Aviação de Patrulha chega aos 76 anos – Dia da Aviação de Patrulha

Leia a Ordem do Dia alusiva ao Dia da Aviação de Patrulha

O ano é 1942. Período no qual o mundo já amargava a destruição e o sofrimento, produtos da ambição desregrada do Império Nazifascista. Apesar da posição de neutralidade, o Brasil rompera relações diplomáticas com os países do Eixo. Tal postura resultou em uma campanha de ataques aos nossos navios mercantes em rotas litorâneas, desfechada pelos alemães e italianos. Os resultados foram sucessivos afundamentos de nossas naus, nos quais inúmeras vidas foram ceifadas e a navegação em águas brasileiras passou a ser fonte de apreensão e medo.

Como resposta às atitudes hostis dos ainda não declarados inimigos, na então “jovem” Força Aérea Brasileira, em fevereiro de 1942, surge a Aviação de Patrulha. A condição da FAB era de total despreparo. Não havia aeronaves, treinamento e armamento adequados para o emprego aéreo sobre o mar. Apesar de todas as deficiências para cumprir de maneira eficaz as missões de Patrulha, todos os meios aéreos disponíveis foram empregados para inibir a ação inimiga. O sentimento de pioneirismo e de coragem dos patrulheiros de outrora já davam os primeiros sinais de uma história gloriosa.

Nesse viés, no dia 22 de maio de 1942, em voo de treinamento de Patrulha Marítima, entre Fortaleza e Fernando de Noronha, a bordo da aeronave B-25B Mitchell, os Capitães Aviadores Affonso Celso Parreiras Horta e Oswaldo Pamplona Pinto localizaram o submarino italiano Barbarigo, o qual havia torpedeado quatro dias antes o navio mercante “Comandante Lira”.

De pronto, a tripulação engajou combate, lançando uma salva de 10 bombas de 100 libras de emprego geral sobre o submarino inimigo, que reagiu com intenso fogo antiaéreo, submergiu e não foi mais visto na área de operações.

Esse histórico evento, que se tornara o batismo de fogo da recém-criada Força Aérea Brasileira, também marcou oficialmente o Dia da Aviação de Patrulha.

Em agosto do mesmo ano, após a declaração formal de guerra aos países do Eixo, o Governo brasileiro investiu em modernas aeronaves, como os A-28 Hudson e os PBY-5 Catalinas, e no treinamento das tripulações, as quais já labutavam na vigilância das rotas de navegação de Cabotagem e na costa brasileira. Com isso, nossos patrulheiros começaram a atuar com mais eficiência.

Dessa forma, na sequência de eventos da “Batalha do Atlântico”, o espírito combativo dos heróis patrulheiros foi observado em relatos épicos, como as experiências vivenciadas pelo Patrono da Aviação, Major-Brigadeiro do Ar Dionísio Cerqueira de Taunay, e as inúmeras missões cumpridas pelo intrépido Major-Brigadeiro do Ar Ivo Gastaldoni, dentre tantos homens da nossa nobre Força Aérea que deram o melhor de si, arriscando suas vidas pela segurança de muitos.

Nas décadas seguintes, as histórias vividas pelos discípulos de Tunay reforçaram o espírito inovador, típico do Patrulheiro, e o sentimento de proteger incondicionalmente as incalculáveis riquezas guardadas em nossas águas jurisdicionais. Os desafios e as conquistas de nossos veteranos são, sem dúvida, os alicerces para as missões que hoje realizamos.

Nos anos 80, com a aquisição da aeronave P-95, a Aviação de Patrulha capitaneou o estabelecimento da Doutrina de Guerra Eletrônica na FAB, mormente aquela relacionada ao emprego do Poder Aéreo em ambiente naval.

A implantação da aeronave P-3AM, com seus modernos sensores embarcados, representou um grande salto operacional e tecnológico, pois trouxe de volta a capacidade de a Força Aérea realizar guerra antissubmarino e impulsionou o desenvolvimento dos conceitos de plataformas de emprego multimissão.

Atualmente, a experiência e os conhecimentos adquiridos pelos integrantes da Aviação de Patrulha têm sido fundamentais para a introdução de táticas, técnicas e procedimentos para operação dos sensores embarcados do SC-105, no 2º/10º GAV, e do KC-390, na Ala 2.

Como consequência dessa evolução doutrinária, a Força Aérea iniciou o desenvolvimento de uma nova concepção operacional que integra as atividades de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento, o que possibilitará maior sinergia e melhores resultados no emprego do Poder Aéreo em diversos cenários e não apenas no ambiente naval.

Seguindo as diretrizes da “Concepção Estratégica Força Aérea 100 anos”, os Esquadrões Phoenix e Orungan já se encontram em suas novas casas, respectivamente, na Ala 3, em Canoas, e na Ala 12, em Santa Cruz. Mais uma vez, a coragem e o pioneirismo que inspiraram Tunay, Gastaldoni e tantos outros patrulheiros do passado, motivam os jovens tripulantes da Aviação de Patrulha a assumirem o protagonismo das transformações que, certamente, tornarão a FAB uma Instituição moderna, adequada ao seu tempo e absolutamente capacitada a cumprir a sua missão, qual seja, “Manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional com vistas à defesa da Pátria”.

Prezados integrantes dos Esquadrões Orungan, Phoenix e Netuno, honrem os feitos do passado sem perder de vista os desafios do porvir. Pautem suas condutas na disciplina, no patriotismo, na integridade, no comprometimento e no profissionalismo. Estou certo que, dessa forma, a História continuará registrando, por muitos anos, os feitos e as vitórias da Aviação de Patrulha da Força Aérea Brasileira.

Jajuká Pirá Waí! Salve a Patrulha!

Tenente-Brigadeiro do Ar Antônio Carlos Egito do Amaral
Comandante do Comando de Preparo

Aviação de Patrulha chega aos 76 anos¹

Com a responsabilidade de vigiar o litoral brasileiro, 24 horas por dia, a Aviação de Patrulha começou sua história em 1942. Na época, em plena Segunda Guerra Mundial, o país se viu ameaçado pelos sucessivos afundamentos de navios mercantes brasileiros por submarinos alemães. Com apenas um ano e meio de existência, a FAB se lançou em atividade para superar todas as dificuldades. Grupos de aviação foram distribuídos pelo território nacional.

Em Salvador (BA), estabeleceu-se o 7º Grupo de Aviação de Patrulha, aproveitando as instalações do 2° Grupo de Bombardeio Médio. Às 13h57 de 22 de maio de 1942, os Capitães Aviadores Parreiras Horta e Oswaldo Pamplona, em meio à formação operacional nos bombardeiros B-25 Mitchell recém recebidos das Forças Armadas dos Estados Unidos, lançaram um ataque ao submarino Barbarigo, da Regia Marina da Itália, a mesma que, quatro dias antes, havia torpedeado o navio Comandante Lyra, próximo ao Atol das Rocas.

Surpreendido pela rápida ação, o submarino reagiu intensamente com fogo antiaéreo, submergiu e bateu em retirada. O fato marcou o batismo de fogo da FAB e passou a ser oficialmente assinalado como o Dia da Aviação de Patrulha.

De lá para cá, várias aeronaves já foram utilizadas pela Aviação de Patrulha: PV-1 Ventura, PV-2 Harpoon, B-25 Mitchel, P-15 Netuno, P-16 Tracker e P-95 Bandeirulha. Atualmente na FAB, as aeronaves P-3AM Orion e P-95M Bandeirulha são operadas por três Esquadrões: Orungan (1º/7º GAV), sediado em Santa Cruz (RJ); Phoenix (2º/7°GAV), em Canoas (RS); e Netuno (3º/7°GAV), em Belém (PA).

A Aviação de Patrulha sempre encarou desafios, usando as mais variadas aeronaves. Hoje em dia, cumpre a sua missão com vetores estratégicos que desempenham papéis não somente de patrulha marítima, como diversas outras ações que são imprescindíveis para a FAB no que diz respeito ao cumprimento de sua missão de manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional, com vistas à defesa da Pátria.

Confira o depoimento de militares dos Esquadrões da Aviação de Patrulha:

Cabo BMA Sérgio Alberto Diniz Silva – Esquadrão Netuno 3º/7º GAV

“Cheguei ao Esquadrão em 2002, vindo do Parque de Material Aeronáutico de Belém [PAMA-BE]. De lá para cá, são 16 anos de muita satisfação em estar servindo uma unidade aérea. Satisfação que só aumenta há 12 anos, quando me tornei tripulante na função de observador SAR [Search and Rescue – Busca e Salvamento], o que me levou, com muito orgulho, a participar de várias missões de busca, que considero a mais nobre de todas do Esquadrão, pois ajudar a salvar vidas não tem preço. Há seis anos, obtive elevação operacional, entrando para o grupo de instrutores do Esquadrão e, atualmente, contribuo para a formação de novos observadores SAR, o que me deixa muito gratificado e motivado a continuar servindo nesse Esquadrão operacional".

Tenente Aviador Allan Seixas Julio – Esquadrão Orungan 1º/7º GAV

“Sou integrante do Esquadrão Orungan há dois anos, atuo como chefe da Célula SAR  e piloto da aeronave P3-AM, o glorioso Orion. Faço parte com orgulho da Aviação de Patrulha, responsável por zelar pela soberania do nosso país e por inúmeras missões utilizando a plataforma P3-AM. Sempre me identifiquei com o voo sobre o mar, sendo assim, me senti confortável em estar distante a 200 milhas da costa brasileira. Ser patrulheiro, sem dúvidas, é uma das atividades mais emocionantes que uma pessoa pode exercer. Tripular esta aeronave multimissão é um grande desafio na carreira para o qual tento me dedicar ao máximo para cumprir a missão. Ser patrulheiro e pertencer às tradições dessa Aviação me faz vibrar dia a dia! Salve a Patrulha!"

Tenente Aviador Andrew Norberto Chaves da Silva – Esquadrão Phoenix 2º/7º GAV

“O Esquadrão em que sirvo é uma das unidades aéreas de Aviação de Patrulha do Brasil e cumpre missões de busca e patrulha marítima. Nessas missões, trabalhamos em cooperação operacional com a Marinha do Brasil. Auxiliamos na vigilância do Atlântico Sul e buscamos detectar embarcações em atividades ilegais, assim como a localização de pessoas, aeronaves e embarcações em situação de emergência. Um caso que me recordo foi o do veleiro argentino Taipan, que foi encontrado no litoral sul de Santa Catarina, em julho de 2016, depois de três dias de buscas. O veleiro foi encontrado sem combustível e atracado numa ilha aguardando ajuda. Durante a missão, foi utilizada a aeronave da P-95 Bandeirulha.”

Dia da Aviação de Patrulha é celebrado na Ala 12, no Rio de Janeiro²

A Cerimônia Militar alusiva ao Dia da Aviação de Patrulha foi realizada, nesta terça-feira (22), na Ala 12, no Rio de Janeiro (RJ). A solenidade foi presidida pelo Comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato, e reuniu oficiais-generais, entre outras autoridades civis e militares.

Durante a solenidade foi realizada a entrega do Prêmio Magalhães Motta, além da imposição da Medalha Mérito Operacional Brigadeiro Nero Moura e da Medalha-Prêmio Força Aérea Brasileira.

O Prêmio Magalhães Motta é concedido ao integrante da Associação Brasileira de Equipagens da Aviação de Patrulha (ABRA-PAT) vencedor do concurso anual de trabalhos literários relativos a assuntos de interesse da Aviação de Patrulha. A premiação foi entregue pelo Presidente da ABRA-PAT, Major-Brigadeiro do Ar Wilmar Terroso Freitas. Neste ano, sagrou-se vencedor do concurso o Capitão Aviador Marcelo Botelho Rodrigues, do Esquadrão Rumba (1º/5º GAV), com o trabalho “Competências de Cunho Operacional Necessárias aos Pilotos Básicos de P-95M: Uma Análise Curricular”.

Já a Medalha Mérito Operacional Brigadeiro Nero Moura foi entregue pelo Comandante de Preparo, Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Egito do Amaral, a três militares. A homenagem é uma distinção concedida àqueles que exerceram ou exercem o cargo de comandante de unidade aérea e aos veteranos do Primeiro Grupo de Aviação de Caça, pela conduta em prol da operacionalidade da sua organização e da FAB.

E o Primeiro-Tenente Aviador Oswaldo Segundo da Costa Neto recebeu a Medalha-Prêmio Força Aérea Brasileira das mãos do Tenente-Brigadeiro Rossato. A medalha homenageia militares e funcionários civis da FAB que venham a se distinguir por estudos sobre temas técnico-profissionais ou por criações técnicas operacionais que tragam benefícios econômicos ou sociais de relevância para a Força Aérea. O oficial foi agraciado por desenvolver um simulador de voo para a aeronave P-95M.

Ao final, militares patrulheiros dos Esquadrões Phoenix, Netuno e Orungan, juntamente com integrantes e ex-integrantes dos Esquadrões de Patrulha, reuniram-se para o desfile militar.

"Nós temos uma Aviação de Patrulha bem equipada com o P-3 e os P-95 todos modernizados e operando nos locais que entendemos que sejam o ideal: na Ala 12, no Rio de Janeiro; na Ala 3, em Canoas; e na Ala 9, em Belém. Parabéns a todos os patrulheiros da FAB", ressaltou o Tenente-Brigadeiro Rossato.


¹Sargento Camila Macedo, Tenente João Elias e Cap Oliveira Fotos: Agência Força Aérea / FAB
²com: Tenente Felipe Bueno, Tenente João Elias e Cap Oliveira – Fotos: Sargento Neubar/Ala 12 – FAB

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