Nota DefesaNet
Traduzimos este texto do Gen Ex Pinto Silva para atender em especial aos nosso leitores internacionais para ajudá-los a entender o complexo sistema político-social brasileiro. Army General Pinto Silva – Methods for destabilizing the new Brazilian government DefesaNet Link O editor |
Gen Ex Carlos Alberto Pinto Silva
General de Exército da reserva / Ex-comandante do Comando Militar do Oeste,
do Comando Militar do Sul, do Comando de Operações Terrestres,
Membro da Academia de Defesa e do CEBRES.
CENÁRIO: “A esquerda foi derrotada nas eleições presidenciais de outubro 2018 e encontra-se dividida em função das ações políticas radicais do Partido dos Trabalhadores. A “Via Pacífica” para a conquista do poder desmoronou, permanecendo, ainda, a opção de ser usada a aplicação da doutrina do Gene Sharp em uma primeira fase (Preparação) e/ou a guerra híbrida em seu modo soft (forma não violenta: protestos, manifestações sindicais, uso dos movimentos sociais) para a tomada do Poder, ou em seu modo hard (forma violenta para a tomada do Poder). Tudo indica já ter sido escolhido, no passado, o segundo estilo, devido a violência nas manifestações e protestos de 24 de maio de 2017 e as reações da militância à prisão de Lula.
HISTÓRIA: Para a revolução ser vitoriosa não bastam a indignação e a revolta popular. É preciso, antes de tudo, que o movimento de massas seja guiado por uma teoria revolucionária e dirigido por uma vanguarda organizada.
Em sua “teoria do murro no paralítico” Lenine prescreve a desagregação da máquina do Estado, antes do golpe de força. Trata-se de aumentar a indecisão governamental e de “apodrecer” as instituições e os grandes órgãos do Estado. “Todos os meios são bons, se conduzem ao fim”
REALIDADE- A situação vivida, na atual conjuntura brasileira, indica que estão acontecendo atividades de guerra híbrida no Brasil, visando a conquista do Poder, portanto, já não se trata de uma teoria, mas, sim de uma afirmação. Senão vejamos:
– “Um eventual governo Bolsonaro pode reagir mal a manifestações de oposição e ameaçar a democracia, por um processo que não sabemos onde pode terminar;”
– denúncias nos órgãos multilaterais (ONU, OEA, e etc.) denegrindo autoridades, propostas do novo governo, e as atividades do Poder Judiciário;
– uso das redes sociais para denegrir o país na área internacional;
– retirada abrupta dos médicos cubanos pelas autoridades de Havana, com a intenção de auxiliar a uma oposição radical na luta para desestabilizar o novo governo. “Ministro diz que retirar médicos cubanos do país foi “decisão hostil”;
– ativismo de minorias (Quilombola, Indígenas, MST, o MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, LGBT);
– articulação na política internacional, como a retomada de Dilma de sua rotina de viagens internacionais para detonar o Brasil às custas do contribuinte;
– utilização violenta de paramilitares, táticas terroristas, conexões com traficantes de drogas e criminosos , insurgência urbana, com a intenção de desestabilizar o governo, de desmoralizar as autoridades constituídas, os órgãos de segurança pública, e atemorizar a população;
– possibilidade de ações de agroterrorismo, e,
– probabilidade de atentado contra o presidente eleito.
– Guerra Psicológica Midiática realizada pela grande mídia (Televisada e escrita). Esses experts se aproveitam do fato midiático, obtido por intermédio do emprego planejado da propaganda e da ação psicológica, para direcionar a conduta das pessoas contra o novo governo. Segundo J.R. GUZZO no artigo “Resistentes”: “Não se trata simplesmente de fazer oposição. Trata-se de anunciar ao Brasil que os derrotados não aceitam o resultado estabelecido pelos eleitores; não valeu, dizem eles, porque só a gente tinha o direito de ganhar… pois não dá para ninguém pensar a sério, realmente, que o Sistema Lula-PT-Esquerda vá resistir a alguma coisa gritando “Bom dia, presidente Lula”, na frente da cadeia de Curitiba… é como se Bolsonaro tivesse perdido as eleições e o PT tivesse ganhado… . Na mesma emissora, uma apresentadora subiu um degrau a mais no “nível de lutas”, como se diz, e falou na necessidade de sabotagem. “Vamos sabotar as engrenagens deste sistema de opressão”, pregou ela no ar. “Vamos sabotar este sistema homofóbico, racista, patriarcal, machista e misógino.”
É impossível falar de desestabilização de governos e descrédito de autoridades sem mencionar o nome de Gene Sharp, e a teoria do caos.
O pensador estadunidense defende em sua obra a luta não violenta, travada em diversos campos como o social, político, econômico, psicológico e conduzida pelas camadas populares ou mesmo por instituições. O processo ocorre através de protestos, greves, boicotes e marchas. Com uma única meta: a subversão da ordem, a derrocada de determinado governo. ONGs insuflam a população contra o governo, que saem para a rua de forma “espontânea” e pelos valores “democráticos”.
As revoluções coloridas na Ucrânia; na Eurásia, em países da antiga União Soviética; e a primavera Árabe consistem em grandes exemplos dos ensinamentos de Sharp. Essas “revoluções” sempre começam com os pretextos de combater a corrupção, a fraude eleitoral, a agressão ao meio ambiente e mesmo de pautas sociais, como aumento da passagem no transporte público.
No Brasil a existência de um partido de massas facilitaria a aplicação da doutrina de Gene Sharp, na primeira fase (Preparação) das atividades de Guerra Híbrida para a tomada do Poder.
“Especialistas ligados às ciências humanas, identificam o “dedo do caos” em revoluções políticas, em transformações econômicas e na modificação de costumes e regras morais.”
As atividades de Guerra Híbrida, para a desestabilização de um governo, podem ser interpretadas como a utilização da teoria do caos, visando a tomada violenta do poder.
A Violência preparada para exercer um fim fundamentalmente político, ou qualquer tipo de agressão organizada que procura causar dano, visando a interesse político, leva a atividades de Guerra Híbrida, nova via violenta para a tomada do poder, cuja campanha de preparação (Resistência não violenta de acordo com os seus adeptos) articula-se em um processo que abrange da busca do apoio externo, “apoio à insurgência”, ao “aumento da insatisfação por meio de propaganda e esforços políticos e psicológicos para desabonar o governo”, destacando-se também o papel central de mobilização desempenhado por algumas ONGs, sindicatos, movimentos sociais, organizações estudantis e pela mídia. Conforme cresce a insurreição, cresce também a “intensificação da propaganda; e a preparação psicológica da população para a luta armada”.
É imprescindível a atenção e a participação da sociedade no momento político e social que o Brasil está vivendo, para que as ações contra o novo governo não possam passar despercebidas na busca de seus objetivos, e provavelmente adquirir uma posição política vantajosa antes que as novas autoridades e a sociedade possam perceber a situação e reagir para se contrapor a essa atividade.
É de grande importância criar novas estratégias de Defesa do Estado Democrático de Direito, justamente porque a nova realidade da luta pelo Poder não se alinha com as antigas fronteiras de relacionamento de poder existente, alterada com a mudança de foco dos conflitos com o surgimento da Guerra Híbrida.
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