Suécia – Retoma o conceito de Defesa Total

 

Nelson Düring

Editor-chefe DefesaNet

 

A Suécia desenvolveu a partir dos anos 50, um conceito particular de Defesa, com a experiência da Segunda Guerra Mundial quando conseguiu permanecer neutra. O envolvimento integrado da população civil, atividades industriais e o desenvolvimento de Forças Armadas para que tornassem o país um combatente único.

E para os potenciais inimigos um ataque à Suécia seria uma grande incerteza para o atacante. Isto manteria a neutralidade da Suécia o momento em que dois blocos crescem como opositores A Organização do Tratado do Atlântico Norte e o Braço Armado da União Soviética o Pacto de Varsóvia.

Em todos as projeções de conflito a Suécia tinha uma participação crucial:

1 – Operações no Mar Báltico, e,

2 – O Objetivo Soviético de impedir quaisquer ações via Suécia ou Noruega contra as Bases Navais de submarinos nucleares no norte da Rússia.

A União Soviética não considerava a neutralidade da Suécia pois em caso de conflito acreditava que o país estaria alinhado com a OTAN (mesmo que de forma discreta). Embora não integrasse a estrutura militar da Organização do Atlântico Norte.

Um ponto importante da Defesa Total da Suécia era uma indústria de defesa independente. Assim empresas tais como : Bofors, SAAB, Kockuns, Scania, Ericsson, produziam sistemas avançados de forma independente para as Forças Armada Nacionais e para mercado externo.

Surge a indústria aeronáutica da Suécia, que de forma independente produz gerações de caças, após a Segunda Guerra Mundial.

A Flygvapnet (Aviação Sueca) é considerada a primeira linha de defesa do país.

Para isto produz equipamentos em conceitos únicos no mundo. Em especial na questão de manutenção simplificada e a operar disperso sem a necessidade de estar sediados em Base Aéreas.

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Assim as aeronaves usam um conceito único de “rodopista”, que é o desdobramento das aeronaves e toda a parte logística, usando rodovias públicas e o emprego sistemas de camuflagem e pontos de reabastecimento pré-preparados.

Comentário que deixa um sueco orgulhoso é que a 3ª Guerra Mundial foi disputada na Suécia.

Nos anos 80 para pressionar o Governo da Suécia membros das Forças Especiais russas Spetsnaz, travestidos de vendedores de livros ou produtos de ferragem, visitaram as casas de TODOS os pilotos de caça suecos, oferendo seus produtos.

Imediatamente o Serviço Secreto Sueco identificou que eram agentes russos. A mensagem era clara: “Não sabemos onde estão seus caças mas conhecemos a casa de cada piloto”.

Este ponto pode ser identificado no folheto lançado esta semana pelo Governo da Suécia através da Swedish Civil Contingencies Agency  (MSB).

AURORA 17

A Suécia realizou as maiores manobras em 25 anos, no ano passado (2017). As manobras Aurora 17 mandaram várias mensagens, como a paulatina integração da Suécia na estrutura da OTAN (tropas da França e Estados Unidos participaram) e regional com Finlândia.

Em análises posteriores o Chefe das Forças Armadas Suecas, general Micael Bydén foi claro em alertar que velhas capacidades tinham de ser recompostas. Não tanto nas áreas de combate mas a preparação da sociedade civil aos esforços da defesa.

Retomar as operações da Flygvapnet em “rodopistas” e desdobrar mais capacidades. Também proteger mais as unidades navais e incorporar mais soldados.

Como medida inicial na área de defesa a Suécia iniciou negociações para adquirir o sistema de defesa aérea Patriot da Raytheon (segundo fontes por U$ 1,2 Bilhão).

Como consequência da Aurora 17 surge a publicação “IF CRISIS  OR WAR COMES”, lançada esta semana. Procurando adotar um tom não alarmista, mas claro, em identificar as questões relevantes, que afetam a defesa da Suécia:

      Preparação para emergências;

      Fake News;

      Ataques Terroristas;

      Preparar sua casa, e,

      Defesas e Ataques Militares contra a Suécia.

A publicação com 20 páginas será distribuída a 4,8 Milhões de residências da Suécia. A publicação deste gênero foi publicada em 1943, no período da 2ª Guerra Mundial. No conflito a Suécia permaneceu neutra.

 

Para o Povo da Suécia

 

Esta publicação será enviada a todas as residências na Suécia por ordem do Governo da Suécia. A Agência Civil de Contingências (Swedish Civil Contingencies Agency – MSB) é responsável pelo seu conteúdo.

 

O objetivo da publicação é de ajudar-nos a melhorar a preparação para tudo, desde acidentes graves, condições climáticas extremas, ataques de internet a conflitos militares.

Muitas pessoas podem sentir uma sensação de ansiedade quando confrontadas com um mundo incerto. Embora a Suécia seja mais segura que muitos outros países, ainda existem ameaças à nossa segurança e independência.

Paz, liberdade e democracia são valores que devemos proteger e reforçar diariamente.

Poderes públicos, conselhos e regiões do condado, municípios, empresas e organizações são responsáveis ??por garantir que a sociedade funcione. No entanto, todos que moram na Suécia compartilham uma responsabilidade coletiva pela defesa e segurança de nosso país

Quando estamos sob ameaça, nossa disposição para ajudar –nos um ao outro é um dos nossos ativos mais importantes.

Se você está preparado, você está contribuindo para melhorar a capacidade do país como um todo para lidar com períodos de crise.

A Força Aérea Brasileira tinha a intenção de realizar um leasing de ao menos 6 aeronaves Gripen C/D da Flygvapnet. Porém, já em 2015, o General Bydén declarou à DefesaNet, que não via naquela oportunidade condições de dispor destas aeronaves devido as condições geopolíticas da região.

Na segunda-feira (21MAIO2018) a Suécia inaugurou a unidade P18 na ilha de Gotland. Em solenidade com a presença do Rei Gustavo Adolfo XVI. O primeiro-ministro Stefan Löfven foi claro em entrevista à Radio SVT: "Discurso sem poder militar é inútil!"

IF CRISIS OR WAR COMES – IMPORTANT INFORMATION FOR THE POPULATION OF SWEDEN on Scribd

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