Humberto Trezzi
Zero Hora
24 Fevereiro 2020
O Brasil pode ter um importante papel como mediador no conflito na Ucrânia, que opõe militares daquele país e guerrilhas simpatizantes da Rússia. Caso o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprove uma missão de paz, é forte a tendência de que sejam brasileiros os "capacetes azuis" a liderar o esforço de pacificação daquela região no Leste europeu. A guerra, que alterna períodos de intensos combates com outros de cessar-fogo, já deixou 14 mil mortos em seis anos _ dos quais 10 mil são civis _ e dois milhões de desalojados.
A Ucrânia perdeu para a Rússia, em 2014, o território da Crimeia. Outros territórios ucranianos, das regiões de Donetsk e Luhansk, foram ocupados parcialmente por forças paramilitares pró-russas, mas essas regiões os ucranianos decidiram não ceder e aí está a razão principal da guerra. É a maior crise entre Ocidente e Rússia desde o fim da União Soviética.
A depender da vontade ucraniana, o Brasil é um dos favoritos para atuar nessa região, chamada Donbass. É visto como um país sem ambições imperialistas, com tradição de não intervenção. Mantém também boas relações com a Rússia, apesar do recente alinhamento do governo Bolsonaro com o grande adversário russo, os EUA.
O Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia Chanceler Vadym Prystaiko, deu alguns números em apresentação na ONU, 22FEV2020
Territórios Ocupados – Cerca de 44.000 km2, cerca de 7% estão ocupados Baixas – 14.000 Mortos (militares e Civis) e 27.000 Feridos Refugiados Internos: Cerca de Dois Milhões de residentes na Crimeia e Donbass
Ajuda Humanitária – A situação nas áreas de Donetsk e Luhansk continua a se deteriorar. Mais de 3,4 Milhões de pessoas requerirão Ajuda Humanitária, em 2020. Cerca de meio milhão nas áreas afetadas pelo conflito. Enquanto outros dois milhões de pessoas expostas às minas terrestres e munições não explodidas. A área, de acordo com a ONU, tornou-se uma das área mais contaminadas por minas no mundo. No início de Fevereiro de 2020,as Nações Unidas lançaram o "Ukraine Humanitarian Response Plan", para o ano atual o valor soma US$158 milhões para assistir dois milhões de pessoas. |
Ao colunista, a economista ucraniana Nataliia Shvets Konrad, que vive há sete anos entre Brasil e Ucrânia, enfatiza o que considera vantagens de possível missão de paz liderada por brasileiros. Ela diz que o profissionalismo dos militares brasileiros é reconhecido internacionalmente, eles possuem boas relações com russos e ucranianos e, também, o Brasil tem a segunda maior colônia ucraniana no Exterior, só perdendo para o Canadá. Inclusive, o terreno ucraniano, composto por estepes, é muito parecido com os campos do sul do Brasil, ressalta ela.
—Hoje vivemos num conflito congelado e esquecido. Todas as semanas morrem soldados ucranianos. Precisamos da ajuda da comunidade internacional. Ter o soldado brasileiro trabalhando para a construção da paz no coração da Europa seria muito importante, não somente para a Ucrânia, mas para o Brasil, que almeja um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas — resume Natalia.
Conversamos também com três generais brasileiros que atuaram na Europa. Um deles, inclusive, foi adido militar do Brasil na Rússia. Eles acreditam que a participação brasileira numa nova Missão de Paz da ONU seria fundamental para o país manter-se como player na geopolítica internacional.
O general da reserva Sergio Etchegoyen, que foi ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e chefiou a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), esteve recentemente na Rússia. Ele acredita que qualquer missão de paz é uma grande vitrine para a diplomacia, além de excelente oportunidade de adestramento para os militares brasileiros.
Áreas da Ucrânia em litígio
Outro general, que foi adido na Rússia, também acredita que seria uma boa iniciativa, mas teme que a Rússia vete.
— Os russos têm cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU e nenhum interesse nisso — resume.
O assunto é visto com simpatia nos bastidores do Ministério da Defesa do Brasil. Agora é ver se os russos apoiam.
Nota DefesaNet
Na invasão da Ucrânia a Rússia usou um novo conceito de conflito, com infiltração de forças descacterizadas de sua origem (Sem insígnias, postos e registros), meecenários e Guerra Informacional.
O Conceito foi chamado de Guerra Híbrida.
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