EDITORIAL OESP – A escalada do PCC

Editorial OESP

27 Abril 2017

Enquanto as autoridades dos vários Estados onde ele está implantado – a começar pelas de São Paulo, onde nasceu e tem sua principal base – preferem adotar a tática do avestruz, que esconde a cabeça em buraco para não ver o perigo, o Primeiro Comando da Capital (PCC) continua a crescer, diversificando suas atividades, alargando sua área de influência no universo do crime organizado e promovendo ações cada vez mais ousadas para encher seus cofres.

 

O assalto à transportadora de valores Prosegur em Ciudad del Este, no Paraguai, na fronteira com o Brasil, na madrugada de segunda-feira passada – no qual os bandidos levaram quantia estimada em US$ 40 milhões –, é apenas o mais recente de uma série iniciada em São Paulo. Repetiram-se ali, em linhas gerais, as mesmas táticas empregadas nas ações anteriores, que misturam rigoroso planejamento, armas modernas – fuzis e metralhadoras –, explosivos e muita audácia.

 

Distribuídos em vários veículos, 30 bandidos cercaram os acessos à transportadora, derrubaram muros, queimaram carros e jogaram pregos nas vias para dificultar a chegada dos policiais e, senhores da situação durante quatro horas, tiveram tempo suficiente para fazer meticulosamente o que queriam. Quando a polícia finalmente venceu o cerco e atacou os assaltantes, no tiroteio morreram três deles e um policial. A maior parte dos bandidos conseguiu atravessar a fronteira com o Brasil, onde 14 foram presos, todos brasileiros, e foi recuperado cerca de US$ 1,4 milhão.

 

Menos que o caráter espetacular da ação, que impressiona e amedronta a população, o que mais chama a atenção nela é a capacidade de planejamento e execução do PCC. Investigações da polícia paulista mostram que o núcleo de planejamento do PCC promove o levantamento de informações da rotina da empresa a ser atacada e terceiriza a execução da tarefa, contratando bandidos de fora, que são divididos em grupos treinados para cada uma das partes da operação, como transporte de armas, manipulação de explosivos, invasão do local e contenção da polícia.

 

Ilude-se quem ainda pensa que quem comanda o PCC são bandidos broncos, valentões que controlam presídios – onde orientam chacinas de grupos adversários – e ordenam crimes fora deles. O PCC não deixou de ser isso, mas faz tempo que é muito mais. Transformou-se numa organização criminosa sofisticada, nos moldes da máfia italiana. Diversificou suas atividades, sendo hoje o tráfico de drogas a mais rentável delas. O dinheiro de assaltos como o de Ciudad del Este serve para sustentar e financiar a organização, que não para de crescer.

 

Cenas iguais às da cidade paraguaia já foram vistas no ano passado em Campinas (assalto à empresa Protege), em abril em Santos e em julho em Ribeirão Preto (esses dois à Prosegur). Calcula-se que os assaltos realizados nos últimos dois anos renderam cerca de R$ 250 milhões ao PCC.

 

Para lavar o dinheiro de drogas, a organização criminosa lança mão de vários expedientes, entre eles o uso de parte do serviço de vans da capital, segundo denúncia do Ministério Público Estadual à Justiça, em 2014. No exterior, para onde ela se volta cada vez mais, tem relações com a ‘Ndrangheta, um dos ramos da máfia italiana, como sustenta o Ministério Público Federal.

 

Diante dessa situação que se agrava continuamente, com a expansão metódica do PCC, causa espanto a inércia do governo paulista. O governador Geraldo Alckmin insiste em sua velha tese de que tudo o que é possível está sendo feito para combater o PCC, apresentando – como fez no passado – números que demonstrariam os progressos conseguidos, como o da prisão de 175 integrantes da organização.

 

Como explicar então que o PCC tenha o tamanho e a importância que suas ações espetaculares demonstram, corroboradas por investigações de sua própria polícia e pela ação do Ministério Público? Está mais do que na hora de os governos estaduais, a começar pelo de São Paulo, acordarem.

Nota DefesaNet

O Editorial de O Estado de São Paulo é politicamente correto e foge covardemente do ponto principal. O Primeiro Comando da Capital (PCC) não é uma gangue criminal. É o braço armado de uma Organização Criminosa montada em redor de um Partido Político para a tomada do Estado Nacional.

Enquanto a Lava-Jato trata de uma ficção jurídica o Caixa Dois, e contorna o principal foco que é o crime de Traição e Lesa-Pátria.

Mas isto foi o que a Sociedade Brasileira delimitou à Justiça Federal de Curitiba como o limite máximo de investigação.

No mais segue o processo de Guerra Híbrida na tomada do Estado.

O Editor

 

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter