2018: Veni, Vidi, Vici. 2019: Alea Jacta Est

Cel Swami de Holanda Fontes


“Veni, vidi, vici” e “Alea jacta est” são duas expressões em latim que são citadas no nosso dia a dia, mas que muitos não sabem suas origens, assim vejamos: Antes de Cristo, há mais de 2000 anos atrás, o direito romano estabelecia que os generais não podiam se aproximar de Roma com suas legiões para que o Senado e a República não se sentissem ameaçados ou corressem o risco de sofrer um golpe.

O general romano Júlio César sabia que se percorresse com suas legiões os 250 quilômetros do limite (do rio Rubicão, ao norte da Itália, onde as tropas deveriam permanecer, até Roma), uma declaração de guerra estaria sendo dada e o senado o trataria como inimigo.

Naquele momento, 49 antes de Cristo, a situação assemelhava-se a de uma tempestade perfeita. A manobra do general enquadrava-se no pior cenário possível; mesmo assim, ele decidiu atravessar o rio, citando a célebre frase “Alea jacta est” (a sorte está lançada ou os dados estão lançados), cunhando para sempre essa expressão.

A consequência foi o início de uma guerra que mudou o destino do Império Romano. Dois anos depois de atravessar o rio Rubicão, o mesmo Júlio César disse ao Senado Romano, “Veni, vidi, vici”, (vim, vi e venci), após vencer Fárnaces II, rei do Ponto, na Batalha de Zela. Sua intenção, ao proferir a frase, foi mostrar aos senadores o seu triunfo e alertá-los sobre seu grande poder militar.

Atualmente, essa frase é utilizada para expressar situações em que houve sucesso e êxito. Na atualidade, a cada virada de ano, jogamos os dados e aguardamos os resultados e, somente doze meses depois, sabemos se fomos exitosos ou não.

No início de 2018, os dados foram lançados e, agora ao final, podemos fazer uma retrospectiva para avaliar se foi um bom ano ou não. No campo militar, o ano foi marcado por muito trabalho e fatos relevantes para a nossa História.

Em janeiro, especulou-se sobre a viabilidade do Brasil integrar, a convite da ONU, a Missão de Paz das Nações Unidas, na República Centro Africana, o que não se efetivou no transcorrer do tempo. Em fevereiro, integramos a Força-Tarefa Logística Humanitária em Roraima para atuarmos na Operação Acolhida, apoiando a questão da migração de Venezuelanos para o Brasil.

Quase que simultaneamente, passamos a atuar mais fortemente no Rio de Janeiro, apoiando a Intervenção Federal decretada no Estado. A greve dos caminhoneiros, em maio, exigiu o acionamento das Forças Armadas para desobstruir as estradas.

No início de junho, na cidade de Edmonton, no Canadá, encerraram-se os Campeonatos Mundiais Militar de Voleibol feminino e masculino, nos quais o Brasil se saiu vitorioso. A seleção militar masculina de voleibol sagrou-se campeã mundial e a seleção feminina ganhou a medalha de prata.

As eleições, em outubro, transcorreram dentro da normalidade com a atuação do Exército em inúmeros municípios, garantindo a votação e a apuração do pleito. Em novembro, as atividades conjuntas da Manobra Escolar 2018, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), coroaram o ano de instrução dos cadetes e inúmeros oficiais e praças de diversas organizações militares que participaram do exercício.

Enfim, como se percebe nesses exemplos, muitas foram as atividades desenvolvidas. O Exército Brasileiro manteve seu preparo, recebeu inúmeras missões, atuou em diversas áreas, seja em missões humanitárias, subsidiárias, operacionais, esportivas, seja contribuindo para a manutenção e garantia dos poderes constituídos do País.

Da mesma forma que Júlio César, quando se questionou sobre como seria seu futuro ao atravessar o Rubicão, pois esse seria incerto, nós iniciamos o ano de 2018, com algumas certezas e inúmeros questionamentos e dúvidas. Assim como o general, que foi exitoso no seu intento, também chegamos ao final de 2018 vitoriosos em vários aspectos. Graças ao empenho, à dedicação e ao profissionalismo, foram muitos os aprendizados colhidos, resultados positivos, êxitos, acertos e nenhum “erro crasso”.

Essa expressão de origem romana significa erro exagerado. Foi criada, possivelmente, 59 anos antes de Cristo, a partir de erros táticos cometidos pelo General Marcus Licinius Crassus, durante um período de conflitos, que culminou com sua morte. Tal qual ocorre em todas as passagens de ano, podemos dizer que, mais uma vez, os dados foram lançados.

Não se deve esquecer que o Brasil estará sendo conduzido por um novo governo: novos representantes no poder Legislativo e novos Ministros e Comandantes das três Forças. Fruto dessas mudanças, podemos imaginar cenários prospectivos (futuros plausíveis).

Essas alterações podem motivar rumos diferentes para a condução do País, mudanças em investimentos, novos valores éticos e morais, alterações em prioridades de preparo e emprego das Forças Armadas, etc.

No caso específico do Exército, o ano de 2019 será caracterizado pela continuidade de alguns trabalhos que tradicionalmente já são conduzidos pela Força, a exemplo da Operação Pipa. Outras missões provavelmente não serão interrompidas, pelo contrário, serão reconduzidas, como a Operação Acolhida e as Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) que poderão ocorrer de forma esporádica.

Coroando o ano de 2018, o Exército participa da Operação Posse Presidencial 2019, colaborando na segurança dos eventos previstos. Ainda, na área da profissão militar, devemos considerar, além dessas ações, a possibilidade de mudanças no plano de carreira, fruto de medidas que deverão ser tomadas no sistema de proteção social.

Em suma, muitas são as expectativas, o que é normal. Faz parte da natureza humana controlar a ansiedade. Toda e qualquer missão que venha pela frente será muito bem cumprida. Desejamos que o novo ano transcorra dentro da normalidade e que ele seja melhor que o anterior.

Por fim, que tenhamos um excelente 2019, com trabalho, êxitos, sucessos, felicidades e infinitas realizações pessoais e profissionais. Que possamos dizer novamente, ao final dele: vim, vi e venci.

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