DROGAS – Serei sócio do George Soros


Sérgio de Paula Ramos

Psiquiatra e psicanalista, membro do Conselho Consultivo da
Associação Brasileira de Estudos sobre o Álcool e outras Drogas (ABEAD)

Na última terça-feira, tive a honra de acompanhar o deputado Osmar Terra e o subprocurador-geral de Justiça do Estado, Dr. Marcelo Dornelles, numa visita ao Congresso uruguaio, cujos senadores quiseram saber o que pensamos sobre a legalização da maconha, que está prestes a ser votada no país vizinho.

Como médico, que trabalha há quase 40 anos com dependentes químicos, entendi que minha missão era mostrar dados científicos. Tanto os que demonstram os malefícios do uso de maconha, sobretudo em jovens, quanto os que evidenciam o que aconteceu com os países que de alguma forma afrouxaram as leis sobre o consumo dessa droga.

Sobre os danos: o uso de maconha, já está bem demonstrado, causa declínio da produção escolar e acadêmica, aumento da evasão da escola, está associado com aumento na prevalência de esquizofrenia, depressão e acidentes de trânsito, bem como aumenta a chance, em alguns casos em até 60 vezes, de o usuário envolver-se com outras drogas. Esses dados autorizam-nos a prever que as despesas de Estado aumentarão e que o narcotráfico sairá fortalecido, pois, como acabo de informar, aumentará a chance de envolvimento com outras drogas.

Quanto ao ocorrido nos países que, de alguma forma, liberaram seu consumo, parcial ou totalmente, os dados falam por si: Portugal, Reino Unido e alguns estados dos EUA viram o consumo de maconha dobrar. Em Portugal, aumentou também o das demais drogas. O conjunto desses dados está disponível na internet em relatórios de organismos internacionais independentes. Então, a pergunta que fica é: se o consumo de drogas aumentará e com ele os problemas associados, quem pode estar interessado em sua liberação?


Recentemente, o presidente Mujica entrevistou-se em NYC com os megainvestidores George Soros e Rockefeller. Ambos totalmente a favor da proposta uruguaia. Pelo que li nos periódicos uruguaios, a empresa Monsanto também poderia se interessar pelo negócio, fora a indústria do tabaco, ávida por encontrar mercados alternativos, depois de ver minguar o nicho de fumantes.

A saúde pública sairá perdendo, o país também, mas parece que o interesse desses investidores não se preocupa com isso. Com o tabaco, demoramos um século para poder conter a sede de lucro a qualquer preço; e, com a maconha, como será? Esses investidores, inclusive a indústria do tabaco, lucrarão. Infelizmente, no entanto, eu também, pois aumentará o número de pacientes, mas, como sabem, os médicos são profissionais bastante atípicos: nós queremos sempre que nosso mercado diminua e, para isso, vivemos insistindo em prevenção.

No Uruguai, o mercado da droga se expandirá. Repito, infelizmente, acabarei sendo sócio do senhor George Soros. Como dizem os uruguaios, qué vergüenza.

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