Vereadora do PSOL, Marielle Franco é morta a tiros no Centro do Rio

A vereadora Marielle Franco foi morta a tiros dentro de um carro na Rua Joaquim Palhares, Região Central do Rio, por volta das 21h30 desta quarta-feira (14). Além da vereadora, o motorista do veículo, Anderson Pedro Gomes, também foi baleado e morreu.

Uma outra passageira foi atingida por estilhaços e levada para o Hospital Souza Aguiar. Investigadores da Delegacia de Homicídios disseram que a principal linha de investigação é execução. Segundo as primeiras informações da PM, bandidos em um carro emparelharam ao lado do veículo onde estava a vereadora e dispararam. Eles fugiram sem levar nada. A perícia encontrou, pelo menos, nove cápsulas de tiros no local.

Marielle havia participado no início da noite de um evento chamado "Jovens Negras Movendo as Estruturas", na Rua dos Inválidos, na Lapa. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DH).

Carro em que Marielle estava quando foi baleada (Foto: Divulgação)

"Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?"

Uma dia antes de ser assassinada, Marielle reclamou da violência na cidade, no Twitter. No post, ela questionou a ação da Polícia Militar.

"Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?"

 

<script async src="https://platform.twitter.com/widgets.js" charset="utf-8"></script> Na mesma rede social, Marielle chamou o 41° BPM de "Batalhão da morte", no sábado (10). "O que está acontecendo agora em Acari é um absurdo! E acontece desde sempre! O 41° batalhão da PM é conhecido como Batalhão da morte. CHEGA de esculachar a população! CHEGA de matarem nossos jovens", escreveu ela.

Autoridades, políticos, partidos e entidades lamentam morte

Autoridades e parlamentares de diferentes vertentes políticas do Rio divulgaram notas de pesar pela morte da vereadora do PSOL. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, diz que falou com o interventor federal no estado e colocou a Polícia Federal à disposição para auxiliar em toda investigação.

O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, e o governo federal também se pronunciaram. "É com profundo pesar que lamentamos o brutal assassinato da vereadora Marielle Franco cuja honradez, bravura e espírito público representavam com grandeza inigualável as virtudes da mulher carioca. Sua trajetória exemplar de superação continuará a brilhar como uma estrela de esperança para todos que, inconformados, lutam por um Rio culto, poderoso, rico, mas, sobretudo, justo e humano.

Em cada lar uma prece, em cada olhar uma lágrima e em cada coração um voto de tristeza, dor e saudade. É assim que hoje anoitece a cidade desolada e amargurada pela perda de sua filha inesquecível e inigualável. Que Deus a tenha!", disse o prefeito. "A gente está muito abalado, assustado, surpreso. Saí agora da Alerj e soube da notícia (da morte da Marielle).

O (Marcelo) Freixo foi o primeiro a ir para lá. Não tem como falar (sobre execução), seria especulação, mas é claro que o sentimento é esse. Mas é cedo para falar. A Marielle sempre foi muito combativa, trabalhou nos direitos humanos com o Freixo e sempre deu voz às pessoas atacadas pelas forças", disse o deputado estadual Wanderson Nogueira.

Biografia

Marielle tinha 38 anos e se apresentava como "cria da Maré". Ela foi a quinta vereadora mais votada do Rio nas eleições de 2016 com 46.502 votos, em sua primeira disputa eleitoral. Socióloga formada pela PUC-Rio e mestra em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), teve dissertação de mestrado com o tema “UPP: a redução da favela a três letras”. Trabalhou em organizações da sociedade civil como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado de Marcelo Freixo.

Notas de PSOL e PT são asquerosas e insistem no vício das esquerdas de irrigar ideologia com sangue¹

As respectivas notas de PSOL e PT, diga-se, são asquerosas e demonstra a velha distorção moral da esquerda, que não tem receio nenhum de irrigar o solo de sua ideologia com o sangue humano, seja produzindo cadáveres, seja se aproveitando daqueles produzidos por outros.

Escreve o partido de Marcelo Freixo:

“O Partido Socialismo e Liberdade vem a público manifestar seu pesar diante do assassinato da vereadora Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes, motorista que a acompanhava.

Estamos ao lado dos familiares, amigos, assessores e dirigentes partidários do PSOL/RJ nesse momento de dor e indignação. A atuação de Marielle como vereadora e ativista dos direitos humanos orgulha toda a militância do PSOL e será honrada na continuidade de sua luta. Não podemos descartar a hipótese de crime político, ou seja, uma execução. Marielle tinha acabado de denunciar a ação brutal e truculenta da PM na região do Irajá, na comunidade de Acari. Além disso, as características do crime com um carro emparelhando com o veículo onde estava a vereadora, efetuando muitos disparos e fugindo em seguida reforçam essa possibilidade. Por isso, exigimos apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo. Não nos calaremos!

Marielle, presente!

Eu, que não sou do PSOL, tenho a certeza de que foi um crime político. A questão é saber em benefício de quem. Notem que o partido levanta, sim, a hipótese de que possa ter sido a Polícia. Mais uma vez, não se diz palavra sobre o narcotráfico e o crime organizado.

O PT, em nota personalizada, assinada por Gleisi Hoffmann, vai além e fala da intervenção:

“O brutal assassinato da vereadora Marielle Franco, do PSOL, é um crime que atinge diretamente a cidadania e a democracia. Marielle foi executada no momento em que vinha denunciando os abusos de autoridade e a violência contra moradores das favelas e bairros pobres da cidade, por parte de integrantes de um batalhão da Polícia Militar.

O Partido dos Trabalhadores exige imediata e rigorosa apuração deste crime, que desafia abertamente a política de intervenção federal na área de segurança do Rio de Janeiro.

Nossa solidariedade aos familiares e amigos da companheira Marielle.

Vamos prosseguir com sua luta contra a violência e os abusos contra os pobres.

Gleisi Hoffmann

Presidenta nacional do PT”

Chega a ser revoltante que, de algum modo, se tente apontar a intervenção como um fator que teria colaborado para o crime quando os criminosos, ao atingir Marielle, certamente esperavam reações como essa, assinada pela senadora Gleisi Hoffmann.

Quando é que as esquerdas, em nome do bem-estar dos vivos, vão parar de fazer a exploração canalha de cadáveres?

Os que mataram Marielle são aliados do PT e do PSOL em ao menos uma coisa: eles também querem o fim da intervenção.

¹ Por: Reinaldo Azevedo

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter