Nelson During
Editor-Chefe DefesaNet
A visita do Ministro da Defesa Celso Amorim à Venezuela, nos dias 24 e 25 de Janeiro, tem muitas nuances, que vão além da uma visita de trabalho ou mesmo de um intelectual que apresentaria um trabalho no Instituto de Altos Estudos de Defesa Nacional da Venezuela.
Recebido na pista do aeroporto de Caracas pelo seu colega venezuelano Gen Rangél Silva e o próprio Chanceler Nicolás Maduro.
Do aeroporto foram ao mítico Forte Tiuna para um encontro com o próprio presidente Chávez. Após um chá de banco de só 4 horas Amorim foi recebido por Chávez as 22:00 Horas, não se tem a hora do término da reunião.
Logo no inicio do dia um café da manha com o alto comando das FANB (Fuerza Armada Nacional Bolivariana). Novamente em todos os momentos a presença do chanceler Maduro.
Temos um conjunto de temas muito importantes para analisar, sendo o principal deles a formação e a consolidação do Conselho de Defesa Sul-Americano, e depois também a cooperação bilateral Venezuela-Brasil", indicou Chávez a jornalistas.
Outro dos temas a serem tratados na reunião será a paz e a unidade das nações do sul, refiriu Chávez, que citou Simón Bolívar, afirmando: "La paz, mi puerto es la paz".
Além dessa retórica Chavista, qual era a agenda de Amorim?
O Ministério da Defesa é evasivo. Busca-se com a Venezuela um acordo similar ao já assinado com a Colômbia para as áreas de fronteiras. Porem a resposta parece vir do chanceler brasileiro Antonio Patriota, diretamente de Davos, na Suíça.
Ao responder sobre a agenda da Presidente Dilma em Havana, visita que inicia na segunda-feira 30 Janeiro, Patriota pelo menos esclareceu o que ela não fará. A situação dos direitos humanos não consta da pauta. “Não é emergencial”, disse o chanceler.
O que é emergencial então? Podemos aventurar:
1 – a sucessão dos Castro em La Habana e o futuro do regime em Cuba;
2 – a nebulosa situação da saúde de Hugo Chavez Frias que torna a eleição presidencial no próximo outubro, na Venezuela, uma loteria;
3 – a fragilização política de Cristina Kirchner ao implementar os ajustes econômicos feitos na correção do desvarios eleitorais;
4 – a economia argentina que se esvai com seca no campo e a evasão crescente de capitais;
5 – a Malvinização (Falklands) da política como uma tentativa de desfocar a opinião pública. O receio de um ato aloprado por parte da Argentina, e, ;
5 – o Luguismo que agita sua bases de carperos (MST local) contra os brasiguaios no Paraguai.
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Mais assuntos como a fragilização de outros parceiros do Foro de São Paulo (Bolívia e Equador). Pelo visto esta é a agenda secreta, que Amorim levou para ser discutida com Chavez, na noite de 24 Janeiro, o real motivo de sua visita a Caracas.
A presença do chanceler Nicolás Maduro, em todos os eventos de Amorim em Caracas, transcende a fidalga cortesia de um colega diplomata.
Como militar na delegação brasileira estava um constrangido e deslocado Brigadeiro Mendes. Porém vários assessores civis alinhados com as diretrizes políticas do Planalto.
Há dois anos o autor perguntou ao então chanceler Amorim uma opinião sobre Chávez. O que recebeu foi um sorriso maroto e a frase: "Chávez é um longo assunto".