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DilmaX em Ação – Naval
Nelson Düring
Editor-Chefe DefesaNet
Imbuída do mesmo espírito que a da tripulação da Fragata Independência, que neste ano surpreendeu os ingleses na operação Joint Warrior 101, a então futura presidente Dilma Rousseff torpedeou, talvez de forma definitiva, a oferta italiana de fornecimento de navios para a Marinha do Brasil.
As ações tomadas em Dezembro basearam o conceito intitulado de DilmaX por DefesaNet.
O PROSUPER
A segunda pérola da coroa na Marinha do Brasil (MB) após o PROSUB é o Programa de Obtenção de Meios de Superfície (PROSUPER).
A Marinha do Brasil, através do Programa de Obtenção de Meios de Superfície (PROSUPER), busca contratar, mediante um Acordo entre Governos que garanta o financiamento e transferência de tecnologia para a construção de:
– 5 Navios-Patrulha Oceânicos (OPV) de 1800 toneladas;
– 5 Fragatas de 6000 toneladas e,
– 1 Navio de Apoio Logístico.
Estes são os meios navais de superfície priorizados dentro do Programa de Articulação e Equipamento da Marinha (PAEMB). (para as especificações ver quadro abaixo)
Não atrai a atenção da imprensa como o programa F-X2, porém os valores do PROSUPER são tão elevados ou até mesmo superiores ao dos caças. Cada fragata (navio de escolta) tem um valor entre 500 a 700 milhões de dólares. O valor de um navio de Patrulha Oceânica de 150 milhões e o de apoio lógístico de cerca de 1 bilhão de dólares.
Competiam para o PROSUPER as mais importantes empresas do setor no mundo sendo as principais:
País |
Empresa |
Itália
|
Fincantieri – Cantieri Navali SpA |
Inglaterra |
BAE Systems |
Alemanha |
TKMS – ThyssenKrupp Marine Systems |
França |
DCNS |
Coréia do Sul |
DSME – Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering Co |
Nota – A francesa DCNS já está trabalhando com Marinha do Brasil, contratada para fornecer 4 unidades do Submarino Classe Scorpène dentro do PROSUB. O primeiro já está em construção na França. Projeto que posteriormente será a base do futuro submarino de propulsão nuclear. |
Desde o começo a vantagem sempre foi da indústria italiana, em especial após os acordos assinados entre Brasil e Itália
PARCERIA ESTRATÉGICA ENTRE A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E A REPÚBLICA ITALIANA – assinado pelos presidentes Luiz Inácio e Silvio Berlusconi, em 12 de Abril de 2010, na Embaixada do Brasil, em Washington DC.
Seguido de dois ajustes:
AJUSTE COMPLEMENTAR – assinado pelo ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, e o Sub-Secretário de Defesa da Itália, Guido Crosetto, 24 de junho 2010, Brasília DF.
AJUSTE COMPLEMENTAR TÉCNICO – ao mesmo acordo, entre os comandantes da Marinha do Brasil, Almirante de Esquadra Júlio Soares de Moura Neto, e da Itália, Almirante Bruno Branciforte, 24 de junho de 2010, Brasília DF
Também a Marinha do Brasil e a da Itália trabalharam de forma conjunta na ajuda humanitária ao Haiti, após o terremoto de 12 de Janeiro de 2010. Na oportunidade a Marinha Italiana (Marina Militare) deslocou o seu navio capitânea, o navio-aeródromo Cavour, para operar no caribe em apoio a Marinha do Brasil e forças brasileiras vinculadas à MINUSTAH.
Todos os movimentos planejados pelos italianos, e sem dúvida coordenados também com a Marinha do Brasil, indicavam que estes tinham uma grande vantagem em levar o contrato do PROSUPER.
DilmaX em Ação
Em reunião no início de dezembro, o ministro da Defesa Nelson Jobim apresentou a proposta italiana como a escolhida pela MB e com aval do ministério da Defesa. O Presidente Luiz Inácio chancelou a aprovação e deu luz verde ao ministro Jobim que comunicasse ao Almirantado e formalizasse oinício aos procedimentos legais para as negociações com os italianos.
A futura presidente Dilma Rousseff esteve na reunião, só como ouvinte, enquanto o ministro Nelson Jobim esteve presente. Após a saída do ministro, a portas fechadas, a futura presidente argumentou ao presidente Luiz Inácio, que se era a sua administração que teria arcar com os custos do PROSUPER, ela queria rever a decisão.
O anúncio da escolha de que eram os italianos os escolhidos seria a pedra de toque das festividades do Dia do Marinheiro, comemorado em 13 de dezembro com a presença do presidente Luiz Inácio, em Brasília.
Dos dois lados do Atlântico estavam prontas as comemorações. Tão ansiosos, que jornalistas italianos ligaram para a redação de DefesaNet para realmente confirmar se a decisão sairia por aqueles dias.
Aliás foi a partida para iniciar esta pesquisa.
Na solenidade do Dia do Marinheiro o presidente Luiz Inácio foi módico nas palavras quanto ao futuro da Marinha do Brasil, assim como o Alm Moura Neto e o ministro Jobim e o próprio presidente pareciam constrangidos.
A revisão deste contrato que já estava praticamente assinado e havia o entendimento do Almirantado que era a melhor solução para a Marinha do Brasil está dentro do que DefesaNet nomeou de DilmaX.
Observar que no caso do acordo com a FINCANTIERI havia o entendimento comum entre o Almirantado de que a proposta italiana era a melhor, nos aspectos: técnico, industrial e financeiro.
Entendimento este que não está presente, por exemplo, em outros projetos polêmicos, tal como o Programa F-X2, onde o Estado-Maior da Aeronáutica não obtém um acordo sobre o que deseja para a Força Aérea Brasileira.
Na reunião que os comandantes: Gen Enzo Peri, Brig Juniti Saito e Alm Moura Neto tiveram com a futura presidente, na manhã do dia 20 de Dezembro, foi lhes reafirmado que os programas constantes da Estratégia Nacional de Defesa seriam efetivados, embora não no primeiro momento do seu governo. E alguns re-analisados.
A mesma posição foi feita pela futura presidente Dilma Rousseff ao Gen De Nardi, Comandante do Estado-Maior Conjunto, em reunião no dia 21 de Dezembro, quando foi lhe apresentado o conjunto dos programas.
Muito antes de anunciado ou de assumir a presidência a “Lógica DilmaX” já estava em ação pela Sra Dilma Rousseff
Importante observar que a questão do acordo de fornecimento dos navios com a Itália, por parte da então futura presidente, em nenhum momento eseve vínculado ao caso Battisti.
Características dos navios como especificado pela Marinha do Brasil. |
Navio de Apoio Logístico (NApLog) |
O navio de suporte à frota ou o Navio de Apoio Logístico (NApLog) tem como principais características o transporte de combustíveis (JP-5 para aeronaves e MAR-C para navios), água potável, munições, comida de frigorífico, medicamentos, sobressalentes e quatro TEUs de carga; capacidade de reabastecimento de outros navios e aeronaves durante a travessia (navegando); capacidade de receber um destacamento aéreo com um helicóptero tipo Eurocopter EC 725, inclusive com hangar. O projeto deve obter o Certificado de Segurança de Construção para Navios de Carga (Solas) e o Certificado Internacional de Prevenção da Poluição do Mar (Marpol). Isso inclui adotar um casco duplo como adota nos navios petroleiros para evitar vazamentos em caso de acidentes. O NApLog terá uma tripulação de 150 militares e velocidade máxima de 20 nós, uma autonomia para 30 dias e 10 mil milhas náuticas. |
Navio-patrulha oceânico (NpaOc) |
O Navio-patrulha oceânico (NpaOc), por sua vez, mede cerca de 95 metros de comprimento com deslocamento entre 1.750 a 1.850 toneladas. Esta embarcação terá de navegar a velocidade máxima de 20 nós, com autonomia para 25 dias e quatro mil milhas náuticas. A tripulação será de 56 militares, com acomodações para mais 22 passageiros que poderão embarcar, dependendo da missão, entre civis e militares. O NpaOc deverá ter capacidade para transportar um helicóptero (em hangar) tipo UH-12 e duas lanchas rápidas de resgate. O armamento principal será um canhão de 57mm ou 76mm. A capacidade de reboque do NpaOc solicitado será semelhante à capacidade de outros navios semelhantes já em deslocamento. A embarcação deverá ter Certificado Internacional de Prevenção da Poluição do Mar. |
Navio Escolta |
O Navio Escolta medirá cerca de 155 metros de comprimento com deslocamento máximo de seis mil toneladas. A velocidade máxima será de 28 nós, com autonomia para 30 dias e seis mil milhas náuticas. A tripulação prevista é para uma média de 200 militares, incluindo ainda acomodações para mais 60 militares, que poderão embarcar dependendo da missão. Além disto, o navio escolta terá capacidade de transportar e operar dois helicópteros tipo AH-11 (Super Linx) ou um EC-725. O armamento será composto de mísseis superfície-superfície, mísseis de lançamento vertical superfície-ar, um canhão de 127 milímetros, canhões automáticos de 40 milímetros e 20 milímetros, com sensores e sistema integrado de combate, além de lançadores de torpedos e bombas de profundidade submarina.
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