Luis Kawaguti
As Forças Armadas e as polícias civil e militar realizam na manhã desta quarta-feira (11) uma série de operações simultâneas em favelas situadas nos bairros de Copacabana, Ipanema e Leme, a poucos quarteirões de algumas das regiões mais badaladas da zona sul do Rio de Janeiro.
Entre os objetivos está enfraquecer facções criminosas que lutam pelo controle de pontos de venda de drogas altamente cobiçados — por serem frequentados por uma clientela de alto poder aquisitivo, devido à sua localização.
As ações acontecem nas favelas Cantagalo, na divisa entre os bairros de Ipanema e Copacabana, Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, e Babilônia e Chapéu Mangueira, no Leme.
O principal foco da operação são os morros do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo. Forças do 12 Batalhão de Infantaria de Montanha "Treme Terra" do Exército chegaram ao local no início na manhã. Membros do crime organizado fizeram disparos de alerta, mas não houve confronto direto com as tropas.
Em paralelo, militares e policiais também ocupam o complexo de favelas do Lins de Vasconcelos, na zona norte da cidade – região conhecida por abrigar ladrões de cargas.
Ao todo, participam das operações 3.700 militares das Forças Armadas, 200 policiais militares e 90 policiais civis. Eles têm o apoio de veículos blindados de transporte de tropas, helicópteros e maquinário pesado usado para a destruição de barricadas.
As forças de segurança tentam cumprir mandados de prisão de criminosos procurados, realizam revistas de pessoas e veículos e tentam localizar armas e drogas.
Diversas ruas da zona sul e da região do Complexo do Lins foram bloqueadas devido às operações.
Controle de facções
As favelas em Copacabana, Ipanema e no Lins são controladas pela facção criminosa CV (Comando Vermelho). As do Leme vivem um conflito de facões entre o CV e o TCP (Terceiro Comando Puro).
Segundo o Comando Conjunto da intervenção federal, a Polícia Militar está verificando denúncias de que membros do crime organizado estariam portando armas e traficando drogas de forma ostensiva nessas favelas.
A intervenção federal calcula que, juntas, as operações devem causar impacto direto em áreas habitadas por cerca de 29 mil pessoas. Segundo o Comando Conjunto, elas devem influenciar indiretamente regiões que abrigam 645 mil pessoas.
As grandes operações ostensivas das Forças Armadas em favelas são consideradas pelos interventores como ações emergenciais. Elas ocorrem em paralelo a ações de bastidores que visam reestruturar e reequipar as polícias cariocas.
Críticos das ações ostensivas dizem que, sozinhas, elas não resolvem o problema da criminalidade — pois as facções têm grandes chances de retomar o controle das áreas após a saída dos militares.
Já defensores da medida dizem que as ações são necessárias para enfraquecer o crime organizado e impedir que se consolide em determinadas regiões.