As forças dos Estados Unidos deixarão de ter papel de liderança nas operações de combate no Afeganistão no ano que vem, mas continuarão apoiando as forças locais nas suas missões, segundo um plano anunciado pelo secretário de Defesa, Leon Panetta, que surpreendeu os aliados e preocupou os afegãos. Panetta disse a jornalistas na noite de quarta-feira que os EUA vão continuar "prontos para o combate" ao desmobilizarem aquela que já é a mais longa guerra da sua historia, assumindo tarefas de treinamento e assistência à espera de que em 2014 as forças afegãs assumam completamente a responsabilidade pela segurança.
"Nossa meta é completar toda essa transição em 2013, e então tomara que até meados para o final de 2013 possamos fazer uma transição do papel de combate para o de treinamento, assessoria e assistência", disse Panetta. Essas declarações, poucas horas antes de uma reunião de ministros da Defesa da Otan, foi interpretada por alguns críticos e aliados como um sinal de que as forças dos EUA não se envolverão mais em combates após 2013, ou que anteciparão a retirada das suas forças. Mas uma fonte de Defesa dos EUA negou que seja o caso. "De agora até o final de 2014 estamos preparados para nos envolver em combates, estejamos nós ou os afegãos na liderança", disse a fonte.
Os EUA comandaram a invasão ocidental ao Afeganistão em 2001, e mantêm cerca de 90 mil de um total de 130 mil soldados estrangeiros no país. Fontes da Otan salientaram que, embora esses prazos não tenham sido explicitamente divulgados antes, uma transição para o controle afegão necessariamente deveria começar até meados de 2013, já que o processo leva 12 a 18 meses. O diretor da CIA, David Petraeus, disse numa audiência parlamentar que as declarações de Panetta estão sendo "analisadas em excesso".
Mas, em Cabul, um alto funcionário governamental disse que o plano anunciado por Panetta "joga fora todo o plano de transição". "A transição foi planejada diante de um cronograma, e isso nos faz apressar nossos preparativos", afirmou. "Se os norte-americanos se retirarem do combate, isso certamente terá efeito na nossa preparação e treinamento, e na equipagem da força policial."
Panetta conversou sobre os planos com os ministros da Otan, inclusive com seu colega alemão, Thomas de Maiziere, que disse ter "acompanhado com surpresa o debate das últimas horas". De Maiziere e o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, disseram posteriormente que nada mudou no plano da Otan, e o ministro britânico da Defesa, Philip Hammond, afirmou que os aliados estão "na verdade todos no mesmo lugar".