Armas do Exército Argentino para gangues na Argentina e Brasil

Publicado jornal La Nacion 21 Janeiro 2014

Daniel Gallo

Um  grupo armado com fuzis automáticos tentou assaltar um veículo de transporte de valores em Buenos Aires na segunda-feira (20JAN14). Na tentativa morreu um aposentado e feriu três grávidas porém não conseguiu concretizar o assalto.

O armamento usado pelo grupo criminoso o Fuzil Automático Leve (FAL) tem origem do arsenal do  “Ejército Argentino”. Nas ruas, em mãos de gangues, há centenas destas armas projetadas para o campo de batalha. Somente em Fevereiro de 2012 foram roubados 154 FAL e peça para montar mais 250 fuzis, roubados do “Batallón de Arsenales 603”, localizado na cidade de San Lorenzo.

Com exceção da troca de comandos militares na unidade nada mais aconteceu, inclusive com a investigação não concluída sobre o roubo ocorrido durante a gestão de Arturo Puricelli no Ministério da Defesa. Além dos fuzis, na  mesma unidade foram roubadas cinco metralhadoras antiaéreas 12,7 e uma  metralhadora pesada MAG. O então ministro Puricelli não deu explicações pelo roubo no arsenal.

Antes deste fato incrível ocorrido dentro de uma unidade do Exército, as Forças Armadas tinham informado a perda, entre 2008 e 2010, de 14 fuzis de assalto, uma metralhadora MAG, três submetralhadoras Halcón e 31 pistolas Browning 9mm.

Munições para estas armas são abundantes no mercado negro, já que nos últimos anos foram roubados milhares de cartuchos dos regimentos. Em 2008 foram comunicadas o desaparecimento de 2.000 cartuchos d munição de FAL do “Regimiento de Uspallata”. Na “Base Aérea de El Palomar” foram roubadas caixas com 32.800 munições de diferentes calibres.

Estas armas e munições são destinadas às gangues, tanto na Argentina como no Brasil. Há várias denúncias oriundas dos órgãos de segurança do Rio de Janeiro sobre o aparecimento de armas argentinas nas favelas. E em Dezembro passado foi recebido um aviso similar, porém agora da cidade de  São Paulo.

O Instituto Sou da Paz, que promove ações para o desarmamento da população  civil, obteve dados da Superintendência da Polícia Técnico-Científica de São Paulo e analisou as 14.000 armas apreendidas nesta cidade entre 2010 e 2011. Em informe de Dezembro passado notificou que dos 85 fuzis, 12 eram FAL argentinos.

"A Argentina figura como terceiro lugar como país de origem de armas nas  mãos de gangues criminosas em São Paulo, embora o pequeno  chama a atenção, que todas estas levam a insígnia do “Ejército Argentino”, pelo que se reitera a necessidade de um melhor controle do mercado de armas", informa a análise.

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