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“Tráfico incita população contra o Exército”, diz comandante

DefesaNet

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Mario Hugo Monken, iG Rio de Janeiro | 29/07/2011

Em entrevista ao iG, o comandante da Força de Pacificação do Exército, general Carlos Sarmento, afirmou que as reações violentas dos moradores dos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio, durante as abordagens dos militares são, em grande parte, orquestradas por traficantes que permaneceram no local após a ocupação.

Segundo ele, os criminosos querem retomar a situação anterior à pacificação quando o tráfico tinha amplo domínio e ditava as regras. "Vemos estas reações como uma coisa orquestrada e incentivada por traficantes para desmoralizar a tropa e criar fatos que deixem transparecer que a nossa missão aqui não está tendo sucesso. Eles fazem pressão nos moradores", disse o general.

Segundo Sarmento, há ofensas gratuitas aos militares que partem do "nada". Ele disse que os locais mais preocupantes são a Praça São Lucas, na Vila Cruzeiro, e a região próxima à quadra esportiva da comunidade da Chatuba, na Penha.

"O tráfico faz pressão para que volte o que era antes, que o Exército saia daqui e que não há necessidade de as tropas ficarem por aqui. Há palavrões e ofensas. A patrulha está ali para cumprir o seu dever. As pessoas são abordadas, revistadas e pode haver a prisão por desacato. De repente, se forma uma grande aglomeração ao redor, mulheres e crianças são colocadas em volta para impedir a ação da tropa. Às vezes, latas e garrafas são jogadas", afirmou o oficial.

Sarmento afirmou, no entanto, que os casos de reação à tropa são isolados e que a população apoia a pacificação. "O Complexo do Alemão é um paraíso e a Penha está muito perto disso", elogiou.

Outros motivos

O general afirmou ainda que, em menor quantidade, há casos em que a população se insurge contra a tropa em razão da imposição de horários para términos de festas nas comunidades. "Nós estabelecemos horários para término de festas nas ruas, normalmente às 2h, mas tudo é combinado previamente. Mas aí, chega 2h, a festa tem que acabar, mas o pessoal quer que continue. E aí, partem para a baderna e agressões à tropa", explicou.

As reações às abordagens já fizeram com que a Procuradoria da Justiça Militar denunciasse ao menos 49 pessoas por delitos como desacato, resistência, ameaça ou desobediência aos militares, segundo um levantamento feito pelo iG no site do Superior Tribunal Militar (STM). Esses crimes constam no Código de Processo Penal Militar (CPPM).

Sarmento revelou ao iG que todas as pessoas detidas pela tropa de pacificação são levadas para a sede do órgão e, lá, recebem a oportunidade de se retratarem com os militares. Se o detido aceitar e o militar ofendido concordar com as desculpas, o auto de prisão em flagrante, que resulta em abertura de inquérito e denúncia, nem é lavrado. "Os autos de prisão são lavrados nos casos mais graves ou quando há reincidência", explicou.

O general afirmou que, em caso de reações às abordagens, os militares estão orientados inicialmente a usar spray de pimenta e, em seguida, bombas de gás lacrimogêneo. Segundo ele, somente em uma situação mais grave, a tropa poderá usar munições não-letais sendo que os disparos têm que ser feitos sempre em direção aos membros inferiores (pernas).

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