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André Luís Woloszyn
Analista de Assuntos Estratégicos
Já não bastasse a radicalização política e ideológica que dominam qualquer tema discutido por meio das redes sociais, o país vem sofrendo constantes ataques de factoides criados como estratégia para intimidar e causar pânico em segmentos específicos da sociedade, notadamente, parlamentares e autoridades de alto escalão do governo, superdimensionados, pela ampla exposição na mídia nacional.
Em alguns casos, acarreta confrontos entre os poderes constituídos da república, com o objetivo de fragmentar ideias e o seu consequente enfraquecimento.
Os exemplos deste contexto são variados. Dos hackers que grampearam mil telefones de autoridades públicas, o que é tecnicamente improvável pelos meios disponíveis, às ameaças de um suposto grupo terrorista de natureza eco-extremista que pretende atentar contra a vida do Presidente da República e ministros, com um perfil e modus operandi criado a partir dos grupos terroristas extremistas islâmicos, porém uma cópia grotesca. Existe ainda, o jornal on-line,
The Intercep Brazil, uma espécie de Wikileaks brasileiro, que vem causando terror permanente em segmentos da sociedade com base na divulgação de mensagens de natureza privada e sigilosa, com potencial para grandes polêmicas e escândalos políticos.
Esta pressão psicológica constante pode explicar, em parte, as inúmeras decisões governamentais adotadas que, em um curto período de tempo são revistas, classificadas como precipitadas, levando a percepção da população de que não há o tradicional e democrático diálogo entre os poderes, tampouco uma unidade em torno da figura presidencial.
Sem sombra de dúvidas, estamos diante de uma estratégia complexa que tecnicamente não pode ser desencadeada aleatoriamente por indivíduos aqui ou acolá. Também não pode ser considerada terrorismo uma vez que não possui o fator condicionante do uso ilegal da violência e força, embora se encaixe em outras características como alvos seletivos, intimidação, insegurança permanente e terror ou pânico.
Também deve ser observado o concentrado foco na Amzônia. Amplificado na mídia interna como uma crítica ao governo Jair Bolsonaro. Porém, deve-se olhar com uma visão geopolítica muito mais ampla,
Sendo assim, trata-se de uma ampla campanha de desinformação sistemática, criada a partir de um cardápio de factoides direcionados a desgastar instituições e personalidades da vida pública por meio do descrédito, levada a efeito por uma organização com objetivos políticos e provavelmente econômicos.
O resultado desta campanha pode ser tão nefasta quanto o terrorismo em larga escala. Ao longo do tempo, acarreta em corrosão do regime democrático e fomenta maior radicalismo a ponto de impedir qualquer debate futuro sobre temas de relevância para o país, pela desconfiança acerca dos motivos ocultos que levam grupos políticos a promovê-los.