Nem tudo vai bem no Brasil pós-Copa, diz Le Monde

"Tudo bem… ou quase". Esse é o título de ar cético sobre o Brasil estampado pelo jornal Le Monde que chegou às bancas de Paris na tarde de sexta-feira (18). A reportagem de página inteira é assinada pelos enviados especiais do jornal ao Rio de Janeiro. O diário, que havia celebrado a boa organização da Copa, agora faz um balanço um pouco mais crítico.

Segundo os jornalistas, o Brasil diz que tudo vai bem, mas a verdade é que o país tem uma longa conta para pagar, além de precisar reconstruir seu futebol. Depois de conseguir ocultar as favelas, que o jornal classifica como "bolsões de miséria e exclusão que o boom econômico não conseguiu reduzir", o Brasil precisa enfrentar seus problemas e dúvidas. Passada a Copa, o país volta a ser apenas um dos 193 estados da ONU, "um país quase ordinário", diz o jornalista.

Crise também no futebol

O artigo ainda comete arroubos poéticos, como a frase "O Brasil apenas reforçou a sua reputação durante o mês da Copa, a de ser um lugar onde a força da vida leva tudo, principalmente as dificuldades". E afirma que a expressão mais ouvida pelos milhares de turistas que foram ao país foi "está tudo bem". O artigo, no entanto, tenta mostrar que não está, ao afirmar que boa parte dos estádios acabarão agora no abandono e se tornarão fontes de dívidas, e que as periferias de cidades como Fortaleza e Recife continuarão cheias de favelas, com apenas um terço das obras prometidas tendo sido entregues.

O Le monde afirma ainda que o principal desafio do país no futebol será conseguir reter os seus jogadores, que cada vez mais partem cedo para atuar na Europa. A crise econômica dos clubes brasileiros, a maioria endividada, também não colabora para melhorar o cenário futebolístico do país.

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