Nikolai Malishevsky
O Departamento de Estado dos EUA publicou dados oficiais sobre a composição das forças nucleares estratégicas dos Estados Unidos e da Rússia. Eles foram obtidos no âmbito do intercâmbio de dados sobre o tratado russo-americano de Redução de Armas Estratégicas START III. Segundo os dados norte-americanos, a Rússia no último ano, de setembro de 2013 a setembro de 2014, pela primeira vez em muito tempo ultrapassou os Estados Unidos no indicador de número de ogivas em veículos de lançamento estratégicos em serviço.
Muito provavelmente, a entrada em serviço da Marinha russa de dois submarinos-almirantes nucleares do tipo Borei, o Yury Dolgorukiy e o Vladimir Monomakh equipados com o complexo de mísseis Bulava, que nominalmente representam um total de 32 veículos de lançamento em serviço com 192 ogivas, foi o principal fator da atual superioridade da Rússia sobre os Estados Unidos. E isso apesar do fato de que o Vladimir Monomakh, aparentemente, ainda não está munido de mísseis.
Também desempenhou seu papel na superioridade sobre os Estados Unidos a continuação da implantação de mísseis intercontinentais balísticos de baseamento terrestre RS-24 Yars em versões de silo e móveis. O míssil Yars com múltiplas ogivas separáveis foi criado usando soluções implementadas no complexo de mísseis Topol-M. Juntamente com o míssil monobloco Topol-M de baseamento em silo e móvel, já adotado em serviço, eles formam a base do grupo de ataque das Forças de mísseis estratégicos da Rússia.
Complexos de silo como o Topol-M, graças aos conceitos tecnológicos neles implementados, são praticamente invulneráveis aos sistemas de defesa antimíssil do inimigo. E os complexos móveis têm ainda mais capacidades.
Segundo o tratado russo-americano START I, Moscou foi obrigada a disponibilizar a Washington as coordenadas exatas de todos os seus silos de mísseis e de locais de baseamento de sistemas móveis. Os norte-americanos fizeram o mesmo.
Mas há nuances: basta que os sistemas de mísseis russos saiam de suas bases para que nenhum satélite será capaz de dar a sua localização exata. Em 24 horas, os complexos móveis de lançamento podem viajar centenas de quilômetros completamente fora de estradas.
Além disso, as máquinas são autônomas não só na possibilidade de se mover em qualquer direção, mas também no recebimento de dados de alvejamento para o uso de armas, isto é de um sinal que pode vir não só de um satélite, mas também por canais de comunicação conhecidos apenas por militares. Tudo isso faz destes complexos móveis armas extremamente perigosas sem análogos no mundo. Segundo uma declaração do comando das Forças de Misseis Estratégicos da Rússia, até o final de 2016 80% de todos os mísseis em serviço serão esses sistemas mais recentes, e até 2020, será atingida a meta de 98%.
É igualmente importante o processo de atualização de sistemas de alerta de ataques de mísseis nucleares. Os complexos “orbitais” da Crimeia – a estação de radar do sistema de alerta de ataque de mísseis Dnepr e o ponto de controle de aparelhos espaciais em Sevastopol, bem como o centro de comunicação espacial de longa distância perto de Evpatoria – estão se tornando parte do sistema de Defesa Espacial Militar da Rússia.
A Rússia também está testando novos satélites de comunicação e navegação, criando seus próprios aparelhos espaciais de reconhecimento de nova geração.
O míssil mais potente do mundo, o Voevoda (Satan, na classificação da OTAN), permanecerá em serviço pelo menos até 2026. Entretanto, já foi relatada a criação de um substituto do Voevoda, um míssil balístico ainda mais “penetrante”. A construção deste míssil balístico intercontinental pesado será concluída em 2018.
Nos próximos três anos, segundo uma declaração do ministro da Defesa, Serguei Shoigu, o exército russo irá aumentar o número de mísseis de cruzeiro, em comparação com os existentes hoje, em 5 vezes, e até 2020 – em 30 vezes.
Todos estes planos permitem à Rússia manter não só o equilíbrio de forças no mundo, mas também o estatuto de grande potência.