PCC planejava resgatar cúpula com caminhão blindado

Rogério Pagnan


A polícia de São Paulo descobriu, no mês passado, um ambicioso plano de resgate de chefões do PCC presos na penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP).

Na unidade ficam os chefes  da facção, como Marco Camacho, o Marcola, e outros criminosos que comandam cerca de 30 mil pessoas país afora, dentro e fora de prisões —segundo polícia e Promotoria.

O plano do grupo era usar um caminhão guincho, grande e pesado, preparado especialmente para a ação com chapas de aço. A proteção serviria para resistir a tiros da polícia e, ao mesmo tempo, ajudar a derrubar os muros da prisão.

Já no pátio externo, ganchos  do guincho seriam usados para arrancar as grades das celas dos chefões. O plano, revelado pelo SBT, era resgatar até seis integrantes.

Os detalhes desse plano estão em carta apreendida por PMs durante uma operação em Suzano (Grande SP) na casa de um suspeito de participar de roubos a carros fortes.

Na casa do suspeito, morto na ação, foram apreendidos mais de R$ 200 mil, além de armas e uma carta com as instruções até de como o caminhão deveria ser montado.

A mensagem é atribuída a Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden, um dos chefes do PCC presos em Venceslau e, aparentemente, dono do plano e um dos alvos do resgate.

A operação estava estimada em mais de R$ 500 mil, segundo os próprios criminosos, porque incluía a compra de armas e de mais veículos envolvidos na ação.

Na carta, Bin Laden fala na venda de um sítio para angariar recursos. “Vamos nos virar nos 30. Empenhar e vender até o que não temos, senão vamos morrer de velhos aqui”, diz trecho da carta, à qual a Folha teve acesso.

Além do caminhão guincho blindado seriam usados também duas ou três caminhonetes com homens armados —incluindo de fuzil .50 (capaz de derrubar aeronaves)—  para apoio, mais uma van grande e, ainda, um caminhão baú que seria explodido em frente ao quartel da Polícia Militar da cidade.

“Para a PM não sair de lá [do quartel]. […] Vamos fazer também várias bombas de pólvora só para fazer barulho forte, tipo extintor de carro com pólvora”, diz novo trecho.

As explosões serviriam para, além de provocar pânico nos moradores, ocupar a PM enquanto o caminhão blindado seguiria para um sítio distante a cerca de 2 km do presídio —onde os bandidos esperariam o melhor momento prosseguir na fuga.

“É um plano seguro e garantido para todos, 100% seguro. […] Possivelmente, nem será preciso sacar a arma.”

A ideia de Bin Laden era usar, se possível, algum caminho subterrâneo para não serem detectados pela polícia. Não fica claro, porém, como isso se daria na prática.

Silva não menciona quais presos seriam resgatados no “caveirão” do PCC, mas ele fala em quatro alvos principais. Ele está preso no pavilhão 1 da penitenciária 2 de Venceslau, onde também fica Marcola.

Em 2014, em outro plano de resgate descoberto pela polícia paulista, os alvos eram Marcola, Bin Laden e outros dois criminosos (Cláudio Barbará  e de Luiz Eduardo Marcondes, o Du Bela Vista).

Na ocasião, a ideia dos bandidos era utilizar helicópteros, que içariam (com um cesto) os quatro do pátio do presídio e os transportaria ao interior do Paraná. De lá, um avião os levaria até o Paraguai.

Atualmente, Bin Laden está no RDD (Regimento Disciplinar Diferenciado), em Presidente Bernardes (SP). Bilhetes atribuídos a ele foram apreendidos pela Secretaria da Administração Penitenciária) durante vistoria.

Tais bilhetes deram início à investigação Echelon (escalão, em grego) e culminou com a denúncia contra 75 pessoas.

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