS em investir em uma iniciativa que trará a capacidade de produção radioisótopo utilizados na medicina nuclear trazendo enormes benefícios para a população brasileira.

O ministro da Defesa (MD), Joaquim Silva e Luna, destacou que o MD considera prioritários os investimentos em projetos tecnológicos da área de Defesa, em face do impacto no desenvolvimento nacional, por meio da geração de empregos qualificados na Base industrial de Defesa, da absorção de tecnologias avançadas e da geração de oportunidades de exportação, contribuindo sobremaneira para o fortalecimento da economia nacional e para a projeção do Brasil no cenário internacional. Diante disto, a Estratégia Nacional de Defesa (END) estabelece três setores tecnológicos como essenciais para a Defesa Nacional: o nuclear, o cibernético e o espacial. Esses setores estratégicos apresentam elevada complexidade, necessitando de uma liderança centralizada para a estreita coordenação e integração de diversos atores e áreas do conhecimento. E ressaltou que “a materialização desse projeto demonstra a maturidade com que nossas instituições tratam a questão nuclear e sinaliza que a ação conjunta e sinérgica dos atores do Setor Nuclear é capaz de transpor os desafios inerentes a obtenção de tecnologias sensíveis".

“Este é um momento que traz justificado orgulho para todos os brasileiros”. Com estas palavras o presidente Michel Temer iniciou o seu discurso. Ressaltou ainda, a perseverança, o talento científico, e o compromisso com o país dos que viabilizaram a empreitada. Destacou que os dois projetos que era celebrado, o RMP e o LABGENE, eleva o patamar em ciência e tecnologia e promove o desenvolvimento do Brasil.

Para o presidente a área da saúde se fortalece muito com a construção do reator, "pois hoje somos obrigados a importar radiofámacos para o combate a várias doenças, principalmente o câncer. E os tratamentos ficam mais complicados e naturalmente mais caros porque dependemos de fornecedores estrangeiros".

Considerou o grande fundamento social que reveste a construção do reator, pois com o mesmo vai se produzir insumos para o Sistema Único de Saúde (SUS), a preços mais baixos, tornando as terapias muito mais acessíveis, aumentando os atendimentos e elevando a esperança de quem precisa de ajuda. Destacou que o governo brasileiro e o Argentino viabilizaram o contrato para execução do projeto.

Quanto ao LABGENE, disse que entende que o mesmo possui um forte  potencial social, pois poderá ser utilizado para diversos fins, desde a dessalinização de água do mar até a geração de energia de pequenos porte para o atendimento das regiões mais remotas do país.

Disse, ainda, que o submarino de propulsão nuclear brasileiro é uma aspiração que com tenacidade e disciplina está sendo concretizado e que o seu otimismo é absoluto. e completou dizendo que era um privilégio assistir o nascimento de dois projetos magníficos, o RMP e o LABGENE, que consagra a posição de Iperó e, por extensão, de toda a região.

O Reator Multipropósito Brasileiro (RMB)

O RMB é um reator nuclear que tornará o Brasil autossuficiente na produção de radioisótopos – insumo fundamental para a fabricação de rádiofármacos, de grande importância para o tratamento de doenças em diversas áreas da Medicina, como a cardiologia, oncologia, hematologia e neurologia. O RMB será capaz de produzir os radioisótopos que hoje são importados, reduzindo os riscos de desabastecimento e diminuindo os custos para a produção dos radiofármacos, o que permitirá maior volume de exames e tratamento de doenças.

O Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica (LABGENE).

O LABGENE – parte essencial do Programa Nuclear da Marinha (PNM) – é o protótipo, em terra, da planta nuclear do futuro submarino com propulsão nuclear brasileiro, a fim de possibilitar a simulação, em condições ótimas de segurança, da operação do reator e dos diversos sistemas eletromecânicos a ele integrados.

 

 

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