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Pozzobon – O Brasil na véspera…. da revolução de 30.

O Brasil na véspera…. da revolução de 30.

 

Carlos U. Pozzobon

Peço a atenção dos cientistas políticos, historiadoras, jornalistas, comentaristas e todos que conhecem a história do Brasil. A década de 20 foi marcada por escândalos de fraude eleitoral. Preciso ser breve e vou comentar aos saltos. Rui Barbosa, candidato duas vezes (a segunda contra a vontade) foi derrotado fragorosamente na contagem. Não havia eleição estadual sem fraude. O coronelismo comandava as urnas e ponto final.

Com esta insatisfação chegamos as eleições de 1930. Getúlio teve cerca de 90% dos votos no RS, uma fraude gritante, mas perdeu para Júlio Prestes nas eleições gerais para presidente.

Getúlio iniciou imediatamente uma campanha de denúncia contra o resultado eleitoral, que não foi adiante porque ele mesmo era um fraudador e a imprensa considerou a eleição de Júlio Prestes legítima.

Ocorre que poucas semanas depois, em um episódio passional que envolvia mulheres e amantes, o candidato a vice-presidente de Getúlio, João Pessoa, foi assassinado na capital da Paraíba (que se chamava Princesa). O assassino era um jornalista influente e combativo, e inimigo político dele, além de apoiador de Júlio Prestes. O episódio serviu para que a máquina getulista voltasse as baterias contra Washington Luís, que era o presidente em fim de mandato. Acusaram-no de ser o mandante do crime. Parecia uma tolice, um contrassenso, uma bobagem alguém acreditar que um presidente em fim de mandato mandasse matar um candidato que tinha sido derrotado semanas antes.

Mas em nosso surrealismo político, a acusação ganhou defensores na imprensa carioca e o caso foi ganhando volume. O enterro de João Pessoa foi preparado para servir de estopim da crise. Em vez de ser sepultado na Paraíba, seu corpo foi embalsamado e embarcado em um navio que atracava de porto em porto nas capitais para ser homenageado em praça pública com flamantes discursos contra…. a fraude eleitoral!

O episódio picaresco foi ganhando dimensões e quando o caixão de João Pessoa chegou ao Rio de Janeiro, a rebelião popular estava consumada.

Estou falando telegraficamente porque a história é emocionante e reveladora. Minha conclusão é a seguinte:

Estamos vivendo um período eleitoral semelhante. A SUSPEIÇÃO de fraude eleitoral com as urnas eletrônicas se transformou em CERTEZA. A recusa do STF em obedecer a lei do voto impresso, já antecipou o estado de espírito das máquinas partidárias de que “SE MEU CANDIDATO PERDER” foi fraude.

Como se não bastasse a síndrome da intervenção militar ter se espalhado do Oiapoque ao Chuí, revivendo o período do tenentismo, e a desordem institucionalizada ser tolerada com as vistas grossas dos herdeiros legítimos do petismo, tudo leva a crer que a possibilidade de confrontos aumenta na razão direta das pesquisas eleitorais mostrarem candidatos que já anunciaram VITÓRIA POR ANTECIPAÇÃO, e outros que, por suspeita de manipulação, vão encostando suas percentagens na margem de segurança para mais ou para menos das pesquisas.

O estado de espírito indica que, independentemente de quem ganhar as eleições, o vitorioso não assumirá o governo com a legitimidade natural das democracias. E com isso acontecendo, podemos supor que o novo governo vai começar tendo dificuldades de formar alianças e alavancar reformas. Paro aqui. Entretanto, esse assunto merece mais.

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