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Ação do PCC assusta o Paraguai

As polícias do Brasil e do Paraguai acreditam que o Primeiro Comando da Capital (PCC) está envolvido no assalto milionário à empresa de transporte de valores Prosegur, em Ciudad del Leste, no Paraguai, na madrugada de ontem.

Pelo menos 30 homens usando armamento de guerra, como metralhadora ponto 50 (capaz de derrubar helicóptero), fuzis e explosivos roubaram US$ 40 milhões (R$ 120 milhões). Um policial morreu e quatro pessoas ficaram feridas na ação e na perseguição. Foi o maior da história do país.

Segundo a polícia do Paraguai, por volta da 0h30, grupos divididos em vários veículos cercaram os acessos à transportadora e derrubaram os muros com explosivos e tiros de fuzis e metralhadoras.

A ação durou quatro horas e os bandidos queimaram carros e jogaram pregos (miguelitos) na via para dificultar a chegada dos policiais. Parte da quadrilha conseguiu cruzar a fronteira e passar para o lado brasileiro por volta do meio-dia, via Lago de Itaipu.

No caminho, trocaram tiros com a polícia. Três bandidos acabaram mortos e as armas usadas na ação foram apreendidas. Veículos foram roubados para fuga e propriedades rurais invadidas. Um homem acabou ferido com dois disparos ao tentar embarcar para São Paulo na Rodoviária de São Miguel do Iguaçu, onde foi preso.

A polícia acredita que os integrantes do grupo se dividiram na fuga e apenas 10 a 12 integrantes teriam passado para o lado brasileiro. O ministro do Interior do Paraguai, Lorenzo Lescano, disse que “tudo aponta para o PCC”. Ele ressalta que os veículos usados tinham placas do Brasil e os criminosos fizeram diálogos fluentes em português. “Vão, vão, não olhem para trás, diziam às testemunhas.”

O clima em Ciudad del Leste após o assalto era de tensão. A residência de um casal de idosos na frente da empresa ficou parcialmente destruída. Com medo, Alejandro Anisimoff e a mulher permaneceram por três horas escondidos embaixo da cama. Nove escolas municipais suspenderam as aulas. O mesmo ocorreu na Universidade UPAP, onde estudava o policial morto, Sabino Benítez.

LOGÍSTICA

Em nota, o presidente Michel Temer lamentou o fato e colocou a Polícia Federal à disposição do Paraguai. Para o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, o PCC espalhou essa modalidade de roubo para outras quadrilhas do Brasil e da América do Sul.

“A ação foi idêntica aos roubos às empresas de transportes de valores no interior de São Paulo. Não há dúvida da participação do PCC, seja no planejamento, seja na execução ou no uso das armas”, disse. No fim de 2015 e começo de 2016, o PCC roubou mais de R$ 140 milhões em ataques contra transportadoras de valores, em Campinas, Santos e Ribeirão Preto, cidades do interior paulista.

Segundo as investigações, o PCC controla o tráfico de drogas e armas na fronteira com o Paraguai desde a morte de Jorge Rafaat Toumani, em uma emboscada em Pedro Juan Caballero, em junho de 2016.

Ele atuava como intermediário do crime organizado no comércio de cocaína, maconha e armamento pesado, e foi morto com tiros de ponto 50, que perfuraram o carro blindado. Depois da morte de Rafaat, houve ao menos 38 execuções na fronteira, em um processo de eliminação dos supostos colaboradores dele.

Forças de segurança prendem 8 suspeitos em Foz do Iguaçu¹

Forças de segurança prenderam oito suspeitos de envolvimento no assalto com explosivos à empresa de segurança patrimonial Prosegur em Ciudad del Este, no Paraguai, na segunda-feira, informou a Polícia Federal brasileira em comunicado nesta terça.

As operações, realizada na região de Foz do Iguaçu, também apreenderam seis fuzis, dois barcos e sete veículos, e contaram com a participação da Polícia Rodoviária Federal e das polícias Militar e Civil do Paraná, de acordo com a PF.

O assalto ocorrido na madrugada de segunda-feira ao edifício da Prosegur deixou um policial e três suspeitos mortos, e gerou uma perseguição que se estendeu até o Brasil.

Um relatório interno da polícia paraguaia disse que 15 carros foram incendiados durante o assalto, do qual teriam participado integrantes do chamado Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores organizações criminosas do Brasil.

Um assessor da Prosegur não confirmou a quantidade de dinheiro roubada, mas garantiu que o valor é muito inferior aos 40 milhões de dólares citados por alguns meios de comunicação.

Ciudad del Este, a segundo maior cidade do Paraguai e capital do Departamento Alto Paraná, é localizada a 350 quilômetros de Assunção na região da tríplice fronteira entre Paraguai, Brasil e Argentina. A região ganhou fama no passado como local de contrabando e falsificações.

¹com Reuters

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