O Irã negou nesta segunda-feira a presença de militares do corpo especial dos Guardiões da Revolução entre os 48 peregrinos iranianos sequestrados no sábado na Síria, como afirmaram os rebeldes que os capturaram.
O governo iraniano, que tratou com grande reserva o caso e se limitou a apontar suas conversas com Síria, Turquia e Catar para conseguir a libertação dos sequestrados, reagiu de forma irada perante a informação que há militares entre eles e qualificou de irresponsáveis os meios de comunicação árabes que a divulgaram.
Neste domingo, o grupo rebelde armado Exército Livre Sírio (ELS) disse que entre os sequestrados havia vários membros dos Guardiões da Revolução do Irã, em um vídeo divulgado pela emissora de televisão Al Arabiya, que mostrava imagens dos capturados.
Supostos membros do grupo rebelde sírio diziam no vídeo que os sequestrados eram paramilitares do regime sírio e que, entre eles, havia membros dos Guardiões, corpo militar especial de defesa da República Islâmica do Irã.
O vice-ministro de Relações Exteriores do Irã para Assuntos Árabes e Africanos, Hussein Amir Abdolahian, desmentiu taxativamente que os sequestrados sejam militares e acusou os seqüestradores de terem executado "um plano premeditado" para capturar peregrinos iranianos perto de um santuário muçulmano xiita nos arredores de Damasco.
Em entrevista divulgada hoje pela cadeia oficial de televisão iraniana em língua árabe Alalam, Abdolahian explicou que "o ônibus que transportava os peregrinos iranianos entrou na Síria sob o controle e coordenação da Organização de Peregrinações do Irã".
Em fevereiro passado, após vários sequestros de cidadãos iranianos na Síria, Teerã anunciou que estavam proibidas as viagens por terra de peregrinos iranianos a esse país. No entanto, das declarações posteriores é possível deduzir que foram organizadas viagens em ônibus sob o controle das autoridades iranianas para grupos de peregrinos, como os 48 sequestrados no sábado.
Desde o dia do sequestro, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Ali Akbar Salehi, se mobilizou para pedir a seus colegas catariano, xeque Hamad bin Jassim al-Than, e turco, Ahmet Davutoglu, que façam todos os esforços possíveis para ajudar na libertação dos 48 peregrinos iranianos.
Tanto o ministro da Turquia como o do Catar, cujos países respaldam a oposição síria, prometeram, segundo a agência Irna, tomar medidas urgentes para fazer com que os peregrinos iranianos sejam libertados.
As autoridades turcas já intermediaram a libertação de 27 dos pelo menos 32 cidadãos iranianos capturados na Síria desde dezembro passado por grupos armados opositores ao regime de Damasco, antes do novo sequestro de sábado.
Comentaristas políticos e diplomatas ocidentais residentes em Teerã disseram à agência EFE que este sequestro pode aumentar ainda mais a tensão entre o Irã, aliado fiel do regime de Damasco, e os países que respaldam os rebeldes sírios que pretendem derrubar ao governo do presidente sírio, Bashar al-Assad.