Bruno Rosa e Ramona Ordoñez
O Globo 15 Março 2019
RIO — O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse nesta sexta-feira que seu sonho como liberal seria ver o fim das empresas estatais no Brasil. No comando da maior estatal brasileira, ele disse que gostaria de ver a Petrobras "privatizada" e o BNDES, "extinto". Mas reconheceu que "nem sempre se pode ter tudo", ao citar uma música da banda britânica The Rolling Stones.
— Como liberal, somos contrários a empresas estatais. Petrobras também privatizada e o BNDES extinto, esse seria o meu sonho. Mas é como a música dos Rolling Stones, "You Can’t Always Get What You Want". Na América Latina, temos um exemplo de estatal bem-sucedida, que é a Codel, do Chile, maior produtora de cobre do mundo. Já que não podemos privatizar, nem temos mandato para isso, vamos transformar a Petrobras no mais próximo possível em uma empresa privada.
A Petrobras está num grande esfoço para se desfazer de ativos para reduzir a dívida. O executivo informou que a empresa vai levantar US$ 10 bilhões com venda de ativos até abril. O executivo avalia que subsidiárias como a BR, distribuidora de combustíveis da estatal, pode gerar mais valor para o Brasil na mão de outros investidores. Ele participou do evento “A nova economia liberal”, realizada na Fundação Getulio Vargas (FGV), na manhã desta sexta-feira, no Rio.
— Temos um programa agressivo de desinvestimentos. Nos primeiros quatro meses (do ano) realizamos US$ 10 bilhões com a venda de ativos e vamos fazer muito mais que isso. Em 12 meses, teremos de três a quatro vezes esse valor, mas isso vai depender da velocidade que consigamos imprimir. A posição da Petrobras, com 98% do refino, é um absurdo. Vamos vender e tirar qualquer tentação para exercício de monopólio. E, de saída, ter menos de 50%.
Castello Branco frisou que também quer aumentar a eficiência da empresa para reduzir o endividamento e que pretende implementar um novo sistema de remuneração para os funcionários:
— Vamos fazer crescer nossa produção, que está estagnada. Temos ainda a busca pela redução de custo baixo, fazendo programa para ganhos de eficiência. Nosso objetivo é criar um programa mais agressivo de remuneração variável para implementar a meritocracia. Quem tiver boa performance, será premiado. Quem não tiver será punido.
Segundo Castello Branco, o principal fator a performance pífia da economia nos últimos anos é o baixo fator de produtividade, devido a má alocação de recursos, causada pela intervenção das economia
— Na Petrobras, um dos pilares é melhorar a alocação de capital e focar em ativos onde somos melhores e podemos extrair os maiores resultados. Um exemplo é o pré-sal. Nos próximos anos, vamos investir US$ 20 bilhões na Bacia de Campos, para revitalizar e produzir mais. Isso vai beneficiar o Rio de Janeiro.
Mudanças no mercado de gás
Castello Branco destacou ainda a necessidade de maiores avanços na regulamentação do mercado de gás e o fim do regime de partilha. O presidente da Petrobras informou que a estatal está trabalhando com Ministério da Economia e a Agência Nacional do Petróleo (ANP) para mudar o arcabouço legal do gás no país para permitir a exploração da riqueza no país.
— E com isso tudo sem ter a Petrobras com poder de monopólio. No setor de petróleo, temos Shell e Equinor fortes. A Exxon vem com muito apetite. Temos ainda a Ecopetral e a Petronas (da Malásia). O Rio tem potencial para se transformar numa nova Houston.
Castello Branco também criticou o regime de partilha para o setor de petróleo.
— O regime de partilha não estimula a eficiência. É mais uma intervenção e resulta em baixa produtividade. Tem que eliminar esses obstáculos para aumentar a produtividade.
O ímpeto privatizante da equipe econômica em frases
Rubem Novaes
Como liberal, somos contrários a empresas estatais. Petrobras também privatizada e o BNDES extinto, esse seria o meu sonho. Mas é como a música dos Rolling Stones, "You Can’t Always Get What You Want" (Presidente da Petrobras, no dia 15/03/2019)
Roberto Castello Branco
Estou convencido que o Banco do Brasil deveria ser privatizado. É como se tivesse bolas chumbo nas pernas para competir com os bancos privados. Tenho dificuldade de fechar agência. Se você chega ao interior (do país), as autoridades são o prefeito, o padre e o gerente do Banco do Brasil (Presidente do Banco do Brasil, no dia 15/03/2019)
Salim Mattar
A Vale foi privatizada, certo? Não, a Vale não foi privatizada, a Vale é uma estatal. Fundos de pensão, patrocinados pelo Estado, detêm o controle da Vale. Estamos aqui para privatizar, para reprivatizar a Vale (Secretário especial de desestatização, no dia 13/02/2019)
Paulo Guedes
Cerca de 40% a 50% do funcionalismo federal irá se aposentar nos próximos anos, e a ideia é não contratar pessoas para repor. Vamos investir na digitalização (Ministro da Economia, no dia 15/03/2019)
Pedro Guimarães
Descobrimos que temos sete prédios na Avenida Paulista e 15 prédios em Brasília. A Caixa não precisa disso. Vamos buscar uma racionalização. A expectativa é reduzir as despesas em R$ 3,5 bilhões em dois anos (Presidente da Caixa Econômica Federal, no dia 09/03/2019)