MD – Gripen E é exemplo de desenvolvimento e participação de empresas brasileiras


Renato Mota
NE10

 

Em visita ao Recife nesta segunda-feira (23/05), o ministro da Defesa do governo interino de Michel Temer, Raul Jungmann reuniu-se com representantes de empresas de tecnologia pernambucanas e do Porto Digital para estabelecer um maior diálogo entre as demandas do governo federal para o setor e o ambiente de inovação do parque tecnológico. Para Jungmann, o conteúdo das soluções tecnológicas usadas pelas Forças Armadas deve ser “crescentemente nacional, e as empresas têm que participar mais do desenvolvimento”.

“O Ministério da Defesa é, talvez, o maior contratante de tecnologia em termos individuais que o Brasil tem. Temos grandes programas em áreas como Tecnologia da Informação, Cibernética e de Segurança de Dados que acreditamos que o Porto Digital, como referência mundial no setor, pode contribuir”, afirmou o ministro.

O encontro realizado hoje na sede do Núcleo de Gestão do parque tecnológico foi o pontapé de uma iniciativa que busca avaliar o potencial das empresas de tecnologia da região, bem como fazer um levantamento dos projetos estratégicos do governo federal na área de Defesa que podem usufruir do conhecimento produzido no Estado. “Essa reunião é para encontrar uma interface para que a gente possa aproximar esse grande contratante de tecnologia, que é o Ministério, com esse grande produtor de tecnologia de qualidade que é o Porto Digital. Dessa união surgirão não só oportunidades de negócios e empregos, mas inovação que transborda do setor de Defesa para fins não-militares, gerando inovação que é fundamental para o desenvolvimento do Brasil”, afirma Jungmann.

Para o presidente do Porto Digital, Francisco Saboya, a aproximação com o Ministério da Defesa é benéfica para os dois lados envolvidos. “Temos aqui pelo menos uma dezena de empresas que desenvolvem competências que são aplicáveis tanto na esfera militar quando na civil, em campos como inteligência artificial, redes neurais, soluções baseadas em games para simulação de jogos estratégicos e situações complexas – ou seja, temos uma capacidade grande já reconhecida nacionalmente que pode ser mobilizada para atender a necessidades mais estratégicas do sistema nacional de defesa”, comenta Saboya.

Uma empresa pernambucana que já tem as Forças Armadas como clientes é o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), que trabalhou com três projetos: realizando modificações no sistema de comunicação via rádio do Exército; capacitando da Defesa em segurança de dados e cibernética; além de ter feito o plano básico executivo do Projeto Brigada Braço Forte (PBBF), que visou empregar o Exército para atender possíveis demandas de eventos de grande magnitude, como a Copa de 2014 e Jogos Olímpicos e Para-Olímpicos deste ano.

“Trabalhar com Defesa é muito interessante pois a empresa tem que garantir uma série de qualificações para realizar esses projetos. Uma maior sinergia entre as empresas de TI nacionais pode ajudar na criação de uma competência tecnológica nacional, como acontece em países como Estados Unidos, Alemanha e Israel, que exportam esse conhecimento para o mundo todo ao mesmo tempo que geram mais demandas para as suas próprias empresas”, avalia o superintendente do Cesar, Sergio Cavalcante.

COMPRAS ESTRATÉGICAS – Atualmente, tanto empresas nacionais quanto multinacionais são fornecedores de soluções tecnológicas para o Ministério da Defesa. Um exemplo é o desenvolvimento do caça Gripen E, que está sendo feito em parceria com a empresa sueca SAAB. Até 2022, mais de 350 brasileiros vão trabalhar com o projeto Gripen na Suécia, em setores como gerenciamento de projetos, desenvolvimento de simuladores e certificação.

A aquisição dos caças Gripen E vai gerar US$ 9,1 bilhões em compensações para o Brasil, além de beneficiar empresas brasileiras como Embraer, Akaer, SBTA, Atech, AEL, Mectron e Inbra, além do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), órgão da Aeronáutica em São José dos Campos (SP).

“Empresas globais detém o conhecimento tecnológico do setor, mas queremos que as empresas brasileiras tenham cada vez mais participação no desenvolvimento de soluções de defesa. Isso representa uma autonomia – se você quer ter capacidade de defender sua soberania, tem que ter uma boa base industrial com tecnologia nacional, de forma que não fique dependente de outros países”, conta o ministro.

Para acelerar esse desenvolvimento, Jungmann diz que quer propor um novo modelo de aquisição de tecnologia junto às companhias nacionais.

“Usualmente você faz essa compra através de licitação. Mas queremos discutir o que chamamos de ‘compras estratégicas’. É preciso diferenciar os produtos e serviços usuais contratados, como fardamento, botas, alimentação e etc. daqueles que são relacionados à defesa do País. Esses últimos são projetos de longa maturação, que às vezes passam dos 25 anos para que se domine todo ciclo tecnológico”, explica o ministro.

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