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LAAD Bastidores 5 – F-X2 – As Máquinas e os Homens. O Confronto dos Ases

por Vianney Jr., do Rio de Janeiro
Acompanhe o tweeter de @jrvianney

 
 A LAAD – Latin America Aerospace & Defense 2013, trazia muita expectativa quanto à participação dos consórcios fabricantes dos caças short-listed no F-X2, a concorrência pública para compra dos 36 aviões à Força Aérea Brasileira. Para além da competição entre as máquinas, o que se viu foi uma elegante disputa entre os homens que as representavam. Uma disputa entre homens muito especiais. Um confronto de Ases.

O Veterano Incansável

A Boeing trouxe para defender o seu F/A-18E/F Super Hornet Block II, o Lt.Col. USMC (Ret) Ted “Mongoose” Herman, um dos mais condecorados pilotos de caça do US Marine Corps. Veterano do Vietnã e da Guerra do Golfo, Ted executou 40 missões reais sobre o Kuwait durante a Operação Tempestade no Deserto. Ele veio ao Brasil na condição de atual gerente de desenvolvimento de negócios internacionais da Boeing Military Aircraft.

Aqueles que tiveram a oportunidade de visitar o simulador do Super Hornet, certamente se depararam com sua figura marcante, altiva e sempre generosa. Ted, sempre incansável, era o primeiro a chegar e o último a sair do estande da Boeing. Com uma paciência característica dos mais competentes instrutores de voo, Mongoose reiniciava a simulação sem aborrecer-se, orientando e estimulando os numerosos “pilotos” visitantes, que muitas vezes teimavam em atrapalhar o voo fácil do F/A-18.

Ted Herman registra em sua caderneta de voo 3.900 horas, 2.010 horas em AV-8 A/C/B, 1.100 horas em A-4J/F/M e 550 horas em EA-6A. Condecorado com a Distinguished Flying Cross with Combat "V", Bronze Star with Combat “V”; Defense Meritorious Service Medal; Meritorious Service Medal; Air Medal with #6; Navy Commendation Medal; Spanish Cross of Aeronautical Merit, 1st Class with White Emblem; Kuwait Liberation Medal; SEA and SWA Campaign Medals.

O Pequeno Gigante

Defendendo com conhecimento de causa o avião francês, o piloto de caça Christophe De Pauw foi o trunfo da Dassault no confronto dos Ases. O aviador deixou a Armée de l'Air, a Força Aérea Francesa, havia apenas alguns meses, tendo em seu currículo a participação nas bem sucedidas campanhas do Rafale no Afeganistão e na Líbia. O “Ás” foi responsável pelas apresentações interativas em mesa digital, propiciadas pela Dassault em seu estande na LAAD.

Christophe pode não ter grande estatura, mas é um gigante em matéria de conhecimento da guerra aérea. Ocupando o posto de Conselheiro Operacional da Diretório Geral Internacional da Dassault, empresta uma rica bagagem baseada no desempenho real da aeronave no teatro de operações. Dentre os pilotos vindos ao Brasil, representantes dos short-listed no F-X2, foi o único a voar em missões reais de combate o caça que apresenta.

Além da simpatia incontestável, De Pauw, mesmo com sua farta experiência e qualidade como Chasseur – Caçador, não deixa dúvidas de sua humildade, característica de sua cativante personalidade. Quando o reencontrei no Brasil, no primeiro dia de LAAD, arrumava solitário as almofadas do estande do concorrente francês.

O Homem de Gelo

O especialista em BVR – Combate Aéreo Além do Alcance Visual, Björn Danielsson, foi a principal atração, afora o próprio caça Gripen, da fabricante sueca, SAAB.

Piloto de caça da Flygvapnet, a Força Aérea da Suécia, Björn esteve em serviço ativo de 1989 a 2009, quando passou a responder pelo cargo de Analista Operacional da Saab Aeronautics. Mestre em economia, acumulou enquanto piloto as funções de analista financeiro e chefe de aquisições para o programa de simulação em voo. Björn também participou do processo de desenvolvimento de softwares operacionais embarcados no Gripen, implementando as necessidades reais do piloto em combate, na HMI – Human Machine Interface, ferramentas de interação entre o homem e o avião.

O piloto nórdico e “Ás” da SAAB, especializou-se em BVR, tendo atuado como instrutor de Combate Aéreo entre 2008 e 2009. Danielsson, a quem eu estimulei pessoalmente por diversas vezes a escrever um livro sobre o tema, defende interessantes teorias sobre a evolução da guerra no ar. Entre suas ideias, uma respeitável análise das táticas sob os diversos espectros envolvidos na natureza do combate. Do além do alcance visual, ao aproximado, passando pelas variadas tecnologias dos sensores e sistemas da atualidade.

Uma “Batalha” duelada por Cavalheiros

Nem mesmo a acirrada disputa pela conquista do contrato de venda de 36 caças à Força Aérea Brasileira foi capaz de comprometer a elegância e o fair play entre tais cavalheiros. O correspondente do DefesaNet, Wayne dos Santos Lima, flagrou um destes momentos durante a LAAD, onde os “Ases” se encontraram sem a necessidade de fence check (procedimento para cheque de F – combustível, E – radares, N – navegação, C – contramedidas chaff e flares, e E – emprego de armamentos, executado antes de se entrar em combate). Confuso ao ver macacões de voo da Flygvapnet no simulador da US Navy, Wayne – rápido como o cowboy que lhe emprestou o nome, sacou a máquina e registrou quando o piloto Björn Danielsson e seu colega sueco visitavam o condecorado Ted “Mongoose” Herman no estande da Boeing.

A batalha entre os três caças (Super Hornet, Rafale e Gripen) pré-selecionados no F-X2 continua firme. Todos concorrentes querem lançar mão de suas melhores armas, inclusive seus experientes pilotos, para vencer a concorrência em curso. Mas, na prática, mesmo defendendo com garras e dentes (e bastante competência) as vantagens das máquinas que representavam, o “Confronto dos Ases” se deu apenas no campo das ideias e argumentações. O respeito e a consideração mútua destacaram durante todo o evento o cavalheirismo destes homens notáveis.

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