Bolsonaro na FIESP- O que não foi falado

 

André Guilherme Vieira, Anaïs Fernandes,

Cibelle Bouças e Marli Olmos — De São Paulo

Colaborou Renan Truffi, de Brasília

 

O governo deu um passo importante ontem para aproximar-se das empresas e sacramentar o apoio do setor produtivo à agenda da sua equipe econômica. O presidente Jair Bolsonaro e cinco ministros passaram quatro horas e meia com empresários e altos executivos de grandes companhias nacionais e multinacionais do país em encontro para o lançamento de um grupo organizado pela FIESP para debater os problemas nacionais.

 “Há muito tempo eu não via uma reunião dessas”, disse um dos participantes. A iniciativa ajudou o governo a acalmar dirigentes empresariais preocupados com a alta do dólar e o baixo crescimento do Produto Interno Bruto no ano passado. Num tom cordial, que deu oportunidade a praticamente todos os presentes de expor inquietações, os representantes do Executivo mais ouviram do que falaram.

O evento de lançamento do chamado Conselho Superior Diálogo pelo Brasil foi fechado para a imprensa e sem transmissão dos discursos do presidente. A reunião começou às 10h na sede da Fiesp com as exposições dos empresários, muitas explicações do ministro da Economia, Paulo Guedes, e comentários de Bolsonaro.

Na hora do almoço, em torno das 12h30, o microfone continuava circulando para não deixar ninguém de fora. A representantes de gigantes como Nestlé, Santander, Gerdau, Embraer, Whripool, Ambev, Vivo, General Motors e Accord, entre outros, Guedes pediu para olhar o resultado do PIB com cautela “porque sempre aparece uma revisão do índice” por volta de setembro. O ministro disse não estar preocupado com o resultado do PIB, que registrou alta de apenas 1,1% em 2019, a menor taxa desde o fim da recessão. Quanto à crescente desvalorização do real, o ministro apontou a queda de juros como um dos fatores que provoca a alta do dólar acima de patamares desejados pelos exportadores. Segundo ele, a cotação vai se ajustar, mas num novo patamar.

No encontro, falou-se de forma genérica sobre possíveis parcerias da iniciativa privada com o governo para buscar soluções em áreas estratégias, como infraestrutura e meio ambiente. Mas Bolsonaro queixou-se sobre “sua margem de ação limitada pelo Congresso”. Citou, como exemplo, a Medida Provisória dos balanços, editada por ele em agosto e derrubada pela Câmara dois meses depois.

Os executivos mostraram seu apoio. O presidente do Google Brasil, Fábio Coelho, ofereceu ao governo estrutura para criar uma plataforma digital destinada à educação na internet e o presidente do conselho da Duratex, Saulo Seibel disse a Bolsonaro acreditar que “o Brasil vai mudar com o senhor”. Um executivo que participou do encontro disse que o governo “demonstrou interesse em identificar oportunidades e destravar gargalos, para alavancar o crescimento econômico”.

Para ele, o presidente e ministros procuraram proximidade com o setor privado, “dando abertura para escutar os pontos de interesse da indústria”. Guedes também deixou claro o interesse do governo em avançar nas reformas. Disse que enviará a reforma tributária na próxima semana e também prometeu, para breve, encaminhar a reforma administrativa. À vontade com a plateia, Guedes falou muito mais do que Walter Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Jorge Antonio de Oliveira Francisco (Secretaria-geral da Presidência)

À saída da reunião, líderes do setor produtivo ainda demonstravam entusiasmo com o encontro. “É muito importante o governo estar próximo do setor privado e trazer a pressa e o pragmatismo que vimos hoje”, afirmou Jerome Cadier, presidente da Latam Brasil. “Estávamos precisando de uma reunião como essa”, destacou outro dirigente de empresa. Também Bolsonaro mostrou-se satisfeito com o resultado. Na transmissão de uma “live”, no fim do dia, destacou: “Tivemos um encontro com empresários em São Paulo, Estava ali o Paulo Guedes [ministro da Economia]. Remarcamos uma nova reunião em junho. Vamos levar uma solução para aquilo que foi apresentado. Eles [empresários] estão felizes com a economia do Brasil. Nunca sentiram tanta confiança no trabalho do governo no tocante à economia”, afirmou. O conselho pretende reunir-se a cada três meses. A proximidade de governo e empresariado em torno da agenda econômica tinha motivos de ser bem-sucedida, segundo o executivo de uma multinacional. “Aqui ninguém é contra abertura econômica ou reformas”, disse.

Nos bastidores, os executivos dizem que não levam muito a sério os embates de Bolsonaro com a imprensa. Consideram que esse é “o estilo” do presidente. Mas alguns deles contaram, mais tarde, que Bolsonaro sugeriu aos representantes de empresas presentes no encontro da Fiesp que deixem de anunciar na imprensa tradicional. Segundo fontes, o presidente sugeriu que as companhias que eles representam anunciem em veículos “que não tenham olhar crítico sobre o governo”.

 

Análise DefesaNet

Diz a cultura da Máfia que os inimigos não aparecem em nas reuniões.

Assim ao ler a lista das 40 empresas, aparece o inimigo, que se autodeclara, pela pela sua ausência.

O Grupo Itau-Unibanco, conduzido por Fernão Bracher como CEO da Holding e os herdeiros Roberto Egydio Setúbal e Pedro Moreira Salles como gestores.

O Itaú é a organização que vem conduzindo uma agressiva ação especulativa contra o Real, na tentativa de forçar o governo a aumentar a taxa SELIC e assim dar uma guarida segura para a administração do Grupo Itaú.

Qual a razão dos grupos Santander e Bradesco estarem na reunião e o Itaú não?

O ministro da Economia Paulo Guedes tem sido tíbio em agir contra a pressão do sistema financeiro.

 

Além disso financia ativamente os atos contra o governo Bolsonaro. O apoio através de familiares como o recente filme Democracia em Vertigem, da cineasta Petra Costa.

O Editor

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