Cel Montenegro – Narcorepública de São Paulo, Cocachavismo e FARC nas Urnas

Coronel R1 Fernando Montenegro

Comandou a Ocupação do Complexo do Alemão / Operador de Forças Especiais do Exército / Professor/ Jornalista

Publicado jornal Hora Extra

NARCOREPÚBLICA PAULISTA

Algum tempo atrás, o jornal Estado de São Paulo publicou uma reportagem que confirmava ter ocorrido uma negociação entre integrantes do Governo de São Paulo e o Primeiro Comando da Capital (PCC) por ocasião da crise de 2006. A manchete de primeira página dizia que a ratificação dessa informação veio do Delegado da Polícia Civil Luís Ramos Cavalcante, que teria participado da reunião com Marcola e registrado essa tratativa ao longo de um depoimento num processo judicial que investiga a ligação de advogados com organizações criminosas.

Esse episódio singular e lamentável da história brasileira, retratado de forma “ficcional” no filme “Salve Geral”, atingiu números de violência impressionantes nos meses de maio a julho de 2006, quando foram atacados quase 800 alvos, sendo:  293 ônibus, 86 residências de policiais, 73 bancos e centenas de vítimas. A Megalópole de 14 milhões de habitantes ficou paralisada por vários dias causando enormes prejuízos à economia e à qualidade de vida da população.

O Livro “Ações Terroristas do Crime Organizado”, do PhD e Coronel da PMSP Eduardo de Oliveira Fernandes, estuda a onda de ataques de 2006; e o livro “Laços de Sangue”, do Procurador de Justiça de SP Marcio Christino registra essa negociação entre integrantes do Governo de SP e o PCC. O Governador do estado de São Paulo naquela ocasião era Geraldo Alckim.

Infelizmente o brasileiro tem memória muito curta e a quantidade de desvios de conduta que ocorre é tão grande que as pessoas não conseguem identificar quem apoia quem. Valendo-se de um discurso de apoio à juventude, bandeirolas, faixas, bandas e batucadas; o atual Governador do estado de São Paulo, Sr Geraldo Alckim apareceu faz poucos anos fazendo campanha para “Ney Santos”, candidato a Deputado em São Paulo.

Algum tempo atrás, a Rede Record de TV divulgou que Claudiney Alves dos Santos (Ney Santos) é um ex-presidiário que agora volta a ser investigado pela Polícia Federal por enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital. Numa operação que envolveu mais de 80 policiais, foram apreendidos vários bens como um veículo da marca Ferrari avaliado em 1,5 milhão de reais e também um Porsche. Vários documentos e computadores foral levados para averiguação. Esse candidato já possuía uma lastimável ficha criminal violenta desde os 19 anos de idade.

Ney Santos, como prefere ser conhecido (Ney Gordo no submundo do crime), foi preso em flagrante após roubar malotes de dinheiro de uma transportadora de valores em 2003. Naquela oportunidade foi condenado, cumpriu pena e já em 2006 já estava em liberdade (coisas do Brasil). Desde então, o “prodígio” conseguiu acumular uma fortuna superior a 50 milhões de reais. Segundo a polícia, ele é proprietário de 30 postos de combustíveis, duas mansões. Envolvidos nas atividades comerciais do Sr Ney Santos também foram identificados alguns de seus parentes, que também são chamados a prestar depoimentos na polícia.

De maneira bizarra, mesmo sendo considerado pelo Ministério Público como comandante do tráfico de drogas da zona oeste da Grande São Paulo pelo PCC, Ney Santos foi eleito Prefeito de Embu das Artes, na mesma região. Ficam aqui alguns questionamentos:

– Sem entrar em considerações jurídicas, como é que, eticamente, O STF concedeu um habeas corpus para que ele pudesse chegar até essa posição

– Porque políticos com a visibilidade de Geraldo Alkmin e Pastor Marco Feliciano apoiam a candidatura de Ney Santos?

– Como é possível que os eleitores de Embu das Artes tenham votado nele?

– Será que essas urnas eletrônicas dessa tal de Smartmatic são realmente confiáveis?

–  Como é possível partidos políticos aceitarem a filiação de um candidato com um Histórico desses?

 (Nota DefesaNet Recomendamos a leitura Depois de Corromper a Polícia PCC investe na Política Link)

CONEXÂO NARCOCHAVISMO e FARC

Estive em Caracas duas vezes entre 2001 e 2005, não gostei muito do que vi naquela época. Muita violência, corrupção e pessoas desesperadas para trocar a moeda local pelos meus dólares. Conversei recentemente com pessoas que foram a trabalho na Venezuela e passaram até três anos e outros que tem familiares que não conseguem fugir de lá. Alguns conviveram com militares e outros funcionários do governo de Chavez e Maduro. Do que eu pude assimilar, Chavez, oficiais das Forças Armadas e da alta administração aproximaram-se das FARC para sabotar o Presidente Uribe da Colômbia e passaram a considerar a cocaína uma outra fonte de renda.

Desde 1999 foi construído na Venezuela um discurso antiamericano em que os atores associados a ele seriam os opositores ao governo chavista e representariam o maior risco a Segurança Nacional. A própria Lei Orgânica contra o crime organizado (2005) na Venezuela se distanciava das considerações do departamento da ONU contra as Drogas e o Crime-UNODC, ao considerar o crime transnacional organizado como um comportamento de natureza política além de econômica, conforme está inicialmente estipulado. Da mesma forma, se evidencia um elevado incremento da violência e insegurança entre 1999 e 2010.

Em 2008, o então Presidente Álvaro Uribe teve uma invulgar coragem política ao determinar uma ação militar contra as FARC. Aeronaves Super Tucano, de fabricação brasileira, bombardearam um acampamento da guerrilha que ficava em território Equatoriano, gozando da permissividade de Rafael Correa, presidente bolivariano do Equador. Na sequência coordenada, integrantes das Forças Especiais da Colômbia foram ao local de helicóptero, confirmaram a morte do narcoterrorista Raúl Reyes e levaram computadores com vários arquivos. Após a análise de 5.700 mensagens encontradas nos computadores, foram confirmadas conexões das FARC com Hugo Chavéz, Partido dos Trabalhadores (Brasil), Cuba e Rafael Correia, todos frequentadores do Foro de São Paulo.

Se formos a Miami atualmente, será fácil perceber uma fuga em massa de colombianos após o Presidente Santos suceder o ex-Presidente Uribe. Na opinião unânime deles e dos colombianos que conheço, principalmente as pessoas de melhor nível, é que o atual presidente reavivou as FARC, ampliou o cultivo de coca e a produção de pasta base de cocaína triplicou. Isso teria como objetivo eleger os integrantes do alto escalão das FARC para o Governo e o Congresso.

Colômbia e Venezuela sempre tiveram uma rivalidade histórica, seja por causa do litígio de fronteiras no lago Maracaibo seja por causa do discurso antiamericano de Chavéz, agravado pelo alinhamento de Uribe com os EUA. O fato é que, após a ascensão do Presidente Santos, nunca mais houve desentendimento entre a Colômbia e a Venezuela, que está infestada de cubanos, segundo relatos dos venezuelanos que chegam a Roraima e à Flórida. Dedução minha: O Presidente Santos tem apoiado veladamente Maduro.

Os militares e especialistas de outros países que tenho acompanhado desconfiam do evento midiático da deposição das armas das FARC. Pode-se perceber nitidamente que mudaram a estratégia de chegada ao poder, aderiram ao “Gramscismo”, suspendendo por enquanto as vias “campesina” e a “foquista” que aprenderam inicialmente com os cubanos. Ao perceberem que estavam perdendo a guerra da comunicação estratégica e passaram a investir pesado em Operações Psicológicas. Identificaram que as imagens de sequestros, extorsões e atentados haviam surtido efeito até certo ponto, mas com a chegada da Era da Informação, a imagem associada à violência ficou desgastada.

Começaram a produzir conteúdos para a internet durante a ilegalidade das FARC em uma base estabelecida em Cuba e verificaram que atingiam bons resultados. Atualmente produzem vídeos em estúdios que são veiculados através de um portal da internet que possui conteúdos em cinco idiomas (Espanhol, Inglês, Português, Alemão e Italiano). Até mesmo o símbolo mudou, no website consiste em duas mãos se apertando formando um coração e nas bandeirolas de eventos políticos é uma rosa vermelha; e o lema passou a ser “La paz está em nuestro corazón”.

No próximo domingo, 18 de março de 2018, as FARC irão inaugurar sua estreia como partido político legal. O acordo político de deposição das armas em 2017, bastante promovido politicamente por Santos, envolve cinco cadeiras cativas para candidatos das FARC no Senado e mais cinco na Câmara de deputados. Aparentemente as FARC estão seguindo o mesmo caminho das organizações revolucionárias brasileiras após os militares terem concedido anistia a revolucionários, terroristas e subversivos que praticavam a luta armada com sequestros de aeronaves e de diplomatas, realizavam execuções e explodiam bombas; muitos desses anistiados estão sendo presos agora por corrupção e lavagem de dinheiro. Espero ceticamente que os colombianos observem a experiência brasileira e sejam mais criteriosos na escolha dos políticos e exijam que a sua justiça funcione.

A Colômbia hoje está infestada das BACRIM (Bandas Criminales), facções de crime organizado que sucederam os famosos cartéis de Calli e de Medellín dos anos 1980 e 1990. Aparentemente o Presidente Santos reduziu bastante o ímpeto do combate aos narcos. Sabemos que desde os tempos de Pablo Escobar, a cocaína mostrou ser uma excelente fonte de receita para “catapultar” políticos em campanhas. Se essa prática pode ser viável no Brasil, na Colômbia mais ainda, pois é um dos três maiores produtores dessa droga no mundo.

Em nosso vizinho colombiano, a mineração ilegal de ouro e de esmeraldas, além do tráfico de madeiras têm sido problemas mais evidentes na região amazônica. Agravando o contexto, a extorsão e prestação de serviços de segurança privada ilegal são práticas herdadas dos grupos paramilitares e cada vez mais difundidas. Também é grave o contexto do contrabando que tem sido apropriado pelas BACRIM, especialmente os “urabeños” que coordenam as atividades entre a Venezuela e a Colômbia, principalmente no tocante a gasolina e alguns produtos agrícolas para alimentação.

O PCC de São Paulo tem apoio de Maduro, das FARC e do Presidente da Colômbia. Se formos ligar os pontos e verificar a quem Governador Alckmin andou apoiando em campanha política passo a exprimir meu receio de que o Brasil possa estar acelerando uma transformação para o país virar um narcoestado. Tomara que eu esteja enganado!

O conceito consagrado de Estado envolve três elementos: Território, População e Soberania. Os dois primeiros constituem a dimensão física e é sobre eles que a soberania é exercida. A soberania precisa ser absoluta, indelegável e incontestável. A partir do momento que o governo de um estado aceita o apoio ou negocia a soberania com um ator não estatal personalizado por uma facção criminosa ou terrorista é perdida a legitimidade conquistada nas urnas, isso é muito grave.

 Hoje, temos em São Paulo mesmo Governador daquela época (Alkmin) na direção do estado e prestando suporte político a uma pessoa de reputação invulgar que possui muitos recursos para financiar campanhas políticas e atingir uma imunidade parlamentar. Realmente os brasileiros precisam urgentemente aprender a escolher melhor seus políticos se quiserem sair da crise que se estende faz tempo.

Encerro minhas palavras com uma frase de Nicolau Maquiavel:

“Quem num mundo cheio de perversos pretende seguir em tudo os ditames da bondade, caminha inevitavelmente para a própria perdição.”

 

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