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Análise: Troca de acusações deve esfriar ainda mais relações Rússia-EUA

As mais recentes acusações do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, contra a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, devem esfriar ainda mais as relações entre os dois países, que os presidentes Barack Obama e Dmitry Medvedev não conseguiram recolocar nos trilhos.

Nesta quinta-feira, Putin acusou os Estados Unidos de incentivar os protestos contra os resultados das eleições parlamentares no país, e a secretária Hillary Clinton, especificamente, de "dar o tom para alguns ativistas da oposição".

Putin, que já confirmou que se candidatará à Presidência russa em março, afirmou que os manifestantes têm direito a se expressar, mas que, se houver qualquer ato ilegal, "as autoridades pedirão a aplicação da lei".

Cerca de mil pessoas foram presas em Moscou em três dias de protestos contra o que dizem ser uma fraude eleitoral.

Novos protestos foram convocados para o sábado.

O premiê russo acusou os manifestantes de agir "de acordo com um cenário bem conhecido e com seus próprios interesses políticos mercenários".

"É inaceitável que dinheiro estrangeiro esteja sendo injetado no processo eleitoral (russo)", disse Putin.

"Precisamos pensar em formas de defender nossa soberania da interferência vinda do exterior."

Troca de acusações

No início da semana, Hillary Clinton disse nutrir "sérias preocupações" com a conduta das autoridades russas durante o pleito e reforçou o apoio dos EUA "aos direitos e aspirações do povo russo".

"Expressamos nossa preocupação, que achamos bem fundamentada em relação à condução das eleições", ela afirmou.

Em resposta, o chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que o fórum utilizado por Hillary – um encontro da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) na Lituânia – não era o mais apropriado.

O correspondente da BBC em Moscou Steve Rosenberg disse que os próprios assessores de Putin já haviam indicado que o premiê se tornaria mais hostil à influência do Ocidente na região que um dia foi considerada o seu "jardim".
 

As revoluções na Geórgia, Ucrânia e no Quirguistão, países da antiga órbita soviética, convenceram Putin de que a Europa e os Estados Unidos estão financiando e incentivando mudanças de regime na região, afirmou Rosenberg.

"Obama e Medvedev tentaram refundar as relações entre os Estados Unidos e a Rússia, mas essa refundação fracassou", afirmou o repórter da BBC.

"Várias discussões têm separado os dois países – por exemplo, em relação aos planos americanos de criar um sistema de defesa antimísseis para a Europa, coisa que a Rússia vê com uma ameaça."

Nesse sentido, as declarações de Putin sobre Hillary devem "esfriar" ainda mais os laços bilaterais, avaliou o repórter.

'Problemas sérios'

Observadores da OSCE expressaram na segunda-feira sua preocupação com "problemas sérios com o processo de contagem" de votos na eleição parlamentar russa.

Os observadores indicaram que pode ter havido irregularidades tais como a falsificação de votos em determinadas urnas.

O único grupo de monitoramento eleitoral independente da Rússia, Golos – que recebe financiamento europeu e americano –, registrou 5.300 queixas de supostas violações eleitorais.

O website do grupo foi hackeado, a organização foi multada no equivalente a cerca de R$ 1,6 mil e seu chefe foi detido por várias horas no domingo.

Os resultados divulgados pelas autoridades eleitorais indicam que o partido Rússia Unida, de Putin e de Medvedev, perdeu boa parte do seu apoio eleitoral, mas manteve uma ligeira maioria no Parlamento russo.

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