Comentário Gelio Fregapani – Da Guerra e Da Democracia

 

Assuntos: Da Guerra e Da Democracia

Da guerra

A guerra se origina nas diferenças irreconciliáveis de objetivos entre grupos razoavelmente equivalentes e reativos. Deixando de lado a hipocrisia pacifista verificaremos que talvez não haja uma só nação que não tenha conquistado seu território em uma guerra em qualquer momento de sua História.

Como trataremos de guerra entre Estados (Países no jargão brasileiro) recordemos alguns conceitos: Entendemos por “Nação” um grande grupo humano, unido por algumas características comuns que o diferencie dos demais e que se sinta como uma nação. Já um “Estado” pressupõe uma área com um governo soberano, habitada por uma população sob sua jurisdição.

A população pode ser constituída por uma nação, por mais de uma ou até mesmo por um povo que não se sinta como uma nação, mas mesmo nos Estados mononacionais costuma existir alguma parcela diferenciada, chamada de “minorias” quando se sintam parte do Estado e de “quistos” quando não se sintam assim. Em qualquer caso ambas constituem em vulnerabilidades a ser explorada pelos inimigos principalmente em caso de guerra.

Da Guerra Justa

“A guerra é justa, quando necessária”, ensina-nos Santo Agostinho. Como estamos tratando de guerras entre Estados, sabemos que sempre ambos os contendores a consideram indispensável para conseguir seus objetivos ou mesmo apenas para se defender; que elas existem quando há objetivos irreconciliáveis entre forças reativas e que um Estado só começa uma guerra quando estima que pode vencer.

Quando há uma força esmagadora pode nem haver guerra, pois os fortes impõem o que sua força permite e os fracos aguentam o que for necessário para evitar um mal maior.

Plácido de Castro define a guerra como “O tribunal supremo ao qual recorrem os povos que se julgam injustiçados”.

Da Evolução da Guerra

Iniciada uma guerra ela pode evoluir para uma escalada ou descimento, um impasse, a vitória ou a derrota. A vitória acontece quando o inimigo fica sem meios de prosseguir a luta ou quando é quebrada a vontade de continuar.

Ainda que a derrota signifique no mínimo o abandono do objetivo da luta, a vitória militar nem sempre assegura conseguir o objetivo visado pelo estado agressor, por exemplo, a Inglaterra entrou na II Guerra para evitar perder seus mercados para a Alemanha. Venceu militarmente, mas como consequência perdeu seus mercados para os EUA e acabou também perdendo suas colônias.

Tendo em vista os riscos inerentes a uma guerra, os Estados procuram atingir seus objetivos por outros modos, usando de meios diplomáticos, econômicos, fomentando revoluções e o que mais puderem, mas de qualquer forma o emprego do poder militar como instrumento permanente da política nacional é a “ultima ratio” quando os outros instrumentos não forem suficientes.

Da Guerra Suja

Na Geopolítica, como no xadrez, se pensa muitos lances a frente e examina ainda antes da guerra todas as possíveis ações e reações do futuro inimigo para decidir o que fazer e como fazer. As decisões tomadas costumam ser tão certas como a correção das informações disponíveis ou seja, informações erradas conduzem a decisões erradas e para descobrir o poder, o potencial as vulnerabilidades e intenções do inimigos, os Estados dispõem dos Serviços Secretos, onde vale tudo menos ser apanhado.

Esses órgãos, valendo-se da corrupção, da chantagem e das vaidades do inimigo conseguem recrutar traidores que não só fornecem as informações como exploram as vulnerabilidades, criam dissenso entre as minorias, incentivam as rebeliões e sabotam os projetos de desenvolvimento.

Eles sabem que a forma mais fácil de derrotar uma esquadra é impedir que ela seja construída. Isto temos observado ao longo do tempo, enquanto nos “convencem”  a renunciar ao desenvolvimento em função de um falacioso meio-ambiente, nos dividem em povos distintos por etnias, criando divisões antes quase inexistentes, ampliando as divisões e hostilidades entre as classes sociais e para quando nos rebelemos nos impedem de desenvolver qualquer armamento nuclear que possa dissuadi-los de forçar a ceder a seus interesses. Desta forma quebra-se a Vontade Nacional, nada disto seria possível sem alguma conivência das nossas altas esferas governamentais.

Da  Realidade

Na realidade qualquer Estado agirá com a força, quando forem ameaçados seus objetivos mais importantes, sejam justos ou não. No início da civilização, quando um povo necessitava de água, ele a tomaria não interessando o “direito” de seus antigos proprietários. Certo, existe uma diferença profunda entre os objetivos de um Estado não conformado com o “status quo” e um Estado que o queira conservar. Neste último caso se pode atingir defensivamente tão limitado objetivo simplesmente convencendo os possíveis agressores que o preço a pagar seria caro demais.

Aparentemente este é o caso do nosso País, mas não nos iludamos pois as principais ameaças que temos pela frente são muito mais de natureza econômica e de cerceamento do desenvolvimento do que militar.

Da Paz

O final da guerra pode acontecer pela solução das divergências, pelo esgotamento de ambos os contendores, pode ser imposto por uma potência superior e pela vitória ou derrota em combate. Ganha a guerra quem alcança seus objetivos. Somente a vitória militar nem sempre significa ganhar a guerra, mas a derrota militar sempre significa a desgraça. Um pequeno país pode ser forçado a admitir a derrota, mas um grande país que nunca desiste, numa guerra em seu território não pode ser definitivamente derrotado.
 
Que a História sirva de lembrança a quem estiver disposto a usar a força para se apoderar de nossos recursos naturais.

Quanto a Democracia e as Eleições

Para os Estados comunistas (ainda existem?) o governo autoritário e mesmo tirânico é “sine qua non”. Para os demais o desejado é a democracia, a qual assume o status de bem supremo, pelo menos para a imprensa. Entretanto, essa aspiração popular por vezes choca-se frontalmente com a “Pirâmide de Maslow” em suas diversas fases.

Em uma análise fria percebemos que as classes econômicas superiores, se não são hostis a democracia também não são entusiasmadas por ela, gostam mesmo é de oportunidades de negócios e de desenvolvimento pouco importando se existe ou não liberdade de expressão e com outras características típicas de democracias, aliás a libertinagem ou o mau uso de liberdades é tão detestada por essa classe como o próprio socialismo.

Também as classes econômicas mais humildes não são especialmente ligadas à democracia, mas sim a seus empregos e a oportunidades de ascensão social para seus filhos, pouco importa se o governo é autoritário ou não, preferem é ordem para manter sua família. Neste ponto até se assemelham às classes altas. Apenas se diferenciam os excluídos que, por necessidade ou indiferença acompanharão quem lhes oferecer uma pequena soma em dinheiro ou um presente qualquer.

No final observa-se que as classes médias em geral sim, aspiram a democracia, mas no nosso caso a democracia que aspiram não se parece com a democracia que vivenciamos onde a corrupção campeia e a tirania da delinquência submete a população a mais restrições do que mesmo um governo autoritário poderia fazer.

Se esta análise estiver correta pode nos indicar que o Bolsonaro vencerá a eleição no primeiro turno caso não haja turbulência no caminho.  

Que Deus ilumine os nossos caminhos

Gelio Fregapani

Compartilhar:

Leia também

Inscreva-se na nossa newsletter