Grupo de Puebla: Nova estrutura substitui o Foro de São Paulo para a retomada do Poder

Nelson F Düring
Editor-Chefe DefesaNet

Discretamente, 10 dias antes da XXV Reunião do Foro de São Paulo, realizada em Caracas, na cidade de Puebla, México, foi criada a nova organização, que substituiu o carcomido Foro de São Paulo. 

Criado em 1990, na cidade de São Paulo, para buscar formas de apoiar financeiramente Cuba, após o debacle Soviético, serviu de base para que a esquerda tomasse o poder na maioria dos países da América Latina, em especial os mais relevantes, incluiu: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Venezuela.

Após a perda do poder na maioria dos países e sem fontes de financiamento, que provinham do Chavismo com os petrodólares da Venezuela e do sistema de corrupção montado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) no Brasil a esquerda trabalhou uma nova estrutura.

O Relatório Otálvora, publicado neste Sábado (19OUT2019) detalha:

“De acordo com sua primeira declaração, o Grupo de Puebla pretende “construir um novo projeto comum, aprendendo com nossos erros e recuperando nossa vocação de maiorias e de governo”.

A escolha do local, é icônica pois marca os 40 anos da III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano (27JAN a 13FEV1979), realizado em Puebla de los Angeles, México.   A Conferência de Puebla teve forte influência do Cardeal Aloisio Loscheider,  arcebispo de Fortaleza, e então presidente da CNBB e também presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano.

A Conferência de Puebla marcou a participação da igreja católica na política da da América Latina nas próximas décadas. Realizado logo início do pontificado de João Paulo II este pouco pode fazer para bloquear o avanço da Teologia da Libertação. A Teologia da Libertação foi banida da Igreja Católica, em 1984.

Entre os fundadores do Grupo de Puebla há políticos da América Latina e da Espanha:

México – Cuauhtémoc Cárdenas;

Argentina – Alberto Fernández (atual candidato à presidência), Jorge Taiana e Felipe Solá;

Chile –  Marco Enríquez-Ominami, Alejandro Navarro e José Miguel Insulza;

– Brasil – Lula da Silva, Dilma Rousseff, Fernando Haddad e Aloizio Mercadante;

– Colômbia – Ernesto Samper e Clara López;

– Paraguai –  Fernando Lugo;

Equador  – Rafael Correa e Gabriela Rivadeneira;

República Dominicana – Leonel Fernández, e .

– Espanha José Luis Rodríguez Zapatero,

Para Otálvora, o PT brasileiro, o Kirchnerismo argentino, o Correismo equatoriano e os socialistas chilenos são o centro do Grupo de Puebla.

O pesquisador venezuelano Pedro A. Urruchurtu publicou uma longa thread em sua conta do twitter (@Urruchurtu),  que vale a pena ver, publicamos alguns pontos:

– Já ouviu sobre o Grupo de Puebla? O que é chamado de “protestos sociais”, tem intereses obscuros por trás: acabar com o Grupo de Lima/Desestabilizar a região.

–  Reúne “líderes progressistas”, de mais de 10 países da América Latina e Espanha com o tema “ProgresivaMente”.

– Entre seus objetivos está a formulação de propostas progressistas baseadas em valores democráticos, estado de direito, redistribuição de renda, inclusão social, mudanças climáticas, um “espaço de coordenação política” para gerar mudanças sociais, sem partidos, mas com líderes (?).

– Reafirmaram  sua vocação para o diálogo e pela paz, sendo estas as únicas saídas para a Venezuela, rechaçam a “perseguição” contra Lula da Silva, entre outros.

– Se pronunciaram contra Duque, contra Bolsonaro, contra Lenín Moreno e tem negado a possível ativação do TIAR no conflito venezuelano. Sua ações vão direto contra o Grupo de Lima e o bloqueio democrático na OEA. Seu fim e extermirnar ambos.

– Debe-se referir a este grupo e também mencionar o Foro de Sao Paulo? Muitos percebem como substituição do Foro e o  rejuvenescimento do mesmo, para preparar o retorno da esquerda ao Poder

Aquí o grande diferencial do Grupo de Puebla. É uma organização que está adaptada para agir em todos os campos: publicamente, nas sombras e em especial na mídia. Os recentes “conflitos sociais” no Equador e no Chile já mostram o perfil traçado para a organização.

No Brasil estão alinhadas as tradicionais publicações da esquerda: DCM, Brasil 247 e Carta Capital entre outros. No exterior relevantes: o espanho El Pais, a bolivariana TeleSur e o sistema Russo de Guerra Hibrida baseado no RT e Sputnik.

Analistas internacionais têm alertado DefesaNet que a Rússia não planeja abandonar e menos ainda mudar o status em relação com o Venezuela.  Portanto “o Grupo de Puebla” será uma engrenagem na máquina de desinformação (Fake News) do Kremlin na região.

Ao mesmo tempo introduz na região a GUERRA HÍBRIDA, queiram ou não os militares, o Sistema Brasileiro de Inteligência e a catatônica Escola Superior de Guerra (ESG).

As ações empreendidas pelo Grupo de Puebla no Equador como reportados pelo Relatório Otálvora são alarmantes:

“O objetivo de Correa era criar mecanismos para mobilizar grupos organizados em direção às ruas de Quito para proteger o palácio presidencial e enfrentar com violência potenciais grupos de oposição. Desde os “centros de la Revolución Ciudadana”, Correa aspirava mobilizar mais de dez mil militantes em duas horas.”

“Na capital equatoriana e em outras cidades, foram registradas ações de grupos claramente organizados, desvinculados do movimento indígena, que mostravam táticas de combate urbano em seus confrontos com policiais e órgãos militares destacados pelo governo. Segundo a versão oficial equatoriana, os grupos violentos estavam diretamente ligados ao correismo.”

Qualquer adaptação cabocla de grupos criminais agindo com motivação política seria uma realidade dantesca impossível de ser avaliada.

Fontes policiais do RJ e SP mencionam, que os grupos ligados ao tráfico, chamam a sí mesmo como “tropa” e se portam como “paramilitares”. Funkeiros e MCs adotam o termo em suas composições.

Surge também em um campo inédito a Justiça, incluindo o Lawfare, o uso do sistema judicial como arma de guerra poítica e económica. O Grupo de Puebla criou o “Consejo Latinoamericano de Justicia y Democracia” (CLAJUD), para reestabelecer a Justiça Social e o Estado de Direito.

O protagonismo do Supremo Tribunal Federal (STF) cumpre atualmente a parte que lhe cabe nesta nova estrutura seguindo as instruções emanadas desde o Grupo de Puebla, via Curitiba.

Alberto Fernández, caso eleito presidente na Argentina, será líder do grupo e por isto convocou a próxima reunião em seu país. Assim, retirará a Argentina do Grupo de Puebla, asumirá posições alinhadas ao México e Uruguai no caso da Venezuela e representará a nova esquerda.

Por último como financiar uma organização tão sofisticada e drenadora de recursos como o Grupo de Puebla?

No ítem 7 Princípios de Ação, da Declaración de Puebla consta:

“diseñar iniciativas efectivas para acabar con el narcotráfico, brindando seguridad y protección a la ciudadania con políticas que promuevan la integración y la convivencia como base para la paz social.”

O que é evidentemente uma falácia. Logo um dos maiores obstáculos ao “Grupo de Puebla” no momento é o Ministro Sergio Moro. Uma das felizes equações inesperadas e que surpreendeu foi a performance do Ministro Sergio Moro como executivo e coordenador das atividades dos órgãos policiais. Está implodindo as rotas do narcotráfico assim como contrabando e ilícitos.

Por isso o CENTRÃO, a imprensa protegida pelo STF e áreas narcotistas do Judiciário necessitam do urgente afastamento do Ministro Sergio Moro.

O atual governo não tem estratégias mínimas para enfrentar ao proposto pelo Grupo de Puebla:

–  Lawfare

–  Guerra Híbrida

–  Guerra Informacional

–  Ações de Gangues criminais organizadas com objetivo político

–  Entorno geográfico hostil politicamente

–  Manter ruma estratégia frente à Rússia

–  Qual a posição em relação à China

Para a Declaração da Formação do Grupo de Puebla acesse:

O site do Grupo de Puebla – http://progresivamente.org/

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