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Relatório Reservado

O general Augusto Heleno vai assumir  mais  uma  função  além  das  que  já  exerce  no  Gabinete  de Segurança Institucional (GSI). Heleno atuará como coordenador da interação ministerial. O objetivo é promover o entrosamento da equipe de colaboradores de Jair Bolsonaro.

Trata-se de um reconhecimento de que os ministros e o presidente estão batendo cabeça. O desencontro desgasta a imagem do governo em um  momento  que  deveria  ser  de bonança política. O general Heleno tem  reconhecida  ascendência  sobre  Bolsonaro.  Além  do  mais,  faz  parte  das  suas  atribuições  acompanhar  o  presidente  em  todos  os  seus compromissos, garantindo sua segurança. Como se não bastasse, Heleno é o comandante da área de Inteligência do governo.

Esses  atributos  concedem  ao  ministro-chefe do GSI um status privilegiado  no  núcleo  duro  do governo.  O  general  também  é  o  decano entre os ministros. Heleno não abre mão de demonstrar sua senioridade. Está presente no debate sobre os assuntos mais díspares na esfera de governo. Agora mesmo promoveu uma reunião para discutir se a correção do preço diesel deve prever a prática de subsídios ou se a melhor opção seria o uso da CIDE para equalizar os preços dos combustíveis. É uma questãoque a princípio não lhe é afeita.

A área de abrangência e escopo do novo trabalho do general Heleno,  a  princípio,  encontra  alguma similitude com o modo de acompanhamento que o general Golbery do Couto e Silva fazia da equipe de ministros no governo Geisel. Golbery atuava “desentortando” posicionamentos  intra  e  inter  ministérios.  

Heleno vai adentrar em domínios que a princípio pertencem ao ministro da Casa Civil, Ônix Lorenzoni, que  chegou  a  ser  cogitado  para  a  missão. Sua performance recente, contudo, confirmou que ele faz parte do problema e não da solução. Lorenzoni é um destacado headbanger no  “Conselho  de  Governo”. 

Bate coco contra coco com Bolsonaro e Paulo Guedes. Ficará mais voltado à coordenação política, sua praia de origem. O desafio a ser enfrentadopelo general Heleno é superlativo: amortecer  a  incontinência  verbal do presidente e o enrosco de ditos e contraditos dos ministros.

Na última sexta-feira, Onyx Lorenzoni veio a público dizer que o presidente “se equivocou” ao citara possibilidade de aumento do IOF.

Bolsonaro, o “equivocado”, tinha desautorizado Guedes ao anunciar idades mínimas diferentes para a reforma  da  Previdência.  Guedes  se  recolheu  em  prudente  expectativa. Tudo errado. Na campanha, Bolsonaro e seu “Posto Ipiranga” deram  declarações  conflitantes sobre privatizações, notadamente em relação à Petrobras e à Eletrobras.

Em  outro  caso  com  grande repercussão,  o  então  candidato  a   presidente negou a criação de uma “nova CPMF”, hipótese cogitada por  Guedes em encontro com investidores. À época, Bolsonaro disse que seu futuro ministro cometera um “ato falho”. Guedes, por sua vez, disse que Lorenzoni deveria tratar da  área  dele  e  não  ficar  falando sobre economia.

Enfim, essa é a dodecafonia do governo. Caberá ao ministro do GSI carregar e afinar o piano ao mesmo tempo. Na bolsa de apostas, as dúvidas sobre o sucesso da empreitada são esmagadoramente majoritárias.

Porém, é indiscutível que Heleno é quem  está  mais  preparado  para  a  missão. A título de brincadeira vale aqui  contar  uma  gozação  que  está  sendo feita entre os amigos do general  Augusto  Heleno.  Trocaram  a  hashtag “Ele não” por “Helenão”. 

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