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Gripen E – Rollout, Perspectivas e Futuro

Pedro Paulo Rezende
Participou do Rollout do Gripen NG a convite da SAAB


Linkoping (Suécia) — O SAAB Gripen E, caça que irá garantir a defesa do território brasileiros nos próximos trinta anos, foi apresentado hoje ao mundo. Às 15h30 minutos de hoje (10h30, horário de Brasília), as cortinas se abriram em um palco especialmente montado em um dos hangares da fábrica da SAAB em Linkoping.

As bandeiras dos países que participam do programa foram projetadas sobre o novo avião em meio aos aplausos dos convidados e da imprensa. O presidente do grupo Investor, controlador da SAAB, Marcus Wallemberg, agradeceu o esforço de todos os envolvidos no programa e acentuou o papel da empresa, criada em 1937, na garantida da liberdade do país.

Representando o Ministério da Defesa, o comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro-do-Ar Nivaldo Luiz Rossato, ressaltou a importância do programa em seu discurso.

— A proposta apresentada pela SAAB para o F-X2 foi a que mais se aproximou do que desejávamos: com participação no projeto e que servisse de base para o desenvolvimento tecnológico brasileiro.

O primeiro caça Gripen E da Força Aérea Brasileira será entregue em 2019, quatro anos antes da primeira unidade operacional sueca. O aparelho será usado para integrar os sistemas eletrônicos solicitados pelo Comando da Aeronáutica, que incluem um datalink próprio e um painel com apenas uma tela de grande tamanho, similar à desenvolvida para o F-35. A empresa AEL Sistemas está desenvolvendo o Wide Area Display (WAD).

Esta capacidade de integrar inputs dos usuários foi destacada pelos executivos da empresa sueca. O presidente, Håkan Buskhe; o vice-presidente, Lennart Sindahl, e o diretor da divisão de aeronáutica, Ulf Nilsson, ressaltaram a intenção do grupo em assimilar e absorver sugestões dos usuários no desenvolvimento e na incorporação de atualizações ao caça.

Outro ponto que amplia a confiança da empresa é a forma como o aparelho foi concebido. O Gripen E é o primeiro avião projetado sem desenhos em papel e sem a manufatura de modelos de peças (tradicionalmente feitas em madeira, metal ou plástico). Cada componente foi desenhado e construído diretamente por meio de computadores. Com isto, os preços de desenvolvimento caíram e os prazos se reduziram.

— O Gripen E é o único projeto de caça da atualidade que foi construído dentro do prazo a um custo acessível — destacou Håkan Buskhe.

Lennart Sindahl e Ulf Nilsson preferiram ressaltar a flexibilidade do avião.

— O projeto do Gripen E nasce a partir da integração do hardware com o software que será empregado no avião — afirmou Sindahl. — Segue uma arquitetura aberta. Nos outros projetos, você incorpora atualizações em prazos fixos, que variam entre cinco e dez anos. No nosso caça, isto pode ser feito continuamente. É o mesmo processo que temos no dia a dia de nossos computadores e telefones celulares. No Gripen, incorporamos novas atualizações em um prazo de 18 meses.

Segundo Ulf Nilsson, “a capacidade de operação em rede amplia consideravelmente a percepção do piloto ampliando sua capacidade de reação.”

A partir da experiência sueca sobre a Líbia, a primeira fora do território nacional, vários desenvolvimentos foram incorporados ao Gripen C, operado hoje por cinco nações. O aparelho, hoje, possui capacidade de voar a baixas altitudes, acompanhando o terreno com segurança, graças a um sistema automático. Além disto, recebeu um datalink aperfeiçoado no padrão OTAN (Enhanced Link 16), outro datalink para missões de combate ao solo, novos mísseis BVR Meteor e bombas de pequeno diâmetro.

— No Gripen E, além destes desenvolvimentos, ainda temos um radar AESA; uma maior autonomia e tempo de permanência sobre o alvo, graças a uma maior carga de combustível e à capacidade de reabastecer em voo, e um sistema avançado de imagem termal por infravermelho (FLIR).

Esta visão diferenciada também será aplicada aos testes de voo do avião. Segundo um dos pilotos de testes da Força Aérea da Suécia, a avaliação será inovadora:

— Tradicionalmente, você avalia os sistemas do avião em fases sucessivas e estanques. Primeiro o motor, depois o sistema de controle de voo etc. Como o Gripen E conversa com o piloto, vamos testar todos os itens simultaneamente para obter resultados conclusivos com menos horas de voo resultando em economia e segurança operacional.

Guerra Fria

O Gripen E foi construído para durar. A ideia é que sirva para enfrentar desafios nos próximos 30 anos. O ministro da Defesa da Suécia, Peter Hultqvist, fez questão de destacá-los.

— Sob a luz dos últimos desenvolvimentos, a necessidade de uma força aérea forte e competitiva ficou cada vez mais evidente — disse Hultqvist. A tensão no Mar Báltico aumentou nos últimos anos. Vemos a Rússia realizar manobras militares de grande porte, exercícios sem aviso prévio e com comportamento agressivo perto de nossas fronteiras. Precisamos ampliar nossa capacidade operacional para estarmos preparados para enfrentar os novos desafios a nossa segurança e os sucessos tecnológicos de nossos oponentes.

O novo projeto, segundo ele, é a resposta adequada a estes desafios. Para o embaixador do Brasil na Suécia, Marcos Pinta Gama, o programa é imprescindível para promover a cooperação comercial entre o Brasil e a Suécia.

— Nossa pauta de exportações para a Suécia está fixada em commodities, como minérios e café. O programa pode servir para abrir exportações de bens de alto valor agregado. Estamos trabalhando nisto.

Segundo o embaixador, a Suécia continua investindo no Brasil

— Cerca de 250 empresas brasileiras estão sob controle sueco e os investimentos não pararam, mesmo com as dificuldades que enfrentamos. Grandes unidades, como a Eletrolux, aproveitando a desvalorização do real, estão redirecionando suas fábricas no país para exportar para a América do Sul e a Ásia.

Ao evento participaram vários representantes de indústrias brasileiras, entre eles: Jackson Schneider, EMBRAER Defesa & Segurança, Sergio Horta, AEL Sistemas, Cesar Silva, AKAER, Jairo Cândido, Grupo INBRA, e Andre Amaro da Odebrecht Defesa.

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