VALE – Acordo permitirá VALEMAX aportar na China

O acordo acertado entre a Vale e a empresa de navegação China Ocean Shipping Company (Cosco), na última sexta, em Pequim, pode ser um primeiro passo para que as autoridades chinesas autorizem a atracação dos navios mineraleiros Valemax nos portos do país. Pelo acordo, a Vale vende para a Cosco quatro desses grandes navios e, em contrapartida, aluga essas embarcações por período de 25 anos. As duas empresas também devem assinar contratos de afretamento envolvendo dez novos Valemax, que serão construídos pela Cosco.

O mercado recebeu bem o anúncio. O Citi avaliou o acordo, em relatório, como um entendimento potencialmente positivo para a atracação na China dos grandes mineraleiros, os quais têm capacidade de transportar 400 mil toneladas de minério de ferro. Para o banco, a capacidade adicional em termos de navios, com os dez novos Valemax a serem construídos pela Cosco, deve ajudar a manter as taxas de frete baixas. O Citi destacou que os custos de frete são um elemento-chave para a Vale no atual cenário de preços baixos do minério de ferro. Os Valemax, além de transportar mais minério, consomem menos combustível e reduzem as emissões de carbono em relação a navios de menor porte.

Uma fonte disse que nunca houve proibição oficial para os Valemax entrarem na China. Mas, ao mesmo tempo, os navios nunca foram autorizados a operar à plena carga nos portos chineses. A Vale atracou alguns navios Valemax em portos chineses, mas em condições especiais, com volumes menores, e adaptações. No mercado, a restrição ao Valemax foi sempre interpretada como um "lobby" dos armadores chineses que se sentiram prejudicados pelo movimento da Vale de construir os maiores mineraleiros do mundo. As empresas de navegação chinesas passaram a ver a Vale como concorrente, o que sempre foi negado pela mineradora brasileira. A Vale passou a considerar a venda dos navios próprios para armadores fechando contratos de aluguel das embarcações.

No total, a Vale conta com uma frota de 35 Valemax, dos quais 31 estão em operação e quatro em construção. Da frota total, 16 navios são contratados de armadores, os donos das embarcações. E 19 Valemax são próprios da Vale. Esse número deverá cair para 15 unidades depois que for fechada a operação com a Cosco, cujo valor ainda não foi divulgado. No mercado, há estimativas de que os quatro navios possam ser vendidos por valores totais entre US$ 400 milhões e US$ 600 milhões. Será uma receita adicional para a Vale.

Ter ou não o navio próprio é uma estratégia financeira. A lógica é garantir fretes nos navios contratados junto aos armadores que sejam menores do que seriam esses mesmos fretes caso os navios fossem de propriedade da Vale. No mercado, a transação com a Cosco despertou a expectativa de que a Vale venha a fazer outros acordos para transferir parte ou toda a frota dos 15 Valemax que ainda vão ficar em propriedade da empresa.

A frota atual em operação da Vale, de 31 Valemax, já atracou nos portos de Ponta da Madeira e Tubarão (Brasil), Roterdã (Holanda), Taranto (Itália), Oita, Kimitsu e Kashima (Japão), Villanueva (Filipinas), Gwangyang e Dangjin (Coreia), Sohar (Omã), no centro de distribuição Teluk Rubiah da Vale (Malásia), além dos portos de Dalian e Lianyungang (China). As duas estações de transferência de minério da Vale em Subic Bay, nas Filipinas, também já receberam as embarcações. O centro de distribuição da Malásia e as estações de transferência das Filipinas são alternativas logísticas importantes enquanto a Vale não consegue as autorizações para entrar com os Valemax na China. A Vale exportou 74 milhões de toneladas de minério de ferro por meio dos Valemax.

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