França e Alemanha resistem a plano dos EUA para maior atuação da OTAN contra Estado Islâmico

A França e a Alemanha estão resistindo a um plano de autoridades dos Estados Unidos para que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) desempenhe um papel maior na luta contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque, o que se alinharia com pedidos do presidente dos EUA, Donald Trump, para que a aliança atue mais no combate ao terrorismo.

Muitos membros da aliança acreditam que o plano será anunciado em Bruxelas na próxima quinta-feira, quando Trump irá participar de sua primeira cúpula da OTAN, mas a França e a Alemanha têm receios, disseram aliados envolvidos nos debates.

Entre as preocupações estão: que a OTAN se veja presa em mais uma mobilização militar custosa semelhante à do Afeganistão, que irrite alguns países árabes ou arrisque um confronto com a Rússia na Síria.

"Eles não estão engolindo essa", disse um diplomata europeu veterano na OTAN, segundo o qual algumas outras nações, incluindo a Grécia e a Itália, também estão receosas com a proposta.

"Eles querem saber que diferença faria. Todos os 28 aliados da OTAN já são parte deste esforço", disse o diplomata, se referindo à coalizão de 68 nações liderada pelos EUA que combate o Estado Islâmico e que inclui todos os membros da OTAN.

Autoridades francesas e alemãs não quiseram comentar, mas a chanceler alemã, Angela Merkel, deixou em aberto a possibilidade da OTAN como instituição se juntar à coalizão quando se reuniu com o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, na semana passada. Ambos descartaram qualquer função de combate para a OTAN na Síria e no Iraque.

O novo presidente francês, Emmanuel Macron, terá um almoço com Trump – que no mês passado voltou atrás em sua afirmação anterior de que a OTAN está 'obsoleta' por não estar 'lidando com o terror' – antes da reunião de Bruxelas na próxima quinta-feira.

Embora o Estado Islâmico esteja prestes a ser derrotado em seu reduto iraquiano de Mosul e se preparando para um ataque contra sua capital síria de fato em Raqqa, autoridades dos EUA temem que a fuga dos militantes crie um vácuo que poderia levar combatentes tribais árabes a se voltar uns contra os outros para ganhar controle.

Autoridades norte-americanas dizem que a OTAN como instituição poderia contribuir com equipamentos, treinamento e o conhecimento que acumulou liderando uma coalizão contra a Al Qaeda e o Taliban no Afeganistão. Os chefes militares da OTAN são a favor da medida, segundo o general Petr Pavel, presidente do conselho do comitê militar da aliança.

Diplomatas disseram que isso poderia significar que a OTAN usaria seus aviões de vigilância sobre a Síria, realizaria operações de comando e controle e forneceria reabastecimento aéreo.

Estado Islâmico ataca vilarejo perto de principal estrada da Síria e deixa mortos

 Estado Islâmico atacou um vilarejo próximo da principal estrada entre Aleppo e Homs nesta quinta-feira, matando muitos moradores, informaram a mídia estatal da Síria e um grupo de monitoramento da guerra.

O grupo jihadista perdeu recentemente grandes faixas de território na Síria depois de uma rápida expansão em 2014 e 2015, e agora está sendo atacado por uma coalizão de milícias árabes e curdas apoiada pelos Estados Unidos, além do Exército, que tem auxílio da Rússia.

Entretanto, o grupo ainda realiza contra-ataques ocasionais, como um avanço veloz em dezembro para capturar Palmira, que controlou durante várias semanas antes de o Exército retomar a cidade.

Os insurgentes disseram em uma rede social que capturaram o vilarejo de Aqarib al-Safi, mas a agência de notícia estatal Sana disse que o ataque foi repelido.

A agência disse que combatentes do Estado Islâmico mataram 20 pessoas no vilarejo antes de o Exército e milícias aliadas os expulsarem. O grupo de monitoramento Observatório Sírio para Direitos Humanos informou que os confrontos ainda estão acontecendo na área e no vilarejo de Al-Saboura.

Segundo o Observatório, ao menos 34 pessoas, incluindo civis e combatentes dos dois lados, foram mortos e dezenas de pessoas ficaram feridas.

Muitas das pessoas que moram naquela região da Síria pertencem a uma seita derivada do islamismo xiita, e seriam consideradas pelo Estado Islâmico como infiéis. Em 2015, o grupo radical matou 46 civis em uma cidade próxima, disse o Observatório.

Sediado no Reino Unido, o Observatório disse que ao menos 15 dos mortos eram civis, sendo cinco crianças, e que três deles tiveram mortes semelhantes a execuções.

Os vilarejos se localizam ao norte de Al-Salamiya, perto da única estrada ainda utilizável entre Aleppo e outras partes da Síria controlada pelo governo.

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